No golpe "constitucional" contra Lugo prevaleceram as máfias brasileiras que atuam no agronegócio, Patriota foi mero espectador e quando chamado a intervir nem foi e nem veio, pelo jeito escondeu debaixo de alguma cama, ou mesa. As notícias divulgadas pela mídia brasileira que o presidente deposto estava resignado eram falsas, são inverídicas e as reações populares, omitidas pela mesma mídia, a de mercado, apenas reforçam a convicção que o que houve naquele país foi um ajuste de quadrilhas do latifúndio em parceria com as elites políticas e econômicas e grandes corporações do setor do agronegócio.
O povo dançou, o governo Dilma estrilou, depois sentou em cima e o novo "chanceler" brasileiro é o senador Álvaro Dias. Com desenvoltura incrível transita junto ao governo golpista do Paraguai, negocia com latifundiários/quadrilheiros chamados de brasiguaios e latifundiários/quadrilheiros do Brasil, nos interesses da MONSANTO e da CARGILL, principais financiadoras dos bandos envolvidos no esquema que depôs Lugo.
Uma boa parte das forças armadas paraguaias estava disposta a garantir a ordem constitucional, ou seja, Lugo presidente, mas foi desestimulada dentre outros pelo suposto chanceler brasileiro Antônio Patriota.
O governo de Dilma é cúmplice por omissão e fraqueza do golpe contra o povo paraguaio.
Os latifundiários brasileiros e brasiguaios conseguiram o milagre de transformar o Paraguai, um país de pequenas dimensões territoriais, num dos maiores produtores de soja transgênica do mundo. Toda essa soja é exportada pelo Porto de Paranaguá, no estado do Paraná, onde o "chanceler" Álvaro Dias foi eleito senador. Na maior parte das vezes a soja brasileira é "contrabandeada" para os brasiguaios e de lá reexportada, numa fraude que gera milhões de reais em prejuízo ao nosso País. Com um detalhe, a soja não sai do Brasil, é contrabandeada no papel.
Com Lugo esse esquema estava ficando difícil, principalmente levando-se em conta que o presidente, timidamente diante das resistências, ia abrindo espaços para a reforma agrária.
Como o Paraguai, desde o fim da guerra com a chamada Tríplice Aliança (Argentina, Brasil e Uruguai) é uma espécie de protetorado do Brasil, refúgio de criminosos, a perspectiva de um fim nesse tipo de situação despertou o apetite golpista nas quadrilhas (latifundiários), grandes corporações do agronegócio e como não poderia deixar de ser de tucanos e afins (o ex-comunista e agora empedernido direitista Roberto Freira já manifestou apoio ao golpe) se movimentam para legitimar o ilegítimo.
É só voltar um pouco atrás no tempo. Quando inventou seu terceiro mandato, o ex-presidente Alberto Fujimori do Peru foi criticado e rejeitado por quase todos os países do mundo, exceto o Brasil. O presidente era Fernando Henrique Cardoso, deu apoio a Fujimori no golpe na esperança de fazer o mesmo por aqui, um novo mandato.
Não deu certo. Hoje tangenciam os esquemas dos grandes "negócios" com figuras como Álvaro Dias e outros, enquanto tentam voltar ao governo. Nem precisam. As diferenças entre o PT e o PSDB são de símbolo, de cores nas bandeiras, no mais são iguais.
E um pequeno diferença. Dilma não sabe a quantas anda a América Latina e nem a importância da integração latino-americana.
O papel que está exercendo o "chanceler" Álvaro Dias desmoraliza o governo Dilma, mostra um poder paralelo - principalmente o das empresas do agronegócio - e na prática restringe a ação do Executivo a uma política econômica neoliberal capaz de segurar o barco das políticas sociais com caráter assistencialista.
Nem o "capitalismo a brasileira" inventado por Lula (frase de Ivan Pinheiro, Secretário Geral do PCB) sobrevive nesse massacre - é um massacre da autoridade do governo, um desafio, o "chanceler" extrapola os limites de suja competência como senador - já que os grandes grupos econômicos se voltam para esse governo apenas na busca de recursos junto ao BNDES. Coisas como 300 milhões de reais para a Volks desenvolver um carro compacto.
Está assegurada e garantida a exportação de soja "paraguaia" pelo porto de Paranaguá e salvos os negócios de brasiguaios, latifundiários daqui e políticos do esquema.
Como Dilma vai resolver essa complicação não sei. Com certeza não será gritando com ministros, como dizem ser seu hábito. Ou vai buscar socorro em Lula, ou o governo vai ser engolido, como está sendo, em todas essas patriotadas.
E mais, o ministro da Fazenda, Guido Mantega afirma que a aprovação da emenda que destina 10% do orçamento para a Educação vai quebrar o Brasil. Os 46%, ou mais um pouco, de pagamento de juros de dívidas não. Esse é sagrado, mesmo com a revelação que bancos manipulam as taxas de juros e riscos, desde o sacrossanto Banco da Inglaterra.
Por detrás de toda essa reação de tucanos e afins está o ingresso da Venezuela no MERCOSUL, o que não foi previsto pelos golpistas. A Venezuela é um dos grandes mercados importadores em toda a América Latina, já que basicamente exporta apenas petróleo. À primeira vista um bom negócio, mas a perspectiva cada vez mais consolidada de vitória de Hugo Chávez nas eleições de outubro assusta.
A Venezuela é hoje um dos principais alvos dos EUA nessa parte do mundo. O Brasil nem tanto, a essa altura do campeonato já está cercado de bases militares por todos os lados, a Amazônia vai sendo progressivamente tomada nos traçados do Plano Grande Colômbia e o golpe no Paraguai acentua o domínio da Tríplice Fronteira. Envolve além do agronegócio, o aqüífero Guarani.
Dilma Roussef entende que os caminhos passam por Kátia Abreu (miss moto serra) e por conquistar a Prefeitura de São Paulo a qualquer custo.
É onde o horizonte da presidente termina.