O naufrágio do Wilhelm Gustloff

O Wilhelm Gustloff era um navio transatlântico alemão. Foi assim batizado em homenagem ao líder do NSDAP da Suíça. Ao final da Segunda Guerra Mundial, em uma missão para ajudar as multidões de alemães que fugiam do cerco do Exército Vermelho no Leste, foi atingido por três torpedos soviéticos, vindo a afundar no Mar Báltico em 30 de janeiro de 1945. O naufrágio do Wilhelm Gustloff é considerado, entre tantos outros, um crime de guerra dos aliados.

O Início da sua História:
O Wilhelm Gustloff foi construído para a Kraft durch Freude (KdF) (Força pela Alegria), uma organização civil que promovia atividades culturais e recreativas, incluindo concertos e outras festividades para os trabalhadores alemães de todas as classes.
Em 4 de Abril de 1938, em uma de suas primeiras viagens, efetuou, sob péssimas condições de mar, o salvamento da tripulação de um cargueiro britânico - o SS Pegaway - com grande repercussão na imprensa britânica. Em 20 de Abril de 1938, partiu, junto com outros navios da frota KdF para a viagem inaugural como navio de cruzeiro rumo ao arquipélago da Madeira, com escala em Lisboa. O tamanho do navio, o luxo sóbrio e o fato de permitir viagens em classe única para todos, impressionou à época.
Os fiordes noruegueses, tal como Lisboa e o Funchal, na Madeira, tornaram-se destinos de eleição. O navio efetuou cerca de cinqüenta viagens em tempo de paz, transportando cerca de 70.000 passageiros, sempre com grande sucesso. Em 25 de Maio de 1939, colaborou, junto com outras unidades da KdF, no repatriamento da Legião Condor após o fim da Guerra Civil Espanhola.
Com o início da Segunda Guerra Mundial foi transformado em navio-hospital, colaborando na evacuação de feridos da Polônia e mais tarde, após a invasão da Dinamarca e Noruega pelas tropas alemãs, de Oslo. A 17 de Novembro de 1940 foi transferido para Gotenhafen (hoje, Gdynia) e colocado fora de serviço como navio-hospital, passando a navio-alojamento em 20 de Novembro de 1940.

