A construção de centrais hidrelétricas na Amazônia

Temos ouvido até cansar das vantagens da geração hidrelétrica na Amazônia. Não é bem assim. Antes de acreditarmos em tudo que se diz e escreve, precisamos conhecer o contraditório, ou seja, as enormes desvantagens da construção dessas megabarragens em pleno coração da maior floresta do planeta. Vejamos:

1. A questão do custo da energia – com a geração na Amazônia e o consumo no sul e sudeste do país ocorre uma perda de potência variável, porém considerável, em função das grandes distâncias percorridas pelas linhas de transmissão. Este fenômeno reduz a eficiência da usina e eleva o custo da energia gerada;

2. A questão das concessões – apesar de ter sua construção bancada por dinheiro público, as usinas hidrelétricas têm sua operação concedida a grupos privados. A operação por meio da concessão agrava a questão da justiça social no Brasil. Todos os consumidores da energia gerada nessas usinas transferem renda para grupos privados, ampliando, desse modo, a concentração da riqueza no país;

3. A questão social – se o Estado transfere grande parte da renda da venda da energia para grupos privados, ele abre mão de recursos para a construção de novas escolas, remuneração de professores e para melhorar o atendimento de saúde da população. Combater o crime construindo penitenciárias não é a solução. A solução está em reduzir a desigualdade social que prevalece no país. O modelo de concessão da operação de hidrelétricas apenas agrava a desigualdade e a injustiça social em nosso país ao concentrar renda e riqueza;

4. A questão do uso da energia – a energia gerada pelas hidrelétricas da Amazônia será empregada majoritariamente na indústria, ou seja, na produção de quinquilharias de plástico, borracha, vidro, metais, papel e outros materiais. Uma rápida visita aos lixões de nossas grandes metrópoles vai nos mostrar todas essas porcarias por lá às toneladas. Esses materiais, somados à matéria orgânica em decomposição vão liberar tintas, corantes, resinas, resíduos e chorume para emporcalhar nossos lençóis freáticos. Alguns rios que brotam desses lençóis já nascerão sujos por causa desse iníquo processo;

5. Muitas espécies de peixes amazônicos desovam em rios que dependem da influência andina, incluindo os que migram para as cabeceiras. A quebra da conectividade dos rios provocada pelas barragens ameaça seriamente a existência dessas espécies. Ao analisar cada um dos 150 projetos de hidrelétricas amazônicas no Brasil, Peru e Colômbia, pesquisadores têm observado que 60% deles provocariam, em muitos rios, quebra da conectividade entre as cabeceiras protegidas dos Andes e as planícies da Amazônia. Além disso, 80% das barragens propostas vão provocar perda de florestas. Pelo menos 50% destas novas construções foram consideradas de alto impacto ambiental e somente 19%, de baixo (Globo Ciência – 21/11/2012).

O Brasil é um país que exporta soja em lugar de óleo ou farelo de soja; exporta minério de ferro em lugar de pellets ou sínter; exporta milho em lugar de farelo ou óleo de milho. Alguns patriotas estão a reclamar porque estão levando nosso nióbio da Amazônia. Se não o levassem, o que faríamos com o nióbio, já que não temos tecnologia para industrializá-lo? O Brasil é simplesmente um país tutelado.

O Professor Gerald Crabtree, gerente do laboratório de genética da Universidade de Stanford (Califórnia), em artigo recente publicado na revista Trends in Genetics (Tendências na Genética), afirmou que o apogeu da inteligência humana ocorreu há 3.000 ou 4.000 mil anos atrás e que no momento a tendência é de declínio. É possível que esta seja a explicação.
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