Os Estados Unidos, com extrema arrogância, recusam-se a encarar a arapongagem que praticam sob a ótica das leis internacionais. Mesmo agora, ao serem flagrados espionando ninguém menos do que a presidenta do Brasil, deixam claro que continuarão agindo de acordo com as próprias leis e o resto do mundo que se dane.
Da mesma forma, o presidente Barack Obama considera que só precisa do aval do seu Congresso para ordenar bombardeios à Síria. Com isto, a ONU perde a razão de existir.
Se tivessem um pingo de dignidade, as demais nações dela se retirariam, já que seu papel é apenas de figurantes, enquanto o protagonista aplica a seu bel prazer a lei do mais forte.
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Se dúvida havia sobre a perda de mandato de João Paulo Cunha, Valdemar Costa Neto, Pedro Henry e José Genoíno, condenados à prisão como mensaleiros, não há mais nenhuma. A péssima repercussão da lambança perpetrada pela Câmara Federal, ao permitir que o presidiário Natan Donadon continuasse deputado, selou-lhes o destino e fechou o caixão.
Então, se houve quem tenha livrado a cara de Donadon para abrir um precedente favorável ao quarteto, deu um formidável tiro pela culatra.
Certos aprendizes de feiticeiro de Brasília continuam ignorando os humores do cidadão comum e a capacidade da indústria cultural, de amplificar rejeições ao máximo.
Quem é burro, pede a Deus que o mate e ao diabo que o carregue...
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A imprensa dá destaque excessivo ao julgamento do mensalão, como se ainda existisse algum coelho para ser tirado da cartola.
Não há. As condenações serão confirmadas e as penas, cumpridas. A esta altura do campeonato, qualquer outra decisão deixaria a imagem do STF em frangalhos. E os ministros estão bem cientes disto.
Os advogados deram o seu showzinho, mas de antemão sabiam que nada mudaria. Os acusados jogaram fora o dinheiro que melhor fariam se tivessem guardado para pagar as multas.
É comum os revolucionários, tendo meios para escapar, não cumprirem decisões judiciais que consideram injustas. A questão é: o Zé Dirceu e o Genoíno ainda se veem como tais?
E há outro aspecto, o da própria injustiça. Pois a opção pela fuga só se justificaria na hipótese de inocência, não na de terem sido condenados por práticas nas quais quase todos os políticos incidem sem ser punidos.
Incomoda-me muito, admito, a perspectiva de ver o Dirceu e o Genoíno presos. O simbolismo será deprimente ao extremo. Por mais que eles tenham se distanciado dos ideais de 1968, a direita vai celebrar como uma vitória sobre os revolucionários da nossa geração. Posso imaginar o triunfalismo estampado na capa da Veja, que tanto fez para colocar o Dirceu no pelourinho, chegando até a espioná-lo da forma mais abjeta.
Sem afirmá-lo taxativamente, o Cesare Battisti várias vezes deu a entender que, caso se tornasse inexorável sua extradição, preferiria a morte do que oferecer a cabeça para ser exibida na sala de troféus do Berlusconi.
Mas, claro, tudo depende da convicção íntima de cada um.
Melhor teria sido se os ex companheiros jamais houvessem superestimado seu poder e exposto o flanco de forma tão temerária. Deram sopa pro azar e estão pagando caro por isso.
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Roger Federer, o maior tenista de todos os tempos, teima em continuar nas quadras quando seu momento passou. A marcha do tempo é impiedosa.
Ter recuperado a posição de nº 1 em 2012 já foi uma moeda que caiu em pé, permitindo-lhe quebrar mais um recorde importante (o de semanas liderando o ranking da ATP), além de ampliar para 17 o número de conquistas de torneios grand slam.
Quando foi novamente desalojado do topo, faltou-lhe humildade para reconhecer que se tratara do seu (magnífico) canto do cisne e, dali em diante, só desceria a ladeira.
A temporada de 2013 está sendo humilhante ao extremo para ele. Quem o admira, torce para que não haja temporada de 2014.
* jornalista e escritor. http://naufrago-da-utopia.blogspot.com