Com o Decreto, o ministro do Meio Ambiente Carlos Minc espera que o tempo do processo possa ser reduzido de até 10 anos para alguns meses, uma vez que diminuirá o número de instâncias a que os acusados de infrações ambientais podem recorrer.
Menezes acredita que
modificação da lei é duvidosa e ineficiente, "um sangue novo para um organismo
antigo". Para ele, o decreto não é nada mais que uma regulamentação para cumprir
uma lei que já existe. "Você tem uma lei, uma lei boa, mas que, infelizmente,
não é aplicada", explica.
Atualmente, nos casos de desmatamento na
Amazônia, o valor arrecadado por crimes ambientais é muito inferior ao valor de
multas aplicadas. O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis (Ibama), por exemplo, recolheu menos de 1% dos R$ 2,8
bilhões de multas aplicadas nos últimos cinco anos.
O ambientalista
entende esse problema como algo que precede a atuação dos órgãos ambientais. "O
Ibama faz parte de uma estrutura, ele apenas executa. Lógico que ele também tem
seus problemas, mas o maior culpado de todos é o Estado. A precariedade do
sistema aliado a um governo ineficaz é o que mais estimula a devastação e o
crime ambiental", diz Meneses.
Para cessar o desmatamento, o
ambientalista acredita que o governo precisa ter pulso firme e que é necessário
mudar a visão da sociedade sobre a questão do meio ambiente. "Nós devastamos
nosso patrimônio natural, porque não temos o hábito de manter, cuidar e
preservar. O governo também não tem esse pensamento. O Estado não deveria
estimular o crescimento e sim o desenvolvimento, pois envolve o meio ambiente e
a comunidade, além de gerar renda para a própria
região".
Amazônia
No começo do mês de julho foi aprovada pelo
Senado a Medida Provisória (MP) 422. A MP permite a regularização de até quinze
módulos rurais (1.500 hectares) na Amazônia Legal, com dispensa de
licitação.
"Essa medida pode resultar na consolidação de grandes
latifúndios e na promoção do desmatamento", diz Menezes.
Para o
ambientalista, a Amazônia é um bem da União, e o governo deve assumir a gestão
de um patrimônio que é dele. "Tem proprietários que são grileiros, invadem,
devastam e ainda ganham a posse da terra do governo. Usufruem da terra e depois
a abandonam, em busca de novos terrenos".
O diretor da Amigos da Terra
diz que o grande problema é a ausência de Estado. "O governo sabe o que deve
fazer. Sabe que não basta baixar um decreto. Sabe que há invasões. Mas, de certa
forma está passivo para essa luta".
Menezes ressalta que se o governo não
se mobilizar a Amazônia ficará igual à Mata Atlântica, que atualmente só tem 7%
de sua vegetação nativa. "É preciso controlar as terras da Amazônia, senão ela
pode ser a Mata Atlântica de amanhã", finaliza.
(Envolverde/Aprendiz)