|
Diferente dos Beatles, o sonho não acabou para militantes do PDT que continuam seguindo as ideias de Brizola e Darcy Ribeiro desde a fundação do partido. Superando a lamentável e equivocada postura de alguns que até usaram a histórica sigla como objeto de negociação nas últimas administrações municipais, o partido novamente se estrutura com base nos princípios programáticos estabelecidos pela Carta de Lisboa, elaborada ainda no exílio (17/06/1979) quando já se falava num breve retorno ao país logo após o início do processo de abertura política pela ditadura. Assim, o médico Humberto Assumpção, que foi combativo vereador nos anos 82-92, o advogado Sebastião Carneiro e Luiz Alberto Pinheiro conseguiram reunir um animado grupo no auditório da Faculdade de Filosofia para iniciar um processo de resgate da fiel identidade do partido, seguindo uma agenda que foi discutida e consensada de forma prática.
O médico Carlos Emir Jr mostrou empolgação e confiança nessa nova articulação, mas, devido a história que o PDT tem, quer que o partido venha com candidatura própria nas próximas eleições e que, sendo necessário, saiba fazer suas alianças sem ferir seus princípios. Já Luiz Alberto Pinheiro e Armando Barreto, fizeram questão de ressaltar a importância e o carisma dos velhos líderes, como Brizola e Darcy Ribeiro, criadores do PDT sob a inspiração da visão socialista da Revolução Francesa, um partido de ideologia trabalhista, espelhando-se, também, no movimento sindical inglês, que emergiu em meio à revolução industrial, lutando com foco na melhoria de condição de vida dos trabalhadores explorados pelo capital, estabelecendo direitos, como o fim do trabalho infantil, descanso semanal remunerado e limite na jornada de trabalho. Lembraram, ainda, da bandeira levantada por Darcy: a construção dos Centros Integrados de Educação Popular (CIEPs), que ainda é uma das principais iniciativas para tirar a infância da pobreza e da exclusão social, projeto esse muito combatido pela imprensa e políticos conservadores. Barreto chegou a lembar de um fato inusitado, quando, ao entrevistar uma secretária de educação para Macaé Jornal, quis saber a razão pela qual num CIEP da cidade havia apenas 400 crianças matriculadas, que respondeu: - É que muitas mães e filhos não querem estudar num Ciep porque dizem ser para crianças de rua”. Esta foi a preconceituosa imagem plasmada por aqueles que tinham ódio de Brizola, contra uma escola de ensino integral, onde o aluno entra pela manhã, estuda e tem direito a café, almoço, diversão e banho à tarde para voltar ao aconhego de sua família, longe do assédio dos traficantes. Daí, um jovem que deseja se integrar ao PDT, interveio e disse ter muito orgulho de ter estudado no Ciep da periferia e conseguido seguir em frente.
O ex-ferroviário e ex-vereador Venicio Oliveira aproveitou para levantar a questão da mobilidade urbana, cada vez mais difícil, sugerindo que o PDT incorpore a luta por um velho sonho dos ferroviários macenses, ver, como na década de sessenta, novamente trens correndo pelos ociosos trilhos que cortam a cidade. Como o prefeito é filho de ferroviário, espera que ele consiga remover os entulhos da herança recebida e dar curso a esse projeto, animando o coração dos velhos companheiros perseguidos pela ditadura e ainda alegrando os trabalhadores com a implantação de um sistema mais confortável e rápido.
De 2.000 militantes que havia na década de 80, o PDT tem hoje arrolados 300 fieis resistentes seguidores, que não pensam como os 300 picaretas citados por Lula quando deputado na Câmara Federal. Com eles, o partido já pensa em ter uma sede provisória para atrair novos filiados e aqueles que deixaram a legenda decepcionados com os rumos obscuros que foram tomados. Atendendo sugestão de um jovem que começa com muita convicção no partido, ficou decidido que haverá reunião mensal para avaliação das ações que serão tomadas, assim como para manter a coesão entre a militância. Humberto acredita que depois do partido reorganizado muitos jovens vão querer entrar no partido.
