Não se trata de defender a intocabilidade da mídia brasileira, porque ela também é pecaminosa. Mas não se pode negar a verdade: se não fosse a imprensa livre, com todos os seus defeitos, até hoje não se ficaria sabendo o que se passava no subterrâneo da política nacional. Pois, devido à cobertura profissional dessa mídia investigativa e informativa, tão excomungada pelos sectários representantes do partido do governo, foi possível a sociedade se inteirar do maior escândalo da política nacional: o mensalão.
Para que serve o Judiciário brasileiro? Não é para julgar os malfeitos, os atos irregulares, as chantagens, as ofensas, as calúnias, as injúrias etc.? Se a imprensa se comportar mal, cabe aos ofendidos procurar a Justiça. É assim que deve funcionar. O que não pode é prevalecer o autoritarismo de facções políticas, partidárias ou da imprensa esquerdista, interessadas em mascarar a notícia.
Trata-se de um grande equívoco alguém de sã consciência julgar que a imprensa ou algum setor da sociedade sejam intocáveis. Só que o foro regular para resolver os excessos ou as ilicitudes porventura cometidas não é a arena política e sim o Judiciário.
Portanto, no Estado Democrático de Direito, ninguém pode ser impedido de manifestar-se, cabendo aos que se sentirem prejudicados procurar os tribunais competentes para resolver as suas pendengas, pois a passividade de manifestação só pode interessar aos que não querem ouvir a verdade.
Júlio César Cardoso
Bacharel em Direito e servidor federal aposentado
Balneário Camboriú-SC