PSOL DE MACAÉ NAS HOMENAGENS A CHE GUEVARA

CHE GUEVARA HASTA LA VITORIA SIEMPRE

Centenas de militantes participaram nesta segunda e terça (8 e 9/10) das homenagens aos 40 anos da morte de Che Guevara, realizadas na cidade de Vallegrande, na Bolívia. Ao lado de lutadores de países como Argentina, Colômbia, França, Venezuela e Inglaterra, uma pequena delegação brasileira se somou a este momento histórico. O mandato do deputado Ivan Valente se fez presente no ato político de inauguração do novo mausoléu em memória de Che, construído pelo governo do presidente boliviano Evo Morales, no local onde foram encontrados os restos mortais do revolucionário.

"O resgate dos 40 anos da morte de Che tem uma importância muito grande no atual momento político da América Latina. Os ideais de Che, a idéia da liberdade latino-americana, se colocam como continuidade de seu pensamento, particularmente na Bolívia, onde um indígena lidera um movimento transformador", afirma Ivan Valente, em referência ao presidente Morales.

Para o deputado, há uma simbologia em estar nos locais onde Che foi assassinado, no povoado de La Higuera, e onde seu corpo foi exposto ao público. "Seus algozes tinham receio da simbologia de Che. E hoje, 40 anos depois, uma parte da imprensa burguesa ainda tenta manchar sua imagem, conquistada com muita luta. Na Bolívia, a direita também pretende manchar sua história e seu compromisso com o socialismo, mas a tentativa de apagar este herói revolucionário da história não vinga, porque permanece nos corações de todo o mundo", acredita Ivan.

O presidente estadual do PSOL em São Paulo, Miguel Carvalho, também esteve na Bolívia, reafirmando o papel histórico de Che e a atualidade de seu pensamento.

Leia abaixo o pronunciamento feito pelo deputado Ivan Valente nesta quinta-feira (10/10), após chegada da viagem à Bolívia.

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Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, entregamos a esta Casa hoje manifestação pela passagem dos 40 anos do desaparecimento de Ernesto Che Guevara, na Bolívia, assassinado pela CIA e pelo Exército Boliviano.

Já tive oportunidade de discorrer desta tribuna sobre a vida e a história de Che, mesmo assim, desejo externar aos Parlamentares desta Casa que estive na cidade de Vallegrande, na Bolívia, onde foi enterrado o corpo de Che Guevara e depois exumado, levado para Santa Clara, em Cuba, onde delegações do mundo inteiro prestaram homenagens a um lutador revolucionário, um jovem idealista, alguém que se colocou com desprendimento, idealismo e um programa transformador na cabeça, a serviço do fim da desigualdade social, indignando-se com a injustiça da sociedade moderna.

Pudemos ver a emoção e esperança nos rostos de milhares de jovens que foram à vila de La Higuera, onde ele foi assassinado, depois de preso, por ordem do serviço secreto americano e do Pentágono.... Depois, ele foi levado como um troféu para a cidade de Vallegrande. Em todos esses locais, existem monumentos a Che Guevara.

Hoje, Bolívia, Venezuela e Equador, na verdade, apontam na direção de um sonho, de um projeto de nação, de um programa democrático e popular no rumo do socialismo. O que estamos vendo nesses países é participação popular. É resgate de um programa que não submeterá os povos ao imperialismo, à lógica e à sanha do capital financeiro. Por isso, o sonho de Che Guevara vive. Por isso suas idéias, seus ideais, seu desprendimento e o sangue derramado na Bolívia, hoje, são encampados por milhares de oprimidos, excluídos, indígenas, trabalhadores.

Fomos pessoalmente dizer que as idéias de Che Guevara vivem e viverão nos corações de milhares de lutadores sociais.

Há quarenta anos, tombava em La Higuera, nas selvas bolivianas, o revolucionário Ernesto Che Guevara assassinado pelo exército boliviano em colaboração com a CIA (Agência Central de Inteligência Americana).

