ECILA

José Milbs

Capítulo II

Os olhos de seu pai Mathias, tinham o colorido castanho dos homens oriundos das terras Espanholas e portuguesas. Não era alto mais também não era baixo.Nasceu em Cabo Frio, lugar distante de Macaé umas 25 horas de cavalo. Devia medir um metro e setenta e sua pele branca, queimada pelo sol das cavalgadas em sua fazenda lhe trazia um belo colorido de pele. Seus cabelos eram negros com pechas brancas na região do sobrolho. Mais para cima da orelha para ser mais preciso. Tinha as mãos divinamente torneadas por pendentes braços longos e, quando falava era com gestos compassados que lhe davam um toque de inteligência e saber. Ensila o via nas suas infâncias noturnas e saudosas.

Quando ia na Igreja, ou mesmo visitar os seus primos ficava horas imaginando e se perguntando por que outras meninas tinham o pai perto e ela não. Procurava se culpar. Seria porque ela não tinha sido nascida homem? As pessoas lhe falavam de um seu irmão de nome José Milbs que tinha morrido de grupe aos 2 anos. Ele seria o herdeiro do Airys porque tinha sido o único varão do Capitão Mathias que, no seu primeiro casamento tinha nascido apenas mulheres. Maria, Leonor, Ondina e Maria.

Ecila sabia que seu pai, quando se casou com sua mãe Alice Quintino da Silva Lacerda, era viúvo da irmã de Francisco Lobo (Chico Lobo) que era casado com uma prima de sua mãe Alice de nome Santa.

Das três filhas que sei pai Mathias tinha com a irmã de Chico Lobo e sua tia Santa, Maria morreu de parto quando nasceu Heros Borges de Lacerda.

Mathias era amigo do governador Sodré e tinha sido nomeado juiz de paz e, sua morte se deu de sua ida a Província do Rio de Janeiro para tomar posse no cargo de Juiz. Lá, tinha sido acometido de dores no peito e, com todos os recursos da época, não evitou sua morte..

Onde Ecila ia, com 9, 10, 11 nãos, Todos falavam sobre seu pai, onde quer que ela ia na cidade onde nasceu e morava. Diziam os Pereiras de Souza de família de Washington Luiz presidente e amigo dele, falavam na casa de dona Santinha, mulher de Joaquim Santos. Ecila chorava, nos cantos das portas, quando ia na casa da viúva do Dr. Júlio Olivier. Todos diziam do afeto da cidade ao seu pai.Como evitar ouvir falar nele se onde quer que fosse, só ou em companhia de sua mãe ou avós, era dele que se falavam e, de sua vida precocemente ida. A câmara, onde ele era vereador ficou de luto. Custodio, Júlio Olivier, Miranda Sobrinho, Benedito Peixoto, Antenor Tavares, Lafaiete Vieira, Amphilophio Trindade, Elpidio Costa, Laffaiette Vieira, Cezar Mello, Sizinando de Souza, eram alguns dos senhores que conviveram com seu pai e falavam com Ecila f sobre o pai, tecendo os mais longos e preciosos elogios de sua ausência e influencia na comunidade. Era uma constante presença onde quer que fosse. Quando na Farmácia de seu Maninho ela ia ou na de seu Siqueira para conversar com dona Delzinha era sempre o pai ausente., a presença viva do pai que Ecila tinha perdido. Lia livros infantis e buscava algum que pudessem ser comparado Ao seu pai. Nada, Olhava para Chico Lobo, revia a doçura de seu avo Emílio. Nada. Ninguém era tão bonito com o seu pai que tinha sido enterrado no Cemitério de Santana. Tinha dia que até praguejava contra a criação e pensava:

Porque que Deus faz o pai da gente tão bonito e tão bom:? Já que ele teria que morrer um dia? Por que não fez o pai da gente feio e mal? Assim a gente não sofreria tanto a ausência dele...

ANTES AOS 9 ANOS

Ecila já tinha caminhado para os 9 anos quando sua mãe, de comum acordo com as enteadas e demais parentes., resolveram vender o Airys. Era uma das maiores.


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