Atentado contra pescador acirra embate contra obra da Petrobras, em Magé

Sindicatos e parlamentares levam solidariedade ao Grupo Homens do Mar, na sexta passada (8)

Um atentado a tiros, na semana passada, contra Alexandre Anderson, uma das lideranças do “Grupo Homens do Mar”, está mobilizando movimentos sociais e sindicais que promoverão amanhã, 8, a partir das 10 horas, um encontro de solidariedade aos pescadores de Magé, no Estado do Rio de Janeiro. Desde que a Petrobras iniciou a construção de dutos, exatamente no local onde lançavam as suas redes, os pescadores estão impedidos de trabalhar. A localidade fica há cerca de 60 quilômetros do Rio.
Em carta dirigida a entidades de defesa dos direitos humanos e a alguns amigos, Anderson relatou, pouco depois do atentado, ocorrido no dia 3 de maio:

“Caros amigos, neste momento estou indo para um lugar seguro, com minha esposa e filho, longe de minha casa e trabalho, pois hoje por volta das 00:30 horas, chegando da pesca, fui recebido a tiros, vindos da direção do canteiro de obras do Projeto GLP da Baía de Guanabara, onde verifiquei dois indivíduos correndo para minha direção. Os disparos passaram próximo a mim alguns centímetros, sem contar as ameaças constantes por telefone. Justamente no mesmo período em que vem acontecendo o Protesto dos Pescadores em Praia de Mauá, em frente ao canteiro do Projeto GLP - PETROBRAS S.A. Estou no dia de hoje fazendo ocorrências policiais”.

Instituições vão pedir apuração dos fatos

Para o encontro de solidariedade desta sexta, já confirmaram presença representações parlamentares e entidades como o Instituto de Políticas Alternativas para o Cone Sul (PACS), Sindicato dos Petroleiros do Rio de Janeiro (Sindipetro-RJ), Coordenação Nacional de Lutas (Conlutas), além dos mandatos dos deputados estaduais Marcelo Freixo (PSol) , Paulo Ramos (PDT) e a Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa (Alerj).

Da Praia de Mauá, no município de Magé, onde vive a comunidade de pescadores, o grupo pretende se dirigir à delegacia de polícia (66 DP), onde foi registrado o atentado, com o objetivo de entregar uma carta ao delegado José Mario Alves dos Santos, exigindo apuração dos fatos e proteção para Anderson. A delegacia fica na Avenida Santos Dumont, em Piabetá (telefone 21-33995260).

Como tudo começou

A notícia do atentado contra Anderson foi recebida com indignação e revolta não só pelos pescadores mas também pelos sindicalistas e entidades de defesa dos direitos humanos.

Desde que a obra começou nem a Petrobras nem as duas empresas contratadas se dispuseram a ouvir as razões dos pescadores. Em resposta à indiferença e ao que entendiam como um desrespeito aos seus direitos econômicos, sociais, políticos e culturais, os pescadores radicalizaram, bloqueando a entrada do canteiro de obras. Já a Petrobras e suas contratadas preferiram acirrar ainda mais o impasse, preferindo a via jurídica.

No dia 2 de maio, as empresas obtiveram uma liminar, determinando a retirada dos barcos dos pescadores do canteiro de obras. No dia seguinte, 3 de maio, quatro tiros foram disparados na direção de Anderson, que é presidente do Grupo Homens do Mar.

O bloqueio às obras começou no dia 9 de abril. Os pescadores alegam que, sem ter como garantir o sustento de suas famílias, precisavam chamar atenção de alguma forma.

A construção do duto faz parte do Projeto GLP da Baía da Guanabara, estando a cargo da Petrobras, que optou por terceirizar os serviços, contratando as empresas GDK S.A. e Oceânica Engenharia. As obras integram o pacote do PAC – Programa de Aceleração do Crescimento, do governo federal.

Os pescadores reclamam dos prejuízos incalculáveis e asseguram não ter qualquer outra alternativa de trabalho. “Desde que o conflito começou, eles estão dependendo da ajuda de amigos, familiares e instituições até para levar comida para casa” – explicou Ronaldo Moreno, assessor do Sindicato dos Petroleiros do Rio de Janeiro.

Os pescadores denunciam prejuízos ao meio ambiente e garantem que a construção do duto vai inviabilizar a pesca na região por até oito meses, além de prejudicá-la por tempo indeterminado.

Para mais informações sobre o ato desta sexta, os contatos podem ser feitos com o Grupo Homens do Mar, pelo telefone (21) 85427888.

Fonte: Agência Petroleira de Notícias.
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