Brasileiros tomam as ruas do país contra corrupção, gastos públicos na Copa das Confederações e por mobilidade urbana

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Manifestantes ocupam ocupam rampa e cúpula do Congresso Nacional, em Brasília

Manifestações contra o aumento da tarifa do transporte público abarcaram insatisfações com saúde, educação, PEC 37 e outros problemas do país.
Nesta segunda-feira 17, mais de 230 mil pessoas tomaram as ruas de algumas das principais cidades brasileiras, como São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte e Brasília para protestar. A pauta comum em todas as reivindicações foi o aumento da tarifa dos transportes públicos, mas a insatisfação com a corrupção, as obras da Copa do Mundo e a precariedade dos serviços públicos prestados – como saúde e educação – reforçaram o poder dos movimentos. É a maior mobilização popular no Brasil desde 1992, quando a população pediu o impeachment do então presidente Fernando Collor de Mello.

Em Belo Horizonte, o protesto foi o primeiro a ter início. A movimentação começou às 13h na Praça Sete de Setembro, no centro da capital mineira, tendo como destino o estádio do Mineirão, a quase 9 quilômetros de distância. No caminho, a multidão de 15 mil pessoas rapidamente tomou a Avenida Afonso Pena, uma das principais da cidade. Apesar de pacífica pela maior parte do tempo, a manifestação registrou violência. Houve um confronto com a PM pois a polícia estava decidida a não deixar os manifestantes chegarem ao Mineirão, uma das sedes da Copa das Confederações. Quando o grupo avançou até a avenida Antônio Abrahão Caram, que dá acesso ao local, o confronto começou, por volta das 16 horas. No tumulto generalizado, a PM usou bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha para conter os manifestantes, que reagiram atirando pedras nos policiais. Uma pessoa ficou ferida ao cair de um viaduto e foi atendida no Hospital Risoleta Neves, em Venda Nova.
O jornal Estado de Minas publicou um balanço oficial da PM segundo o qual cinco manifestantes foram presos e três ficaram feridos em Belo Horizonte. De acordo com o jornal, a PM negou ter iniciado os confrontos, mas admitiu ter usado balas de borracha, contra recomendação do governo estadual. Esses tiros, segundo a PM, foram dados de forma a “atingir os alvos da cintura para baixo”.
Em Brasília, o protesto começou como manifestação pacífica na tarde desta segunda-feira 17 e ganhou contornos de guerra à noite. A rampa do Congresso Nacional foi tomada por milhares de manifestantes, a maioria estudantes secundaristas. Na confusão, um vidro do prédio acabou quebrado. Eles já haviam ocupado a plataforma das cúpulas e, pouco tempo depois, chegaram ao acesso principal da Casa Legislativa. A invasão pela entrada principal foi dispersada por policiais, com gás lacrimogêneo e spray de pimenta. Posicionados em frente à chapelaria do Congresso, os manifestantes gritavam: “ei, soldado, vem para o nosso lado”. A PM confirmou que 10 mil pessoas participam da “Marcha do Vinagre”. Cerca de 500 policiais atuaram para conter a multidão.
No Rio de Janeiro, 100 mil pessoas – segundo estimativa da PM – ocuparam pacificamente o Centro da capital carioca, de onde caminharam até a Assembleia Legislativa, onde um pequeno grupo se envolveu em uma confusão após a explosão de uma bomba na rua Araújo Porto Alegre, na imediações da Associação Brasileira de Imprensa (ABI). Um carro estacionado próximo ao prédio da Alerj explodiu depois de ser incendiado pelos manifestantes. De acordo com a PM, um grupo de jovens tentou invadir o prédio da Assembleia. Policiais do Batalhão de Choque utilizaram balas de borracha, bombas de gás e spray de pimenta para conter os manifestantes.
Na manifestação de São Paulo, mais de 65 mil pessoas (segundo estimativa do Datafolha) se reuniram no Largo da Batata, na zona oeste, de onde saíram, em dois grandes grupos, pela avenida Brigadeiro Faria Lima e pela Marginal Pinheiros, duas das principais vias da cidades. Os dois grupos se dividiram e passaram por alguns dos principais pontos da cidade, como a avenida Paulista, palco de manifestações em dias anteriores; a ponte Estaiada, a avenida Ibirapuera, a Assembleia Legislativa e o Palácio dos Bandeirantes, sede do governo. Parte dos manifestantes tentou invadir a residência oficial do governador paulista, mas acabaram desistindo diante da atuação da polícia e também da contrariedade de alguns dos manifestantes.
Foram registradas tentativas de invasão também nos palácios do Piratini (Porto Alegre) e do Iguaçu (Curitiba), além da Assembleia Legislativa gaúcha. Em todos os casos, a PM usou a força para dispersar os poucos manifestantes violentos. Em Curitiba, a PM estimou em 10 mil o número de manifestantes. Em Porto Alegre, foram 5 mil. Houve ainda protestos grandes em Belém, onde 13 mil pessoas se reuniram e Salvador, também com 10 mil manifestantes. Outras capitais com manifestações foram Fortaleza, Vitória e Maceió, onde um garoto de 16 anos levou um tiro no rosto. O suspeito é o motorista de um carro que teve o veículo bloqueado por manifestantes. Manifestações ocorreram também em diversas cidades do interior do país, como Foz do Iguaçu (PR), Londrina (PR), Bauru (SP), Santos (SP), Juiz de Fora (MG).

* Publicado originalmente no site Carta Capital.
(Carta Capital) 

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