Holocausto de mais de 6 milhões na África é ignorado há 23 anos

É ignorado há 23 anos o holocausto de mais de seis milhões de pessoas vitimadas pelo contrabando internacional de minérios nos vizinhos países africanos Ruanda e República Democrática do Congo. É o que denunciam quatro jornalistas da ONG fundada em 2004 e sediada em Nova Iorque, Estados Unidos, Friends of the Congo (Amigos do Congo) Daniele Rodrigues, Danielle Fernandes, Deborah Delaye e Vivian Estrela. Segundo as quais, o holocausto advém da renhida cobiça entre governos e empresas vizinhas + multinacionais de minérios como ouro, diamante, cobalto, carvão, cobre e coltan (usado na indústria eletrônica).
As jornalistas da ONG que é tida como de ajuda humanitária consideram tal holocausto causado pelo mais violento e sangrento conflito, depois da 2ª Guerra Mundial. Por isso chegam a considerá-lo o maior da História. Isto, porque ocorre desde 1993 e tem levado milícias e quadrilhas de mercenários disfarçadas de rebeldes a atacarem e invadirem vilarejos onde mulheres são estupradas e pessoas mortas em meio massivas ondas de refugiados na área fronteiriça entre os dois países africanos. As jornalistas denunciam também que, apesar de tudo isso, o conflito é ignorado pela imprensa burguesa tradicional e pela comunidade internacional.
Essas e as demais denúncias que vão seguir, são feitas por quem não tem princípios anticapitalista, anticolonialista e anti-imperialista. São de quem não tem a compreensão filosófica da História que define como causa central de tudo, a voracidade capitalista imiscuída ao colonialismo no estágio mais avançado, o imperialismo. Que é quem desenvolve toda exploração, opressão e dominação sobre as valiosíssimas riquezas naturais dos oprimidos países do Continente Africano. Ou seja, nesse holocausto as disputas tribais ou étnicas entre hutus e tutsis na fronteira entre Ruanda e a República Democrática do Congo, são causas complementares.
Observemos o que disse o professor de História da África da PUC-Rio, Alexandre dos Santos: “A paz na região africana em questão depende de uma grande vontade política, não somente do acusado de corrupção o burguês oligarca presidente congolês filho do ditador Laurent Kabila, Joseph Kabila ou de seu eventual sucessor. Mas de todos os chefes de Estado de governo da região. Porque os grupos de mercenários armados tem sobrevivido graças aos apoios recebidos dos governantes de países vizinhos”. Até aqui, o professor foi relativamente bem. Não quando foi propositivo acerca da restruturação dos países da região.
“O mais importante seria as autoridades regionais começarem a reestruturação por elas (sic) e dar apoio de segurança através de tropas dos governos ou da Missão de Paz (sic) das Nações Unidas na República Democrática do Congo (Monusco)”; afirmou o professor. Ou seja, ele quer na região a repetição do que “coincidentemente” ocorre de 2004 pra cá no Haiti através da invasão militar internacional da ONU nesse país da diáspora, cujas tropas são indevidamente comandadas pela brasileira. Atenção, até hoje a apelidada Missão de “Paz” (da ONU) para Estabilização do Haiti (Minustah) é acusada de estupros de mulheres inclusas menores.
Essa linha de denunciar o holocausto em questão, sem propor lutas antirracista, anticapitalista, anticolonialista e anti-imperialista na região, na África e diáspora. Mas, sim apontar no máximo para a chamada ajuda humanitária feitas pelas quatro jornalistas da ONG estadunidense ´Amigos do Congo´ e do professor de História da África da PUC-Rio, também foram manifestada pelo autor de dois livros sobre a guerra no Congo o jornalista Anjam Sundaram do burguês jornal estadunidense The New York Times e da agência Associated Press assim como pelo refugiado congolês atualmente produtor musical em Nova Iorque, Lubanji Muniania.
É oportuno lembrar os seguintes ensinamentos: “(povos oprimidos) Proletários do mundo inteiro uni-vos”. “A emancipação dos trabalhadores será obra dos próprios trabalhadores” do filósofo dos filósofos Karl Marx (1818-1883). “A luta dos negros na África e diáspora contra racismo e (imperialismo) colonialismo é específica, estratégica e indissociável da luta de classes” do revolucionário marxista Leon Trotsky. “Racismo e capitalismo são os dois lados de uma mesma e única moeda” do maior herói negro mundial o mártir da Consciência Antirracista, o sindicalista e líder socialista sul-africano Stephen Bantu Biko o Steve (1946-1977).

*jornalista – é militante do Movimento Negro Socialista (MNS) e da seção brasileira da Corrente Marxista Internacional (CMI) a Esquerda Marxista (EM) corrente interna do PSOL.


