A reunião inicial do projeto entre os prefeitos dos
oito países, realizada no começo deste mês em Moura, identificou as necessidades
de cada município "para construir um plano de trabalho que dará origem às várias
atividades contempladas", disse Guia. Trata-se de "construir sociedades entre os
organismos envolvidos e outras entidades, tais como o poder político, grupos
econômicos, parque tecnológico e universidades, para captar investimentos na
área das energias alternativas, que também levem à criação de empregos", disse o
engenheiro.
Pos-de-Mina insistiu no que descreveu como "um dos objetivos
principais do projeto: realizar campanhas de sensibilização para uso das
energias renováveis e seus benefícios para as populações e as escolas das
comunidades dos oitos países envolvidos", Sunflower foi elaborado com base no
conhecimento ganho no processo de implementação da Central Fotovoltaica de
Amareleja (CFA), de 100 hectares de painéis, que no próximo ano terá capacidade
de produção de 46,41 megawatts (MV), unidade de potência equivalente a um milhão
de watts.
Em seu pleno funcionamento, em 2010, em Ameraleja, um das oito
aldeias do município de Moura, serão produzidos 62 MV mediante sistemas que
acompanham a trajetória solar, que servem de base de suporte para 268 mil
painéis fotovoltáicos, os quais produzirão 93 gigawatts (GV) hora/ano,
equivalente ao consumo de 30 mil casas. Segundo o prefeito, o objetivo essencial
do Sunflower nas oito comarcas européias que o compõem e que Moura coordena "é
contribuir para a promoção, disseminação e implementação das boas práticas no
campo das fontes de energia renovável".
Trata-se de desenvolvimento "em
lugares sócio-economicamente deprimidos, onde as comunidades locais se encontrem
distantes da informação e os mercados não contem com uma dimensão sozinhos
potencializarem investimentos nos campos tecnológico e científico". A gênese da
iniciativa de Moura começou a ser desenhada há três anos, quando foi submetido
ao financiamento da UE no âmbito do projeto Energia Inteligente da Europa e que
conseguiu os fundos em sua terceira tentativa, este ano.
Ao longo do
processo "fomos melhorando a qualidade da iniciativa, para reforçar a associação
das entidades envolvidas neste projeto, que apesar de ser coordenado por Moura
contempla os municípios dos outros sete países em uma relação de igualdade".
Guia, por sua vez, enfatizou que "não se trata de um projeto-piloto, mas de uma
iniciativa que foi aprovada para servir de exemplo e que pode ser copiada em
toda a UE e não apenas nos países que atualmente a compõem, tanto em sua
metodologia quanto em seus resultados".
A idéia é que na Europa "nasçam
novas centrais de produção de energia renovável, que pode ser foto voltaica,
eólica, de ondas do oceano, de fonte alternativa local, dependendo do lugar e
das condições", acrescentou à IPS o engenheiro ambientalista. Pos-de-Mina
reforça a idéia de ressaltar que "estamos falando de projetos associados ao
desenvolvimento sustentado, não apenas no campo das energias renováveis, mas
também do desenvolvimento regional. Esse é o motivo pelo qual Sunflower
contempla parques tecnológicos e naturais, onde se pretende criar uma rede de
colaboração e de intercâmbio de experiências e conhecimentos",
afirmou.
De acordo com o engenheiro, "não se deve limitar a criar
centrais de produção de energia. A idéia é que isto sirva para a criação de
novas iniciativas associadas", prosseguiu. "Quando se constrói grandes centrais
de produção de energia, abre-se a possibilidade para negociar algo mais, como
foi o caso de Moura, que, no momento em que se concluía os acordos para a
construção da CFA também se acordou fazer uma fábrica de painéis fotovoltáicos",
recordou o especialista. O que se pretende "é que estes projetos de construção
de centrais de energia se convertam também em uma catapulta do desenvolvimento
sustentável em nível de criação de empregos, postos de trabalhos que a
globalização não pode facilmente deslocar a outros lugares, já que dependem do
local".
Em alusão às energias solar e eólica, Guia recordou que "nem
todos têm abundante sol e fortes ventos e estes postos de trabalho só podem
existir em lugares com condições para esse tipo de projeto". Perguntado sobre as
possibilidades de ampliar o Sunflower para fora da Europa, Guia disse que no
começo se pretendeu ampliar o espaço de ação, "mas não nos foi permitido, pois
estamos limitados ao território da UE". Apesar disso, em nível de relações com o
resto do mundo, a reputação de Pos-de-Mina como o "prefeito do futuro", por suas
iniciativas ambientalistas já cruzou o Atlântico e ele foi convidado para uma
reunião energética latino-americana no Brasil. "Recebemos um convite para a
conferência da América Latina sobre energias renováveis, que acontecerá de 18 a
21' de novembro em Florianópolis, onde Moura exporá aos delegados como nasceu e
qual foi o processo do projeto Sunflower", concluiu.
(IPS/Envolverde)
(Envolverde/IPS)