Gabinetes e alcovas

De novo a Casa Civil, de novo Antônio Palocci. Além do tempo e espaço, o governo federal e petista, repete os mesmo crimes, com nomes e locais previamente acertados. Tudo atrás de bons proventos, tendo os olhos cúmplices do presidente e da presidenta, que se limitam a dizer que nada viram, nada sabiam.
Palocci não enriqueceu vendendo consultoria passadas, conhecimentos, análises e experiências. Mas sim, vendendo decisões futuras, acertando nos corredores do Congresso Nacional as comissões e publicações, o tráfico apadrinhado e consentido. Uma corrupção branca, velada, que faz com que as pessoas enriqueçam em 20 vezes ou mais em muito pouco tempo de trabalho e prestação de serviços escusos. Isso tudo leva um governo inteiro a uma corrupção passiva, pois ela é feita e vem do alto, de cima para baixo, colocando uma máquina oficial a serviço de interesses privados.
Como Roberto Jefferson declarou diante de outro escândalo, que enriqueceu muitos, ‘a Casa Civil é a anti-sala do poder, a sacristia da presidência da República'. No entanto, ela está contaminada, com a corrupção estendida em sua porta, no andar de cima.
Foi por essas manhas e artimanhas que um médico sanitarista, prefeito de uma cidade do interior paulista, tornou-se ministro da Economia, uma área tão específica e abrangente. Lá, aprendeu bem a contabilizar números e ver como é rendosa a atividade de ministro de Estado de governos que são complacentes com a corrupção.
Calado, o ministro com cara de debochado ia, aos poucos, pavimentando o caminho de sua futura fortuna, acertando o preço de cada lote, de cada decisão, de cada consultoria. O problema é que muitos ministros fazem hoje, sua consultoria futura, determinando para que lado cada ato do Planalto pode e deve caminhar. Esse tipo de atividade, incompatível com a gestão pública, em um país um pouco mais sério, seria proibida, ou condição básica para credenciar ministros a assumir cargos tão importantes e estratégicos.
Palocci tem uma visão promíscua do poder. Para ele, o governo de um país é como se fosse uma grande mansão, uma casa de encontros libidinosos, onde pessoas são escolhidas e alugadas, tudo ao seu bel prazer, tudo para seu deleite, sua distração. Seja para se lambuzar, seja para condenar os outros. Como foi com o caseiro Francenildo, que teve sua vida devastada depois de revelar as aventuras programadas do vespertino ministro.
O exercício do poder exige certo ritual, certas reservas, além de uma estatura natural, moral. Para Palocci, com sua simplória visão horizontal da vida, ser ministro é fazer de seu gabinete a extensão de seu quarto, de seus sonhos, de suas iluminadas fantasias...

Petrônio Souza Gonçalves

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