Holocausto no Congo: seis milhões de mortes ignoradas pela comunidadeinternacional

11 DE JUNHO DE 2016
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Considerado o maior e mais sangrento conflito desde a Segunda Guerra, o combate na República Democrática do Congo já dura 23 anos. Milícias e grupos rebeldes interessados no contrabando de minérios atacam vilarejos, estupram mulheres, matam inocentes e provocam ondas de refugiados. A comunidadeinternacional e a mídia silenciam.

Por Daniele Rodrigues, Danielle Fernandes, Deborah Delaye e Vivian Estrela

Rica em recursos e belezas naturais, a República Democrática do Congo poderia ser a representação de um paraíso tropical em pleno coração da África não fosse a cobiça de países vizinhos e empresas internacionais por ouro, diamante, cobalto, cobre, carvão e coltan (usado na indústria eletrônica). A disputa por minérios envolve a região numa guerra que já deixou cerca de seis milhões de mortos desde 1993. O conflito, praticamente ignorado pela imprensa e a comunidade internacional, é considerado o maior holocausto dahistória.
As chacinas, estupros e sequestros de mulheres e crianças se tornaram armas de guerra e servem para desestabilizar as comunidades, provocando miséria e ondas de refugiados. Cerca de 80% da população vive abaixo da linha da pobreza, com menos US$1,25 por dia. A guerra no leste do Congo está vinculada aos conflitos étnicos da vizinha Ruanda. No início da década de 1990, milhares de hutus ruandeses buscaram refúgio no leste do Congo temendo perseguições das novas forças tutsis no poder. Entre eles, estavam rebeldes hutus que haviam participado de chacinas em Ruanda.Tropas tutsis invadiram o Congo numa caçada aos rebeldes, apoiadas por milícias de Uganda. Vilarejos locais foram tomados por homens armados que até hoje controlam as ricas áreas do leste do país e lucram com o tráfico ilegal de matérias primas.
No total, 200 grupos rebeldes atuam no país, entre eles o poderoso e temido FDLR (Forças Democráticas para a Libertação de Ruanda). A principal dificuldade para conter as milícias, segundo a organização de ajuda humanitária internacional Friends of the Congo (Amigos do Congo), com base em Washington, é a falta de um governo legítimo que possa exercer autoridade e controle sobre todo o país. A ONG, criada em 2004 para ajudar na busca de uma solução de paz, diz que o fim dos combates depende de maior pressão internacional sobre Ruanda e Uganda para que cessem suas intervenções destrutivas e pilhagens, além da eleição de um governo responsável e confiável.
Acusado de corrupção, o presidente do Congo, Joseph Kabila, filho do ex-ditador Laurent Kabila, está no poder desde 2001 sem conseguir pacificaro país. “O Congo continua a ser roubado porseus próprios líderes, por outros países, por governos estrangeiros, por corporações estrangeiras e instituições multilaterais, como o FMI”, disse a Friends of the Congo em entrevista a nossa reportagem.
O professor de História da África da PUC-Rio Alexandre dos Santos observa que a paz depende de uma grande vontade política, não apenas do presidente Kabila ou de seu eventual sucessor, mas de todos os chefes de Estado e de governo da região. Ele lembra que que a sobrevivência dos grupos armados se dá também pelo apoio que recebem dos países vizinhos.“O mais importante seria restabelecer essas autoridades regionais e locais para que o processo de reestruturação do país comece por elas e que se dê o devido apoio de segurança por meio de tropas do governo ou daMonusco (Missão das Nações Unidas na República Democrática do Congo) para que se evite o medo e se restabeleça o direito de representação e de expressão”, disse o professor.
Santos observaque a distância entre as regiões emconflito e a capital é apenas um dos fatores que atrapalha o controle da atuação dos grupos rebeldes. A porosidade das fronteiras, a distância dessas regiões da capital Kishansa, a dificuldade de acesso e a grande área florestal na qual esses grupos se escondem são grandes empecilhos, mas nada se compara, segundo ele, a falta vontade política efetiva de alguns governos em combater determinados grupos.
O jornalista Anjan Sundaram, correspondente no Congo do jornal “The New York Times” e da agência Associated Press, autor de dois livros sobre a guerra no Congo, condena a comunidade internacional por apoiar desmandos de Kabila. “Infelizmente, o mundo apoia líderes congoleses que usam o Exército para manter a paz, mas são corruptos e destroem instituições nacionais. Isso apenas fortalece o ciclo de violência”, disse ele em entrevista por e-mail.
Segundo o jornalista, a vida dos congoleses é vista como algo menor. “O mundo não lamenta as mortes no Congo, só lamenta quando há mortes ocidentais. Isso faz com que a violência no Congo seja legitimada.”
O refugiado congolês Lubangi Muniania, produtor musical que hoje vive em Nova York, também culpa a comunidade internacional pelos acontecimentos.O jovem congolês perdeu familiares e amigos na guerra e teve parentes deslocados por causa dos combates. “Há uma única coisa que importa para a comunidade internacional: o dinheiro da mineração. Eu aprendi que o meu povo e os nossos sonhos não importam.”

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