Brasília, 22 de janeiro – O Brasil melhorou 27 posições no ranking da taxa de mortalidade na infância (menores de 5 anos), segundo o relatório Situação Mundial da Infância 2008 – Sobrevivência Infantil, divulgado nesta terça-feira, 22 de janeiro, pelo UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância). O relatório avalia a situação geral da primeira infância (crianças de até 6 anos de idade) em 194 países.
O Brasil é um dos 60 países
selecionados para a contagem regressiva para 2015 – quando se pretende atingir
os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio –, como prioritários no combate à
mortalidade na infância. Apesar de a taxa de mortalidade de menores de 5 anos
estar bem abaixo da média mundial (que é de 72 mortes para cada mil nascidos
vivos), o País entrou nesse grupo devido ao número absoluto de óbitos. De acordo
com o relatório, em 2006, 74 mil crianças morreram no Brasil antes do quinto
aniversário.
Paralelamente à divulgação do relatório Situação Mundial da
Infância, o UNICEF lançou o Caderno Brasil, que mostra a situação das crianças
brasileiras de até 6 anos de idade e os avanços e desafios em relação à primeira
infância no País. No caderno, há um ranking das 27 Unidades da Federação
brasileiras, de acordo com o Índice de Desenvolvimento Infantil (IDI), criado
pelo UNICEF para monitorar a situação da primeira infância nas regiões, Estados
e municípios brasileiros.
O Brasil tinha uma taxa de 57 mortes de menores
de 5 anos por mil nascidos vivos em 1990. Esse número foi reduzido em 2006 para
20 mortes por mil nascidos vivos, de acordo com os dados globais do
UNICEF.
Com essa nova marca, o País deixou a 86ª posição no ranking
mundial da taxa de mortalidade na infância, saltando para a 113ª. No ranking,
ocupam as primeiras posições os países com as mais altas taxas de mortalidade na
infância. Entre os que têm a menor taxa, estão Suécia, Cingapura, Espanha,
Japão, Alemanha e Bélgica.
Na América do Sul, apenas três países têm
taxas de mortalidade melhores do que o Brasil (Chile, na 148ª posição, com a
taxa de nove mortes por mil nascidos vivos; o Uruguai, em 138ª lugar, com 12
mortes por mil; e a Argentina, em 125ª, com 16 mortes por mil).
A taxa de
mortalidade infantil (menores de 1 ano de idade) é de 19 por mil nascidos vivos,
conforme o relatório. Por se tratar de um relatório global, alguns dos números
apresentam diferenças em relação aos dados das fontes oficiais do governo
brasileiro. Isso ocorre em virtude da metodologia utilizada nos cálculos do
relatório global, desenvolvida por várias instituições para permitir comparações
globais.
Um dado ainda preocupante é a taxa de mortalidade materna no
Brasil. O País aparece no relatório com a taxa de 76 mortes por 100 mil nascidos
vivos, o que corresponde ao número brasileiro já ajustado por
subnotificações.
Para a Representante do UNICEF no Brasil, Marie-Pierre
Poirier, o desafio do País é manter a tendência de queda dos números de óbitos
de menores de 1 ano e superar as grandes disparidades nas taxas de mortalidade
infantil. "Ao analisarmos os dados por regiões, por renda familiar ou por raça e
etnia, aparecem as desigualdades", observou a representante. "Quem morre mais é
a criança pobre, a negra e a indígena", acrescentou.
As crianças pobres
menores de 1 ano têm mais do que o dobro de chance de morrer, em comparação às
ricas. A taxa de mortalidade infantil entre crianças filhas de mães negras é
cerca de 40% maior do que entre as filhas de mães brancas. Entre os indígenas, a
taxa de mortalidade infantil é de 48,5 por mil nascidos vivos, duas vezes maior
do que a taxa para crianças brancas.
Outro desafio é reduzir a
mortalidade nas primeiras semanas de vida da criança. "51% das mortes antes de 1
ano de idade ocorrem na primeira semana de vida, e 66%, antes de um mês",
lembrou Marie-Pierre. "Isso evidencia que é urgente melhorar a qualidade do
pré-natal e a assistência ao parto", alertou a Representante do UNICEF no
Brasil.
O relatório mundial também destaca o Brasil por causa da
cobertura nacional do modelo de atenção à saúde com base na família e na
comunidade. O trabalho dos agentes comunitários de saúde, iniciativa que nasceu
com o apoio do UNICEF, e o kit Família Brasileira Fortalecida são ressaltados
como ações integradas e comunitárias que têm assegurado o direito à
sobrevivência de crianças.
INDÍCE DE DESENVOLVIMENTO INFANTIL (IDI):
ESTADOS MELHORAM
No ranking do Índice de Desenvolvimento Infantil, os Estados
que aparecem com os melhores desempenhos são, pela ordem, São Paulo (com 0,856),
Santa Catarina (0,828) e Rio de Janeiro (0,806).
No cálculo feito com
indicadores de 2006, todos os Estados brasileiros e o Distrito Federal
alcançaram o IDI acima de 0,500, o que significa que todas as Unidades da
Federação têm no mínimo um nível de desenvolvimento infantil médio. Em 1999,
sete Estados tinham um desenvolvimento infantil baixo. Em 2004, esse número foi
reduzido para um.
Agora, dois Estados destacaram-se: Alagoas, por ter
conseguido sair da classificação de desenvolvimento infantil baixo, e o
Amazonas, por ter avançado nove posições em relação à edição anterior. Entre
1999 e 2006, foi observada uma melhora no IDI de todas as regiões do Brasil. As
regiões Nordeste e Norte continuam com os menores índices do País. As duas
regiões, no entanto, obtiveram evolução do IDI maior do que as regiões mais
ricas (Sudeste, Sul e Centro-Oeste).
O IDI tem uma variação de 0 a 1,
sendo 1 o valor máximo que um município, Estado ou região deve alcançar no
processo de sobrevivência, crescimento e desenvolvimento de suas crianças no
primeiro período de vida. O índice é composto por quatro indicadores básicos:
crianças menores de 6 anos com pais com escolaridade precária, cobertura de
vacina tetravalente em crianças menores de 1 ano, mães com cobertura pré-natal e
crianças matriculadas na pré-escola.
O relatório global sobre a situação
da infância também ressalta uma série de estratégias que podem contribuir para
reduzir o número de óbitos antes dos 5 anos de idade. Para acelerar a queda do
número de óbitos de menores de 5 anos (que foi de 9,7 milhões em todo o mundo,
ficando pela primeira vez abaixo dos 10 milhões), o documento sugere medidas e
iniciativas para gerar progressos e melhores resultados. Dessa maneira, oferece
aos países formas de alcançar o Objetivo do Milênio número 4, que prevê a
redução da mortalidade na infância em dois terços até 2015.
Acesse o relatório Situação Mundial da Infância 2008 em http://www.unicef.org/brazil/pt/resources_11320.htm e o Caderno Brasil na íntegra http://www.unicef.org/brazil/pt/resources_11319.htm
(Envolverde/Unicef)