Odiado por uns tido como “mito” por outros, Jair Bolsonaro se apresenta ao público de forma peculiar: escancara uma verborragia que cai no gosto popular. Suas pautas mais radicais incluem o tratamento dado a criminosos, sistema prisional e a militância LGBT. Dentre as pautas polêmicas que o deputado apresenta nos seus discursos em plenário, em entrevistas ou em seu canais de comunicação pelas redes sociais, existe em sua fala, a retórica cativante que influencia o instinto do ouvinte.
Declarações sobre a recente crise carcerária, iniciada em Manaus fez o parlamentar cuspir marimbondos como: “eu estou me lixando, deveriam ter morrido duzentos mil” sacodem o senso-comum e sua inconsistência. A agenda polêmica de Jair Bolsonaro não para por aí, ele foi um dos parlamentes que questionou em 2011, o manual Escola sem Homofobia (o famigerado Kit-Gay), e que teve sua publicação e distribuição suspensa pela presidência da república. De lá para cá o parlamentar sofreu crítica ferozes de entidades e associações de gênero e fez o que sabe de melhor: atacou!
O que soa interessante é que mesmo com pautas conservadoras e autoritárias, Jair Bolsonaro consegue um número expressivo de seguidores e partidários por todo o país e nas redes sociais. O espectro atende desde aqueles que defendem a propriedade rural até os que apelam pela intervenção militar (nota-se que desses últimos houve um progressivo afastamento).
Distante do plenário, Bolsonaro possui uma atuação modesta no parlamento com uma infinidade de requerimentos e emendas à medidas provisórias e poucos projetos de sua autoria, dentre esses, um que altera determinado dispositivo constitucional para que o Ministro da Defesa seja escolhido entre os oficiais generais das forças armadas. Um outro Projeto de Lei visa a criação de uma Zona de Processamento de Exportação (ZPE) no município de São João da Barra, com fins de desenvolver atividade logística e energética no local.
Fenômeno de Massa
Na verdade Jair Bolsonaro é um fenômeno de massa, que ganha voz com as classes mais populares que são avessas a política tradicional. Vale lembrar que boa parte das propostas do mesmo, não são escritas em atas ou documentos – são faladas na informalidade, o que dificulta a credibilidade com parte do eleitorado.
Já o PSC, partido que Bolsonaro migrou no início de 2016, possui diversos problemas em sua configuração atual. A principal deles é uma plataforma econômica difusa, que abarca em si a noção de Estado Mínimo, e em outros a Justiça Social como carro-chefe. O outro seria a inexpressividade do partido na câmara, que teve uma passagem-relâmpago em 2013 na Comissão de Direitos Humanos com o Deputado Marco Feliciano (PSC-SP).
A indefinição de propostas, organização macroeconômica e outros temas, torna Jair Bolsonaro um candidato popular (que beira ao populismo), com debilidades entre discurso e prática. A história recente do Brasil mostra que candidatos com postura independente ou suprapartidária, são derrotados com facilidade devido à frágil base de sustentação partidária, e postura mais ofensiva dos candidatos principais.
A exceção foi Fernando Color que fez o jogo dos grandes caciques para se eleger e posteriormente foi “tragado” pelos mesmos. Vejamos em 2018, qual caminho o Bolsonaro vai seguir.
