Florestas tropicais, temperadas e boreais possuem considerável capacidade de absorção de CO2, segundo o estudo.
As árvores capturam mais de 10% do dióxido de carbono (CO2) gerado por atividades humanas, mesmo quando se leva em conta todas as emissões decorrentes do desmatamento. A conclusão consta em um estudo divulgado na sexta-feira, 15 de julho, na revista Science, e sugere que as florestas mundiais têm um papel maior do que se imaginava no combate às mudanças climáticas.
O estudo deve contribuir para a implementação do mecanismo Redd (Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação), um programa da Organização das Nações Unidas (ONU) que busca a criação de um mercado global de créditos de carbono, no qual projetos que protejam as florestas tropicais são recompensados. Se essas florestas armazenam mais carbono do que se imaginava, a tendência é de que tais iniciativas se tornem mais valiosas.
Já se sabia que as árvores, ao crescerem, capturam grandes quantidades CO2, um dos principais gases do efeito estufa. Mas até agora não havia sido possível calcular quanto de carbono as árvores absorvem em diferentes partes do planeta, e qual é o total global de gases liberados na derrubada e queima das matas.
O estudo discrimina a capacidade de absorção nas florestas tropicais, temperadas e boreais. “Esta análise coloca as florestas em um nível de importância ainda mais elevado na regulamentação do CO2 atmosférico”, explicou à Reuters Pep Canadell, um dos autores do estudo e diretor do Projeto Carbono Global, ligado à Organização de Pesquisa Científica e Industrial da Commonwealth, na Austrália.
Com base em dados estatísticos, informações de satélites e modelos computacionais, os cientistas calcularam que as florestas estabelecidas e recém-replantadas nos trópicos absorveram quase 15 bilhões de toneladas de CO2 no último ano – equivalente a cerca de metade das emissões causadas por indústrias, transportes e outras fontes. Por outro lado, o desmatamento gerou 10,7 bilhões de toneladas.
Uma grande surpresa foi o fato de que florestas recém-replantadas nos trópicos são muito mais eficazes do que se pensava na absorção do CO2, totalizando quase 6 bilhões de toneladas do gás, aproximadamente a emissão total dos Estados Unidos em um ano. Para Canadell, isso mostra que alguns países estão abrindo mão de grandes benefícios do programa Redd ao menosprezarem as oportunidades geradas pela recuperação florestal.
* Publicado originalmente no site EcoD.
(EcoD)