Foto: CNPQ.
Um grupo de
pesquisadores do Laboratório de Referência em Dessalinização (LABDES) da
Universidade Federal de Campina Grande (PB) desenvolveu um tipo de membrana,
feita com fibras ocas, para a dessalinização de águas salobras. Essa nova
membrana pode substituir as importadas, utilizadas hoje nos laboratórios de
dessalinização brasileiros.
O projeto foi
desenvolvido em parceria com a Coordenação dos Programas de Pós-graduação de
Engenharia (COPPE), da Universidade Federal do Rio de Janeiro, com financiamento
do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq/MCT).
A pesquisa buscou
estudos que favorecessem a situação de emergência para uma autonomia nacional,
em termos dos equipamentos necessários, principalmente no caso das membranas
para dessalinizadores. "Estudamos os critérios para viabilizar um maior acesso e
a redução do custo das soluções técnicas já postas em vigor para o fornecimento
de água potável a comunidades inseridas na região do semi-árido brasileiro",
explicou o coordenador do projeto e responsável pelo LABDES, professor Kepler
Borges França.
A produção das membranas ocas, para a dessalinização de águas salobras e salinas, encontra-se agora em fase de consolidação para atingir o patamar de escala industrial. Além deste trabalho, o LABDES vem trabalhando também na linha de produção de membranas cerâmicas, de fluidos para perfuração de poço de petróleo para a geração de energia não-convencional, a produção de hidrogênio eletrolítico e o reuso de águas .
Dessalinização
Há tempos já vem sendo
diagnosticado o problema de escassez de água no mundo, especialmente em países
com grandes regiões semi-áridas como o Brasil. Diante do quadro de baixa oferta
de água potável, uma solução viável e segura para se obter água doce é
dessalinizar a água salobra. Para isto, existem várias técnicas e processos,
como a troca iônica e de eletrodiálise, ou o processo de osmose inversa.
Pensando em uma tecnologia que possa ser adaptada às condições locais de cada
região, tanto econômicas como sócio-culturais, o processo por osmose inversa tem
sido o mais viável e utilizado em diversos países desde o final da década de 60.
"A tecnologia de
dessalinização via osmose inversa é um fato consolidado nos países mais
avançados. Aqui, adquirimos as membranas de fora do país para atender às
necessidades de produção de água dessalinizada para regiões carentes e que não
possuem acesso à água de boa qualidade. Por isso o investimento em pesquisa para
o desenvolvimento de membranas vem ser de extrema necessidade, visando,
principalmente, baratear essa demanda de ordem social e ambiental", completa o
coordenador Kepler França.
Para esta opção, são
perfurados poços na região e a água retirada é submetida ao processo de osmose
inversa por membrana. Segundo o professor Kepler França, o processo consiste,
fundamentalmente, em pressurizar a água salobra, fazendo-a circular por cima da
superfície de membranas seletivas, acomodadas em módulos e que praticamente só
deixam permear a água pura. "São membranas poliméricas que, sobre o efeito de
uma dada pressão aplicada, superior à pressão osmótica da água de alimentação do
sistema, realizam a dessalinização", complementa. Segundo o professor, o sal
retido se concentra na corrente que não passa pela membrana, sendo esta
recolhida para descarte ou aproveitamento posterior, por exemplo, em tanques de
criação de peixes.
Além da produção das
membranas tipo fibras ocas para substituir as membranas importadas, o projeto
também focou em estudar melhorias do desempenho e vida útil dos sistemas de
dessalinização no semi-árido. "Apesar das vantagens do processo de osmose
inversa, existe a dificuldade de acesso a alguns componentes, principalmente
módulos de membranas, importadas e de custo relativamente alto, e as
dificuldades de gerenciamento e manutenção das unidades instaladas, sem os quais
tornam-se inoperantes em curtos intervalos de tempo", explicou o coordenador
Kepler França.
"Nesse contexto, o principal objetivo do projeto foi aumentar a oferta de água potável com a maior eficiência na dessalinização de águas salobras por osmose inversa. Para atingir os resultados, unimos competências e experiências complementares dos pesquisadores da Paraíba e do Rio de Janeiro, de modo que investimos em atuar na solução de um sério problema nacional, que há anos causa flagelo em uma grande parte da população que vive na região do semi-árido brasileiro. A escassez de água potável traz diversas seqüelas, como aumento da taxa de mortalidade infantil e baixo nível de desenvolvimento social e econômico da região", finalizou.
Fonte: água Online / Ascom/CNPQ.