A intervenção na segurança pública do Rio poderia ser o melhor caminho para a retomada da ordem e da paz. Aliás, não foram poucas as vezes que sinalizamos a importância de um posicionamento efetivo do governo federal para ajudar não só os fluminenses e cariocas, mas também todos os outros estados da federação. A segurança pública é um grande gargalo no Brasil, atingindo todas as capitais, sendo, portanto, um problema de ordem nacional. Mas, infelizmente, o mesmo erro cometido por décadas nos sucessivos governos do Rio está sendo ocorrendo agora. Uma ação sem planejamento e inteligência, demonstrando que o descaso com esse tema ultrapassa as fronteiras estaduais.
Sob o argumento de que a decisão é regida exclusivamente pelas reais necessidades de encontrar soluções dos problemas para o povo brasileiro, o planalto, até então resistente a ideia, resolve pela intervenção numa mudança de opinião, no mínimo questionável. Afinal, os fatos que serviram como argumentos foram os episódios do carnaval, como roubos de celulares, carteiras etc. episódios muito aquém dos rotineiros tiroteios e arrastões pela cidade.
Fica impossível desvincular a decisão da notória derrota do governo para aprovação da reforma da previdência. Um fracasso que somado a uma reprovação recorde de mais de 70% da população, segundos os institutos de pesquisa, a pirotecnia dos tanques e soldados na rua foi a válvula de escape para se manter vivo.
Trata-se de apostar todas as fichas no retorno que a sensação de segurança passada pelas forças armadas nas ruas representará para a população. Num ano eleitoral, um governo mal avaliado, liderado por um presidente com alto índice de rejeição, estrategicamente terá a seu favor a possibilidade de manipular um cenário crítico e adverso. Um desatino, pois o que vivemos hoje no Rio de Janeiro é um estado de guerra declarada, com bandidos fortemente armados. Uma matança generalizada, as polícias perseguidas e o cidadão vítima constante da violência.
Para interceder de forma eficaz e com objetivo de solucionar o problema é preciso muito mais que os holofotes. Pelo contrário, demanda um plano estratégico para médio e longo prazo, agregando às ações militares, o fortalecimento das polícias e outros projeto sociais nas áreas da educação e da saúde que agonizam há anos. Qualquer coisa diferente disso nada mais é que utilizar toda essa manobra como moeda de troca eleitoreira.
Marcos Espínola - Advogado Criminalista.