Movimentos realizarão ato público para denunciar descaso e violações de direitos envolvendo Belo Monte

atopublico Movimentos realizarão ato público para denunciar descaso e violações de direitos envolvendo Belo Monte
A manifestação é contra crimes em clara expansão, como o do tráfico humano. Foto: Sociedade Paranaense de Defesa dos Direitos Humanos

 

Na manhã da próxima quinta-feira (21) movimentos, organizações e ativistas sociais, liderados pela Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos (SDDH) e pelo Comitê Metropolitano Xingu Vivo, realizarão uma manifestação pública e pacífica em frente à sede do Consórcio Construtor Belo Monte (CCBM), em Belém (Pará), para repudiar o descaso dos governantes e autoridades diante das inúmeras violações que têm ocorrido na construção da hidroelétrica, no rio Xingu, em Altamira.

Além das diversas denúncias de impactos ambientais e sociais que a obra causa ao meio ambiente e à população da região, um caso de tráfico de pessoas para fins de exploração sexual denunciado por uma adolescente na semana passada, indignou ainda mais os movimentos e ativistas. Graças à denúncia foi descoberta, dentro da área de construção da usina, uma boate que mantinha mulheres e meninas em situação de escravidão, para servir, sexualmente, trabalhadores da obra.

“A recente descoberta de uma rede de tráfico humano para exploração sexual expõe um dos aspectos mais danosos dos grandes projetos que saqueiam as riquezas naturais da Amazônia: a fragilização do ser humano e sua transformação em simples mercadoria. Mais uma vez os movimentos sociais irão às ruas denunciar o Belo Monstro. Mais uma vez exigiremos a suspensão imediata desse projeto insano e destruidor”, expressa o comunicado das organizações.

O presidente da Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos (SDDH), Marco Apolo Santana Leão explicou que “o ato público é para expressar a indignação da sociedade paraense e dos movimentos sociais diante dos fatos que estão acontecendo no Pará. Diversas entidades e especialistas já vinham alertando o Governo Federal sobre os impactos ambientais e sociais que a construção de Belo Monte traria à Altamira, mas mesmo assim, o governo insistiu na construção”.

Segundo ele, o consumo de drogas e a violência “dispararam” em Altamira e agora a denúncia de um caso de tráfico de pessoas consolidado dentro da obra, além das dezenas de ações contra o projeto de Belo Monte, revelam uma situação de “completo caos” na região.

Por isso, Marco ressaltou que o objetivo da ação é denunciar e contestar a ação do Governo Federal, que enviou uma delegação da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR) ao Pará, para tentar ‘mediar’ e “resolver uma situação que eles [governo] mesmos criaram”.

“Não queremos que o governo vá até lá tentar resolver a situação. Exigiremos uma investigação no Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (CDDPH) da SDH/PR e vamos denunciar o caso para o Conanda [Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente], movimento de mulheres, ONU [Organização das Nações Unidas] e OEA [Organização de Estados Americanos]”, avisou, indignado com a total situação de violação de direitos humanos. Marco informou que depois do ato uma comissão entregará também uma petição para o Ministério Público Federal do Pará.

Leia as notas de repúdio sobre o caso de tráfico de pessoas em Belo Monte:

Nota de Repúdio ao Tráfico Humano em Belo Monte

Nota de repúdio – Pelo fim do tráfico humano e da exploração sexual em Belo Monte

Para mais informações clique aqui.

* Publicado originalmente no site Adital.

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