Che, hoje, é lembrado em todo o mundo pelo exemplo de despreendimento, idealismo e determinação em sua luta por justiça social e liberdade e na construção do homem novo.
Che foi uma flor arrancada prematuramente do caule, como disse hoje Fidel Castro. Quatro décadas depois de seu covarde assassinato, a vida, as idéias e, sobretudo, a ação revolucionária são lembradas no mundo inteiro por todos aqueles que continuam a se indignar contra as desigualdades sociais e contra as opressões de todos os tipos.

De Ernesto a Che
Ernesto Guevara nasceu em 14 de junho de 1928 em Rosário, na Argentina. Filho de uma família de classe média, Ernesto viveu nos anos 50 como tantos jovens argentinos, sob o signo do peronismo. Como outros de sua geração teria uma promissora carreira pela frente, como futuro médico formado pela Universidade de Buenos Aires. Porém, uma experiência o marcaria por toda a vida.

Jovem, com 23 anos, se aventurou a conhecer nosso continente com o amigo Alberto Granado. Em 1952, partiu de Buenos Aires e cruzou a América do Sul, da Patagônia à Venezuela. Depois da travessia os viajantes jamais foram os mesmos.

A aventura se transformou no contato com a América mestiça, com os índios, com os pobres do continente, com a dura realidade de exploração e pobreza a que estão submetidos milhões de irmãos latino-americanos.

Nessa caminhada passou pela Bolívia, pela Guatemala, onde pôde viver a rica experiência do exercício e da derrota (pela intervenção militar estadunidense) do governo democrático de Jacobo Arbenz.

Ao final de sua viagem descobriu a Nuestra América com seus povos originários, mestiços e explorados, índios e camponeses e suas cosmogonias fantásticas. Ernesto nunca mais foi o mesmo. A descoberta da América Latina, no lombo de uma motocicleta, o transformou naquele que futuramente viria a ser o Che.

O revolucionário exemplar
Por que o Che, 40 anos depois da morte, desperta simpatia, admiração e exemplo em todo o mundo? Por que sua imagem insolente continua viva, como a desafiar ainda aquela ordem que um dia ousou derrotar?

Nos parece que três razões mantêm viva a memória de Che Guevara: os valores, o exemplo e sua trajetória de revolucionário latino-americano que continua a despertar o interesse de milhões de homens e mulheres, sobretudo, entre a juventude.

Os valores do Che representam o vigor e a rebeldia que tanto caracterizam milhões de jovens em todo o mundo. Os poderosos o assassinaram nas selvas bolivianas. O exército boliviano tentou esconder seu cadáver. Procuraram apagar sua imagem. Mas, a única coisa que conseguiram foi aumentar ainda mais a admiração por sua trajetória.

Quiseram assassiná-lo e, mesmo hoje, os poderosos tentam por meia dúzia de lentilhas aniquilar o inconformismo do seu exemplo, procurando enterrar junto com seus ideais, suas idéias.

Mas, não conseguem. A imagem do Che está presente em camisetas, bonés, bandeiras, em tatuagens nos braços e no corpo dos jovens, num dos maiores fenômenos políticos de que se tem notícia. Mas, isso não éo principal. Apesar de se tornar uma marca conhecida em todo o mundo, Che não tem nada a vender. Seu único produto são seus valores, suas idéias, seu exemplo. Ainda hoje éisso que desperta o sonho e a rebeldia de milhares de jovens mundo afora e o que mais temem os poderosos de todas as latitudes.

Aqueles que querem folclorizar, institucionalizar ou até comercializar a imagem do Che não conseguirão, porque em seu olhar fixo, duro, rebelde, cobrador, insolente, generoso, brilha a igualdade social e a rejeição ao "status quo". Nesse olhar cintila a transformação, a fraternidade, a luta e a revolução, que continua significando transformação.

Che viveu concretamente e ousou levar os ideais até as últimas conseqüências. O que Che deixou foi o exemplo. A combinação entre a teoria e a ação prática, a formulação e o exemplo. Como ele mesmo disse: quando o extraordinário se transforma em cotidiano é a revolução. Che foi o homem que viveu intensamente suas idéias, sem o medo de pagar o preço necessário pelos riscos desencadeados. O filósofo francês Jean Paul Sartre disse que Che viveu como o homem mais completo do século XX.

