Curauá, bromélia que pertence à mesma família do abacaxi, substitui fibra de vidro em peças de carro e entra na composição de vigas à prova de terremotos.
Pesquisa FAPESP – A fibra de curauá, uma bromélia de
grande porte da região amazônica, pelas suas propriedades mecânicas de alta
resistência, baixa densidade – capaz de conferir leveza ao produto final – e
potencial para reciclagem, está cotada para substituir a fibra de vidro
empregada como reforço ao plástico na fabricação de peças com características
reduzidas e detalhadas, produzidas pelo processo de moldagem por injeção, como
botões do painel de carros, maçanetas e dobradiças de quebra-sol.
Peças
de grandes dimensões, como a parte interna das portas e a tampa do compartimento
de bagagem de alguns modelos de carros, já são fabricadas por um outro processo
com a fibra vegetal como parte de sua composição, mas a demanda tem crescido
rapidamente, muito além do que é produzido atualmente no país, reflexo do
interesse despertado pela possibilidade de vários usos, com resultados
comprovados, da matéria-prima extraída das folhas do curauá (Ananas
erectifolius), que pertence à mesma família do abacaxi.
Entre os usos
estão caixas-d'água, piscinas, tecidos antialérgicos e até a utilização da fibra
vegetal como material substituto para as vigas de ferro usadas no lugar de
concreto em países como o Japão, que enfrentam problemas de tremores de terra de
alta intensidade, pela sua alta resistência mecânica e leveza.
A sobra da
moagem da folha resulta em um produto chamado mucilagem, que pode ser usado
tanto para ração animal, porque contém 7% de proteína, como na fabricação de
papel pela indústria de celulose e adubo orgânico. "Existe hoje uma demanda da
indústria automobilística e têxtil em torno de mil toneladas de fibra por mês",
diz o pesquisador Osmar Alves Lameira, da Embrapa Amazônia Oriental, unidade da
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária em Belém, no Pará, que estuda o
curauá.
A produção atual brasileira, concentrada em Santarém, no Pará, é
de 20 toneladas. Mas é uma cultura que está começando a se expandir, em razão do
interesse despertado pelas pesquisas feitas com o material. "Agricultores de
regiões localizadas na rodovia Belém–Brasília e em municípios como Santo Antônio
do Tauá e Vigia, próximos à baía do Marajó, estão começando a se organizar e
plantar o curauá", diz Lameira. "A idéia é formar grupos para plantar em escala
maior."
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Crédito de imagem: Embrapa Amazônia Oriental
(Envolverde/Agência
Fapesp)