Rio de Janeiro - O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, defendeu ontem (30/08), no Rio de Janeiro, que uma parcela dos royalties provenientes da exploração de petróleo na camada pré-sal seja aplicada em questões ambientais. Segundo ele, parte dos recursos precisa ser investida, por exemplo, no processo conhecido como captura e estocagem do carbono (Carbon Capture and Storage – CCS, na sigla em inglês).
“Para se ter uma ideia, os poços de pré-sal emitem,
em média, de três a quatro vezes mais gás carbônico do que os poços do pós-sal,
ou seja, os poços atuais. Isso não significa que a gente não possa e não deva
utilizar esses recursos, mas é preciso investir no armazenamento do carbono lá
embaixo na terra. É preciso usar uma parcela dos recursos para prevenir que essa
riqueza não vá explodir nossas emissões de carbono afetando nossas metas de
mudanças climáticas”, disse Minc, que participou hoje (30), no Rio de Janeiro,
da assinatura de um convênio entre o Instituto de Pesquisas Jardim Botânico da
cidade e a mineradora Vale, prevendo investimentos para a preservação da área de
visitação do parque.
O ministro lembrou que pesquisas nesse sentido vêm
sendo desenvolvidas em diversos países há pelo menos dez anos e que a Petrobras,
em parceria com universidades brasileiras, também vêm estudando o processo há
cerca de oito anos. Minc voltou a defender tratamento diferenciado para os
estados produtores de petróleo na partilha dos royalties, em função do risco que
correm no caso de acidentes ambientais.
“O governo [federal] tem
legitimidade para querer que esses recursos extraordinários sejam usados de
forma estratégica para o país como um todo, para reduzir desigualdades, investir
na educação e na ciência e tecnologia, mas acho que tem que ter tratamento
diferenciado entre os estados, garantindo uma parcela mais forte para os
produtores. Afinal, são eles que arcam com os custos de possíveis acidentes.
Mesmo com toda a tecnologia de prevenção, eles não são totalmente descartados.
Se houver derramamento, não vai acontecer em Rondônia, mas na Baía de Guanabara,
na Bacia de Campos, de Macaé ou em alguma área do Espírito Santo”,
argumentou.
Carlos Minc destacou mais uma vez que os recursos
provenientes dos royalties do petróleo, no Rio de Janeiro, contribuíram para
obras de recuperação da Baía de Guanabara e da Lagoa de Jacarepaguá. A decisão
final sobre a política de royalties caberá ao presidente Luiz Inácio Lula da
Silva, que se reunirá hoje à noite com os governadores do Rio de Janeiro, Sérgio
Cabral, de São Paulo, José Serra, e do Espírito Santo, Paulo Hartung, estados
onde estão localizadas as maiores reservas de petróleo, para tratar da questão.
Eles alegam que se for adotado o modelo de partilha haverá perda de
arrecadação.
Os ministros de Minas e Energia, Edison Lobão, e da Casa
Civil, Dilma Rousseff, passaram a manhã deste domingo reunidos para acertar os
últimos detalhes do marco regulatório, que será lançado hoje (31/08) pelo
presidente Lula.
(Envolverde/Agência Brasil)