A revolução cubana
Foi esse homem, produto do seu tempo, que fez de sua vida uma obra dedicada aos oprimidos, que como militante socialista foi um dos heróis da revolução cubana. É universalmente conhecida a epopéia dos revolucionários que, a bordo do "Granma", saíram do México em direção a Cuba e, na "Ilha", após os primeiros revezes do desembarque, ganham a "Sierra Maestra" para empolgar o país e derrotar a ditadura de Fulgêncio Batista e os apoiadores do poder imperialista. Junto com Fidel Castro, Camilo Cienfuegos, Raul Castro e tantos outros, derrotaram o imperialismo e implantaram o socialismo em Cuba.

Nas tarefas da revolução Che Guevara foi também um estadista. Nesta condição, foi responsável pelo Instituto Nacional de Reforma Agrária, pelo Banco Nacional de Cuba e, depois, Ministro das Indústrias.

É nessa condição que viaja pelo mundo, no combate para romper a sabotagem e o cerco econômico, político, diplomático, militar, ideológico e cultural movido pelo imperialismo ianque contra a revolução. É também nesse quadro que ele comparece à famosa Conferência da OEA em Punta del Este, convocada para condenar a "Ilha" e distribuir financiamentos americanos aos governos leais. É nesse evento que mostra sua habilidade e firmeza, passando de acusado a acusador do imperialismo e de seus lacaios.

Como é sabido, terminada essa reunião, ele vai clandestinamente à Argentina encontrar-se com o então Presidente da República, Frondizi (que seria deposto posteriormente por um golpe militar) e vem a Brasília, onde é condecorado pelo Presidente Jânio Quadros.

Humanismo revolucionário
É amplo o leque de assuntos aos quais o revolucionário Ernesto Che Guevara procurou responder. Sem pretender discorrer aqui sobre sua obra, é necessário destacar que esses trabalhos evidenciam a preocupação em combater o objetivismo que então dominava o marxismo, ameaçando torná-lo uma espécie de escolástica. As páginas que Che produziu materializam o talento e a tensão de um revolucionário preocupado em ressaltar o valor do exemplo pessoal e coletivo, da disciplina e da rebeldia na luta de classes e na luta pelo socialismo. As obras do Che enfatizam a sua preocupação em valorizar o nacionalismo revolucionário, a ação anti-imperialista e internacionalista como elementos centrais da luta socialista na América Latina. Um dos aspectos mais importantes do aporte político-teórico de Che - e certamente um dos que lhe conferem uma marca mais nítida entre os maiores revolucionários que a humanidade produziu - diz respeito à sua preocupação com o que tem sido denominado "humanismo revolucionário".

Nesse terreno, Che Guevara não foi somente o militante que não se intimidou em sublinhar: "deixe-me dizer, com o risco de parecer de ridículo, que o verdadeiro revolucionário é movido por grandes sentimentos de amor". Ele foi entre os grandes socialistas deste século um dos que se destacou por enfatizar a necessidade da construção do homem novo como parte do processo de revolucionarização da sociedade em direção ao comunismo. Ele negava que esse objetivo pudesse se tornar tangível com base nos interesses individuais herdados do capitalismo.

Eis porque valorizava a educação como elemento decisivo na transição socialista. Eis porque o Che atribuía a valores como solidariedade, disciplina, honestidade, integridade pessoal importância central nessa caminhada. O Che mais do que ninguém destacou - conforme a correta percepção de Eder Sader - a "superioridade humana daqueles que dedicam suas vidas à revolução, frente àqueles que só cuidam de seus interesses particulares. E o poder de convencimento desse discurso moral elementar repousou sempre na franqueza transparente de suas palavras: tratava-se de alguém que nada possuía e nada pedia a não ser melhores condições para continuar lutando".

