Gaza: Israel promove Matança Eleitoreira

Pacifistas israelenses afirmam que bombardeios de Gaza  é para garantir reeleição da ultra-direita

Pode parecer enxugar gelo, mas não dá para calar diante da nova ofensiva mortífera de Israel, no seu cultivado confronto com o Hamas, o Movimento de Resistência Islâmico, criado em 1987 pelos Xeques Ahmed Yassin, Abdel Aziz al-Rantissi e Mohammad Taha,  da ala palestina da Irmandade Muçulmana do Egito.

Isto porque o Estado de Israel é hoje uma incontrolável potência militar e econômica, mesmo com menos de 8 milhões de habitantes estimados para este ano no seu “território-base” (números 2007 indicavam  5,4 milhões, contra os 5,6 milhões de judeus norte-americanos, segundo o jornal israelense Maariv).

Apesar dos limitados recursos naturais, tem hoje um renda per capita de US $ 32 mil, quase três vezes a brasileira, graças a ingressos de dinheiro vindo de todas as partes do mundo, especialmente dos Estados Unidos, cuja economia sofre grande influência de sionistas.

Essa nova operação de guerra que já vitimou 107 palestinos em seis dias de ataques aéreos acontece porque Israel pode, tem um arsenal de guerra muito maior do que o do Brasil e conta com a imobilização providencial de quem poderia segurar seus ímpetos.

Desta vez, os bombardeios fazem parte da campanha eleitoral, como escreveu  no The Daily Beastdos EUA,  Gidon D. Remba, diretor executivo da Aliança Judaica pela Mudança, organização que trabalha pela democratização de Israel.

Gidon D Remba apontou matança
como manobra eleitoreira

“O medo de perder as próximas eleições e os crescentes presságios dessa inquietação podem ter desempenhado o papel de orientar Netanyahu a assassinar o líder militar do Hamas, o comandante Ahmde Al-Jabari e optar por uma retaliação em larga escala contra os foguetes jogados pelo Hamas, quando Jabari estava considerando seriamente a possibilidade de uma trégua de longo prazo com Israel. Neste mesmo dia, Ehud Olmert (centrista que estava à frente do governo nos ataques de 2008) também esperava lançar-se para concorrer com Netanyahu ao cargo de primeiro ministro, enquanto o Likud e Yisrael Beiteinu (coalizão de ultra-direita no poder) estavam caindo nas pesquisas. Não há, afinal, nada como uma vitória militar temperada com medo para unir os israelenses ao redor da bandeira de líderes fortes no poder”.

Obama não tem peito de contrariar

Se essa manobra vai vingar na eleição israelense do dia 22 de janeiro, tudo vai depender dos próximos acontecimentos. Mas ela por si diz da certeza de impunidade e cumplicidade em relação ao poder que o governo israelense dispõe sobre as vidas dos palestinos, sacrificados apenas para garantir a continuidade do governo ante a possibilidade do crescimento da oposição “moderada”.

Cumplicidade principalmente do presidente Obama, que tentou justificar os bombardeios, alegando que eram “atos de defesa”, e viajou para as bandas de Miamar, Cambodja e Tailândia porque sabe ser inconveniente para seu governo, às voltas com um déficit monumental que aumenta US $ 1 trilhão a cada ano, fazer qualquer coisa que possa ser mal recebida pelos sionistas, influentes em todos os segmentos da economia norte-americana.

É até provável que se consiga uma nova trégua nas próximas horas porque a ameaça de invasão por terra poderá ter efeitos negativos para o projeto eleitoral do premier israelense.

Mas a possibilidade de outros ataques existirá sempre que o complexo político-militar-econômico israelense demandar.

Israel preferiu desconhecer o plano de paz

Nesta matança eleitoreira, Netanyahu quis também barrar os progressos para se obter uma trégua duradoura. Horas antes de Ahmed Jabari ser assassinado, o chefe militar do Hamas recebeu o rascunho de um acordo permanente de trégua com Israel, que incluía mecanismos para manter o cessar-fogo, em caso de uma escalada entre Israel e as facções da Faixa de Gaza. Foi o que disse o militante pacifista israelense Gershon Baskin.

Gershon Baskin trabalhou
pessoalmente por um acordo

“Eu penso que eles cometerem um erro estratégico”, disse Baskin, um erro “que custará a vida de um número considerável de pessoas inocentes em ambos os lados”.

“Esse sangue poderia ter sido poupado. Quem tomou essa decisão deve ser julgado pelos eleitores, mas para o meu lamento, eles terão mais votos por causa disso”, acrescentou.

Segundo Baskin, durante os últimos dois anos, Jabari internalizou o entendimento de que a rodada de hostilidades com Israel não beneficiaria nem o Hamas nem os habitantes da Faixa de Gaza e só causaria sofrimento, e muitas vezes intercedeu para evitar ataques do Hamas contra Israel.

Ele disse que até mesmo quando o Hamas foi levado a participar do lançamento de foguetes, os seus foguetes eram sempre dirigidos a áreas abertas. “E isso era intencional”, esclareceu Baskin.

Nos últimos meses, Baskin esteve em contato permanente com representantes do Hamas, com membros da inteligência egípcia e também com oficiais de Israel, cujos nomes ele se recusa a divulgar. Há alguns meses Baskin apresentou ao ministro da defesa Ehud Barak um rascunho de um acordo preparado para constituir uma base para uma trégua permanente entre Israel e o Hamas, que evitaria as repetidas trocas de tiros.

“Em Israel”, disse Baskin, “eles decidiram desconhecer o plano e nos meses recentes eu tomei a iniciativa de fazer pressão de novo”.

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