Mas, na verdade, o PT, no que pese sua formação inicial, não tinha discurso plausível. É uma lenda muito mal contada pretender que esse partido, no seu início, tinha um propósito socialista, anticapitalista. Todo o seu discurso resumia-se em se colocar como um partido diferente, cujo propósito seria inaugurar uma nova forma de fazer política.
Daí, "avançou" para o discurso moralista, dizendo, como crê a maioria da população letrada e iletrada, que estaria bem se houvesse honestidade no trato da "coisa pública". Essa postura deu margem a que Leonel Brizola, numa felicidade monumental taxasse o PT como a "UDN de macacão".
Após o seu "avanço" para o moralismo, o partido descambou para a defesa da tese burguesa de que o capitalismo é bom desde que governado com competência, honestidade, abnegação, criatividade e, assim, cunhou o lema: "O modo PT de governar". Esse "modo" haveria de tornar o capitalismo humanizado.
Assim o PT, depois de conquistar algumas prefeituras, conseguiu chegar ao governo com a eleição do Lula para a presidência da República. E aí, estamos vendo a que está reduzido o famoso "modo PT de governar". Para os miseráveis, o Bolsa Família ao custo módico de 11 bilhões de reais. Para as centrais sindicais e estudantis, o engessamento completo e para a grande burguesia os vultosos lucros.
Ao lado disso, alianças íntimas com a bandidagem política destacando-se as figuras de Jader Barbalho, Renan Calheiros, Romero Jucá, José Sarney e, por último (pasmem) o sinistro Fernando Collor, para alegria dos corruptos. Esse sim é o "modo PT de governar", lá e cá, para desgraça nossa.
* - Gilvan Rocha é presidente do Centro de Atividades e Estudos Políticos – CAEP.