Contra a burocracia
É na construção dessa trajetória de homem de armas e de Estado que o Che, vai explicitar, em condições muito difíceis, outra faceta igualmente admirável: a de não se dobrar ante a arrogância e a conduta fossilizada de potenciais ou efetivos aliados. Com todo cuidado e com toda a responsabilidade dos cargos que ocupava, não deixou de efetivar o bom combate e de denunciar o burocratismo e o farisaísmo dos dirigentes dos Partidos, autodenominados comunistas, então no poder na ex-URSS e na China. Temos, aqui, portanto, uma outra dimensão dessa extraordinária personalidade revolucionária: a do combate ao burocratismo de certos dirigentes e partidos que se reivindicavam de esquerda.

A propósito disso, não podemos deixar de anotar que essa é uma conduta verdadeiramente revolucionária, corajosa e generosa; muito diferente daquela adotada pelos que, hoje, numa linha de submissão ao "espírito do tempo", abandonam qualquer perspectiva transformadora para se adaptarem ao status quo, às benesses do poder e às facilidades do conformismo fácil que seqüestra o sonho e rouba a esperança.
Che Guevara não se contentou em ser um dos mais prestigiados membros do Estado de Cuba. Tampouco deitou-se sobre os louros da condição de dirigente de uma revolução vitoriosa. Como conseqüência do seu combate ao burocratismo e da necessidade de expandir o processo transformador na América Latina e pelo mundo, ele foi ao Congo, e mais tarde à Bolívia, onde seria combatido e assassinado pelas forças armadas daquele país.

A descoberta de Nuestra América
A luta do Che continua atual. É o seu exemplo e, sobretudo, a possibilidade de, como diria o poeta, fazer o caminho no caminhar que deixam viva sua trajetória exemplar. Che Guevara ousou inventar um mundo e um homem novos, tornando cotidiano o extraordinário da revolução e incendiando a América Latina com o exemplo dos revolucionários que queriam não um, mas vinte Vietnãs.

Hoje, os ideais do Che são relembrados em todo o continente. A América Latina atual é palco de lutas que desafiam o imperialismo juntando à Cuba tantos outros países, como Venezuela, Bolívia e Equador. O que ocorre com nossos irmãos latino-americanos é a verdadeira aventura de reinventar a vida e lutar para conquistar a mudança social e a libertação dos nossos povos. A cara desse fenômeno é quéchua, aymara, guarani, a redescoberta indígena, negra, popular e feminista que vai beber na história de dominação indo-americana para retomar o exemplo de resistência e experiência revolucionária presente nas nossas origens. É por isso que Che continua alimentando a chama transformadora de Nuestra América, assim como Marti, Bolívar, Sandino, Zapata, Zumbi e tantos outros mártires que entregaram suas vidas pelo ideal da Pátria Grande.

***

Queremos homenagear um ser político com uma enorme folha de realizações em prol da humanidade. Um militante revolucionário, que certamente cometeu erros, precisamente porque "ousou lutar, ousou fazer e ousou vencer". Justamente por isso e por ter perseguido com tanta intensidade as grandes causas, ele cometeu erros políticos, incorreu em avaliações que posteriormente revelaram-se falhas e assim por diante. Características pois de uma personalidade e de uma obra políticas (e não de uma figura e de uma doutrina místicas) que permanecem vivas, como produtos humanos.
Milhões no mundo irão homenagear o Che. Mas, seu lugar não é nem do mito, fenômeno acima da política, e nem do fracasso que quer impedir que o exemplo se transforme em ação. O lugar de Che Guevara é do homem que dedica sua vida ao combate contra toda forma de injustiça e opressão que possa se manifestar ontem e hoje. Seu humanismo libertário e revolucionário não deixava dúvidas. E foi esse seu principal legado, escrito como mensagem em carta a seus filhos e às futuras gerações: a mais bela qualidade de um revolucionário é sentir profundamente qualquer injustiça cometida contra qualquer pessoa em qualquer parte do mundo.

Hasta la vitória siempre!
Che Guevara vive e a luta segue!

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