Por este seu procedimento recebeu duras críticas dos defensores do meio ambiente. Agora, só o tempo dirá se as promessas seguirão o mesmo rumo
Carlos Minc Baumfeld, mais conhecido como Carlos Minc, é autor de uma importante lei que limitava em todo o território fluminense as plantações de eucalipto por considerar este plantio prejudicial ao meio ambiente. Tão logo foi nomeado pelo Governador Sergio Cabral para ocupar a Secretaria do Meio Ambiente, Minc deu uma guinada de 180 graus e passou a apoiar a revogação da legislação de sua autoria que havia sido aprovada pela Assembléia Legislativa. Por este seu procedimento recebeu duras críticas dos defensores do meio ambiente, que não se conformaram com o fato de que graças ao próprio Minc a compensação com o reflorestamento baixou de 30 hectares para 10 hectares de mata nativa para cada cem de eucaliptos, permitindo que a Aracruz Celulose ingressasse com toda a força no Estado do Rio de Janeiro.Minc é um dos políticos fluminenses que mais aparece na mídia. Em outras palavras: o substituto de Marina Silva utiliza como ninguém a técnica de marketing para ocupar espaços midiáticos quase diariamente. Tem tido apoio quase incondicional até mesmo dos meios de comunicação conservadores.
Recentemente, ao receber uma denúncia de que favelados da Rocinha, na zona Sul carioca, estariam fazendo construções irregulares em uma área de proteção ambiental, Minc foi até o local e pôde constatar diante dos jornalistas que o acompanhavam que não eram os favelados os infratores, mas sim um condomínio de alto luxo, cujos proprietários construíram uma quadra de tênis no local. Nada aconteceu aos infratores.
Nos últimos dias, ao ser indicado Ministro do Meio Ambiente, Minc tem demonstrado seus "dotes midiáticos" concedendo entrevistas polêmicas e até mesmo fazendo promessas que se forem mesmo colocadas em prática terão de obrigar o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva a rever toda a política ambiental colocada em prática pelo atual governo dês de janeiro de 2003.
Agora, só o tempo dirá se as promessas seguirão o mesmo rumo do que aconteceu no Estado do Rio de Janeiro com as plantações de eucalipto.
Carlos Minc, uma figura pública representativa da chamada Geração 68 começou a militar politicamente bem jovem, ainda estudante secundarista no Colégio de Aplicação da UFRJ. Em 1969 exercia a função de vice-presidente da Associação Metropolitana de Estudantes Secundaristas (AMES), mas com os espaços da ação política de massa fechados pela ditadura, optou pela luta armada e acabou preso em 1969. Foi libertado em 1970, juntamente com outros 40 prisioneiros políticos em troca do embaixador da então Alemanha Ocidental, Ehrenfried von Holleben, seqüestrado por um comando conjunto da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR) e Ação Libertadora Nacional (ALN). Só voltou ao Brasil depois de anistiado, em 1979.
Em seu exílio de nove anos fez mestrado em Planejamento Urbano e Regional pela Universidade Técnica de Lisboa. Em 1984 tornou-se doutor em Economia do Desenvolvimento pela Universidade de Paris.
Depois de ser um dos fundadores do Partido Verde, juntamente com Fernando Gabeira e Alfredo Sirkis, Minc, elegeu-se deputado estadual pela primeira vez em 1986, transferindo-se em 1990 para o Partido dos Trabalhadores, sigla em que voltou a ser eleito em 1990, l994, 1998, 2002 e 2006.
Em quase 20 anos de parlamento estadual no Rio de Janeiro, Minc foi o autor de 150 leis, a maior parte delas referentes a questões ambientais e de punição aos estabelecimentos que discriminem gays, lésbicas e travestis. Em 1989, Minc recebeu o Prêmio Global 500, concedido pela ONU a pessoas que se destacam na luta pela defesa do meio ambiente. Foi o segundo brasileiro a ganhar esse prêmio - o primeiro foi Chico Mendes.
Mário Augusto Jakobskind é jornalista e escritor. Atualmente é correspondente do semanário uruguaio Brecha e membro do conselho editorial do Brasil de Fato.
Fonte: 3Setor / Lucia Coelho.
www.portaldomeioambiente.org.br