Radioatividade acima do limite estabelecido pelo Conama foi constatada em poço usado por cinco famílias do distrito de Juazeiro, confirmando denúncia feita pelo Greenpeace.
Salvador, 4 de novembro de 2008 - O Instituto de Gestão das Águas e Clima (Inga), da secretaria de Meio Ambiente da Bahia, divulgou nesta terça-feira o resultado das análises que promoveu em amostras de água da região de Caetité. Dos sete poços analisados, um apresentou contaminação por urânio em limite acima do permitido pela resolução do Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama) 357/05. O Inga fez a coleta na semana do dia 22 de outubro em pontos usados pela população do município para consumo e uso na lavoura.
O poço em que foi encontrada a água contaminada por técnicos do Inga era utilizado para consumo por cinco famílias do distrito de Juazeiro, no município de Caetité. O governo da Bahia interditou o poço e vai fornecer água para as cerca de 20 pessoas. As famílias terão assistência por parte da Secretaria de Saúde do município e do Estado da Bahia.O Greenpeace denunciou, no último dia 16 de outubro, a contaminação da água de Caetité por urânio no lançamento do relatório Ciclo do Perigo - Impactos da Produção de Combustível Nuclear no Brasil. Foram oito meses de investigação, com a coleta de amostras de água na área de influência direta da mineração e beneficiamento de urânio realizada pela estatal Indústrias Nucleares do Brasil (INB).
A coleta das amostras de água para consumo humano e animal foi feita por uma equipe do Greenpeace em abril de 2008, em pontos localizados dentro de um raio de 20 quilômetros ao redor da mineração de urânio da INB em Caetité. As amostras foram encaminhadas a um laboratório independente credenciado no Reino Unido para a realização de análises. Pelo menos duas amostras de água apresentaram contaminação por urânio muito acima dos índices máximos sugeridos pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelo Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama).
"É mais um indício de que há sérios problemas na região e por isso queremos uma investigação urgente por parte do Ministério Público Federal para identificar a fonte exata e a extensão dessa contaminação", afirma Rebeca Lerer, coordenadora da campanha de Energia do Greenpeace.
"Os dados levantados pelo Inga confirmam a contaminação e esperamos que os verdadeiros impactos e riscos da produção de urânio em Caetité sejam esclarecidos na audiência pública marcada para o próximo dia 7 (sexta-feira), na cidade."
O Greenpeace contribuiu para a análise feita pelos técnicos do Inga, fornecendo as coordenadas geográficas de onde colheu suas amostras de água, bem como detalhes da metodologia usada nas análises.
Apesar de afirmar que realiza "milhares de testes" na região, a INB até o momento não apresentou dado algum do monitoramento que diz fazer da qualidade da água da região.
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