"O mundo encara uma perda de biodiversidade sem precedentes. A taxa de extinção tem sido estimada em mil vezes mais alta do que o natural na história da Terra", alertou o secretário executivo da Convenção de Diversidade Biológica (CDB), Ahmed Djoghlaf, na última quarta-feira durante evento em Berlim que discutiu os desafios da política internacional com relação à conservação da biodiversidade.
Djoghlaf lembrou que, a cada hora, quatro espécies são perdidas e que, a cada ano, 13 milhões de hectares de florestas, onde vivem cerca de dois terços de todas as espécies terrestres, são destruídas – o equivalente a um terço do tamanho da Alemanha.
"A pressão
das atividades humanas no funcionamento natural do planeta alcançou um extremo
que a habilidade dos ecossistemas de fornecer as necessidades para as gerações
futuras está agora seriamente – talvez irreversivelmente – ameaçada",
afirmou.
Com o progresso das mudanças climáticas, mais e mais habitats
frágeis se tornam ameaçados de extinção. Segundo o Painel Intergovernamental de
Mudanças do Clima (IPCC), cerca de 30% das espécies conhecidas podem desaparecer
antes do final do século por causa do aquecimento global. "Apesar de a
degradação ambiental ser um sério problema, ela pode ser remediada. A extinção
de espécies, no entanto, é permanente", destacou.
Estima-se que existam
30 milhões de espécies de organismos na Terra. Uma pesquisa de 1987, conduzida
pelo cientista E.O. Wilson, da Universidade de Harvard, constatou a existência
de cinco bilhões de espécies. Porém novos trabalhos elevam ainda mais estes
números, admitindo uma amplitude que vai de 10 a 100 milhões de
espécies.
Segundo o Ministério do Meio Ambiente, "a realidade dos fatos,
entretanto, é que o número de espécies hoje conhecido em todo o planeta esteja
em torno de 1,7 milhões, valor que atesta o elevado grau de desconhecimento da
biodiversidade, mormente nas regiões tropicais".
Biodiversidade, segundo
o artigo 2 da CDB, "significa a variabilidade de organismos vivos de todas as
origens, compreendendo, dentre outros, os ecossistemas terrestres, marinhos e
outros ecossistemas aquáticos e os complexos ecológicos de que fazem parte;
compreendendo ainda a diversidade dentro de espécies, entre espécies e de
ecossistemas.
Em outras palavras, refere-se a toda a variedade de vida no
planeta, incluindo a variedade genética dentro das populações e espécies, a
variedade de espécies da flora, da fauna e de microrganismos, a variedade de
funções ecológicas desempenhadas pelos organismos nos ecossistemas; e a
variedade de comunidades, habitats e ecossistemas formados pelos
organismos.
O tráfico de fauna e flora também é uma ameaça contra a
biodiversidade mundial, em especial em países como o Brasil, que possui 20% do
número total de espécies do planeta. A venda ilegal de espécies animais nas ruas
do México, noticiada nesta semana, é um exemplo de ameaça que pode acabar com
muitas delas antes de 2030.
México e Brasil integram o Grupo de Países
Megadiversos, criado em 2002 pelas 15 nações que o compõe e que, em conjunto,
possuem 70% da diversidade de flora e fauna do planeta. Os demais integrantes
são Bolívia, China, Colômbia, Costa Rica, Equador, Filipinas, Índia, Indonésia,
Quênia, Malásia, Peru, África do Sul e Venezuela.
O Brasil assinou em
1992 a CDB na Rio-92, que reconhece a soberania dos países sobre os recursos
genéticos existentes em seus territórios.
Em 2000, o governo brasileiro
estabeleceu uma medida provisória (MP nº 2.186) para proteger o acesso ao
patrimônio genético. A biopirataria é hoje um grave problema para o país, que é
facilitada pela ausência de uma legislação que defina as regras de uso dos
recursos naturais brasileiros. Esta MP não coloca a exploração ilegal dos
recursos como crime e nem estabelece penalidades para os infratores, somente
determina que o acesso aos recursos genéticos depende de autorização da
União.
Saiba mais
Convenção da Diversidade Biológica - entrou
em vigor em 29 de dezembro de 1993 com o objetivo de promover a conservação da
biodiversidade, uso sustentável de seus componentes e uma distribuição de
benefícios justa e eqüitativa com relação ao uso dos recursos genéticos.
Atualmente é composta por 190 países.
Biopirataria no Brasil – Cerca de
38 milhões de animais da Amazônia, da Mata Atlântica, do Pantanal e da região
semi-árida do Nordeste são capturados por traficantes de animais e vendidos
ilegalmente, segundo a ONG Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais
Silvestres (Renctas) http://www.renctas.org.br. A
estimativa é de que, com este comércio, eles faturem cerca de 1 bilhão de
dólares ao ano. Este número, segundo o IBGE, representaria 10% do comércio
ilegal de animais no mundo.
Biodiversidade Brasileira - As diferenças
climáticas contribuem para as diferenças ecológicas formando zonas
biogeográficas distintas chamadas biomas. A maior floresta tropical úmida
(Floresta Amazônica), com mais de 30 mil espécies vegetais, e a maior planície
inundável (o Pantanal) do mundo se encontram nesses biomas, além do Cerrado
(savanas e bosques), da Caatinga (florestas semi-áridas) e da Mata Atlântica
(floresta tropical pluvial). O Brasil possui uma costa marinha de 3,5 milhões
km² com uma variedade de ecossistemas que incluem recifes de corais, dunas,
manguezais, lagoas, estuários e pântanos.
Muitas das espécies brasileiras são
exclusivas (endêmicas) e diversas espécies de plantas de importância econômica
mundial são originárias do Brasil, destacando-se dentre elas o abacaxi, o
amendoim, a castanha do Brasil (também conhecida como castanha do Pará), a
mandioca, o caju e a carnaúba. (fonte: MMA)
Animais em extinção no Brasil
– O país possui 395 espécies, entre mamíferos, aves, répteis, anfíbios, insetos
e invertebrados terrestres, ameaçadas de extinção. A lista é publicada a cada
cinco anos pelo Ministério do Meio Ambiente, através do Ibama e do Instituto
Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Os dados são referentes
a última lista publicada, em 2003.
Riqueza Econômica - Produtos da
biodiversidade respondem por 31% das exportações brasileiras, especialmente
destacando café, soja e laranja. As atividades de extrativismo florestal e
pesqueiro empregam mais de três milhões de pessoas. A biomassa vegetal, contando
o álcool da cana-de-açúcar e a lenha e o carvão derivados de florestas nativas e
plantadas respondem por 30% da matriz energética nacional e em determinadas
regiões, como o Nordeste, atendem a mais da metade da demanda energética
industrial e residencial. Além disso, grande parte da população brasileira
utiliza-se de plantas medicinais na solução de problemas corriqueiros de saúde.
(fonte: MMA)
Livro - "100 animais ameaçados de extinção no Brasil – E o
que você pode fazer para evitar", de Sávio Freire Bruno, publicado pela Editora
Ediouro.