“Sou contra [estadualizar a legislação ambiental]. Os ruralistas
têm uma idéia antiquada de que quanto mais terra para produzir, melhor,
independente se isso amanhã vai assorear os rios, vai desmatar as encostas e as
pessoas vão morrer rolando encosta abaixo ou sendo submergidas pela torrente das
águas. Isso é uma visão absolutamente irresponsável”, disse Minc, na última
quinta-feira (16/04).
O ministro admitiu, no entanto, que o atual Código
Florestal precisa de “adaptação, modernização e flexibilização”. Ele afirma que
o Ministério do Meio Ambiente está disposto a ajudar na modificação do código,
desde que “não signifique destruir todas as defesas ambientais”.
“Há 15
anos, o Congresso brasileiro tenta modificar o Código Florestal e não consegue,
porque há opiniões diferentes. A negociação da atualização do Código Florestal é
necessária, mas sem destruir as defesas ambientais. Eu sou um daqueles que quer
ajudar, mas dentro do lema mais produção e mais proteção”, considerou
Minc.
Para o ministro, a maioria dos agricultores tende a se posicionar
contrária à proposta. “Felizmente os nossos agricultores, sobretudo a
agricultura familiar e as cooperativas, têm uma visão muito mais consciente.
Eles sabem que quando a natureza é agredida, eles é que pagam o pato”,
considerou Minc. “O que acontece é que os grandes proprietários, que desmatam
mais, se escondem um pouco atrás dos pequenos. Se deixar, eles plantam café e
cana até dentro do rio. Assim não dá”, completou.
Estados
Em
relação à edição de leis ambientais estaduais, a exemplo do código ambiental
catarinense sancionado essa semana, Minc afirmou que é possível adequar pontos
das leis estaduais à lei federal. O ministro citou como exemplo a negociação
feita com o governo do Mato Grosso, a partir do Programa MT Legal.
“É
possível adequar pontos do código de Santa Catarina à lei federal. Mas para isso
não é a lei federal que tem se sujeitar à lei estadual. Pelo contrário, é a lei
estadual que deve adotar uma série de mecanismos, prazos, termos de ajustamento
de conduta, combinação com o zoneamento econômico-ecológico, de tal forma que
ela possa ser recepcionada pela lei federal”, considerou.
O ministro
disse estar confiante que os pontos do novo código ambiental catarinense
conflituosos com a legislação federal serão ajustados. “É possível adequar
pontos do código de Santa Catarina à lei federal. E sei que os pontos que
conflitam com a lei federal serão obviamente derrubados pela Justiça. Não tenho
dúvidas a respeito. Isso vai cair”, disse.
O Código Ambiental catarinense
vem causando polêmica por contrariar diretrizes da legislação federal e, entre
outras coisas, reduzir a área de mata ciliar – vegetação de proteção ao longo
dos cursos d’água como rios e nascentes – de 30 para cinco metros nas pequenas
propriedades rurais.
Nesta semana, o ministro do Meio Ambiente, Carlos
Minc, reagiu à sanção do código catarinense e chegou a ameaçar com prisão quem
descumprir as leis federais. Minc determinou ao Ibama que despreze a lei
estadual de Santa Catarina, enquanto não sejam feitas modificações no texto. “Já
entramos no Supremo [Tribunal Federal] para ajustarmos o código”,
finalizou.
Crédito da imagem: Fabio Pozzebom/Agência
Brasil
(Envolverde/Congresso em Foco)