Fugindo do Terror Soviético:
No final de janeiro de 1945, a poucas semanas do fim da Segunda Guerra Mundial, multidões de alemães estavam em fuga do cerco soviético no centro da Europa. Enfrentando temperaturas de 20 graus Celsius negativos, o formigueiro humano vinha em direção à costa do Mar Báltico. Na maioria eram mulheres e crianças, com a expectativa de entrar num navio com destino ao Ocidente.
Muitos destes refugiados alemães viviam na Prússia Oriental, uma parte da Alemanha que os Aliados Comunistas e Democráticos concordaram que fosse tirada da Alemanha e dada para a União Soviética no fim da Segunda Guerra Mundial. Outros viviam em Dantzig e nas áreas vizinhas, que os democratas e os comunistas decidiram que fosse tirada da Alemanha e dada para a Polônia. Todos esses refugiados estavam fugindo em terror do Exército Vermelho, que já tinham demonstrado na Prússia Oriental o que estava guardado para qualquer alemão desafortunado o bastante para cair em suas mãos.
A medida que unidades militares soviéticas atingiam colunas de refugiados civis alemães fugindo para o Oeste, eles se comportavam de uma maneira que não tinha sido vista na Europa desde as invasões Mongóis na Idade Média. Frequentemente os homens, a maioria deles fazendeiros ou alemães que tinham sido engajados em outras ocupações essenciais e portanto dispensados do serviço militar, foram simplesmente fuzilados no ato. As mulheres eram, quase todas sem exceção, estupradas em gangue. Este foi o destino de meninas tão jovens quanto oito anos de idade e mulheres nos seus oitenta, assim como mulheres em estado adiantado de gravidez. Mulheres que resistiam ao estupro tinham suas gargantas cortadas ou eram fuziladas. Muito frequentemente as mulheres eram assassinadas depois de serem estupradas em grupo. Muitas mulheres e meninas foram estupradas tantas vezes e tão brutalmente que elas morreram apenas desse abuso.
Algumas vezes, colunas de tanques soviéticos simplesmente passavam por cima dos refugiados em fuga, triturando-os com a lama com suas esteiras de tanques. Quando unidades do exército soviético ocuparam vilas na Prússia Oriental, eles se engajaram em orgias de tortura, estupro e assassinato tão bestiais que elas não podem ser descritas inteiramente aqui. Algumas vezes eles castraram os homens e meninos antes de matá-los. Algumas vezes eles arrancaram seus olhos fora. Algumas vezes eles os queimaram vivos. Algumas mulheres depois de serem estupradas em grupo foram crucificadas sendo pregadas em portas de celeiros enquanto ainda vivas e usadas como alvo para praticar tiro.
Uma causa específica e imediata para as atrocidades cometidas contra a população alemã na Prússia Oriental foi a propaganda de ódio soviética que deliberadamente incitou as tropas soviéticas a estuprar e assassinar – a assassinar inclusive crianças alemãs. O chefe dos comissários de propaganda soviética era um judeu cheio de ódio chamado Ilya Ehrenburg. Uma de suas diretivas para as tropas soviéticas dizia: "Matem! Matem! Na raça alemã não há nada além do mal; nem um entre os vivos, nem um entre os ainda não nascidos, além de mal! Sigam os preceitos do Camarada Stalin. Aniquilem a besta fascista de uma vez por todas em sua toca! Usem a força e quebrem o orgulho racial dessas mulheres alemãs! Tomem-nas como sua pilhagem de direito! A medida que vocês avancem, matem, nobres soldados do Exército Vermelho!".
Portanto, civis alemães estavam fugindo aterrorizados da Prússia Oriental, e para muitos deles a única rota de escape foi através do gelado Mar Báltico. Eles se aglomeraram no porto de Gotenhafen, perto de Dantzig, esperando achar uma passagem para o Oeste. Hitler deu ordem para todos os navios civis disponíveis para ajudar no esforço de resgate. O Wilhelm Gustloff foi um destes.

O Naufrágio:
O Wilhelm Gustloff já havia cumprido a metade do caminho quando, um pouco depois das 21 horas, três torpedos do submarino russo S-13 o atingiram. O Wilhelm Gustloff logo adernou. A multidão que se agarrava no convés começou a ser jogada na água. Outros, apavorados, saltavam diretamente lá do alto. A gritaria no convés era acompanhada de tiros dos que preferiam suicidar-se ou atirar nos familiares antes. Como distribuir os parcos botes salva-vidas para 9.343 passageiros, sendo que muitos deles estavam cobertos de gelo? O SOS foi lançado e aos poucos começaram a chegar os auxílios. Os faróis dos barcos e das lanchas de socorro vararam a noite inteira em busca de sinais de vida, enquanto corpos, milhares deles, vagavam sem destino em meio aos blocos de gelo, boiando salpicados de neve. Os que conseguiam ser resgatados estavam enregelados, as mãos azuladas e encarangadas e o olhar petrificado. Ao amanhecer as equipes de salvamento haviam retirado 1.239 náufragos (outros reduzem-nos para 996) daquele horror. A situação só não foi pior porque eles estavam próximos ao litoral da Pomerânia, mesmo assim supõe-se que oito mil pereceram.
Alguns dias depois, em 10 de fevereiro de 1945, o mesmo submarino soviético afundou um navio-hospital alemão, o General von Steuben, e 3.500 soldados feridos a bordo do navio, que estavam sendo evacuados da Prússia Oriental, afogaram-se. Em 6 de maio de 1945, o navio-cargueiro Goya, também parte da frota de resgate, foi torpedeado por outro submarino soviético e mais de 6000 refugiados vindos da Prússia Oriental morreram.
Apesar desses desastres, a operação de remoção do maior número possível de civis alemães orientais foi tida como um sucesso, pois conseguiram o translado de 2 milhões deles para fora da órbita soviética. A tragédia do Wilhelm Gustloff, um barco de turismo adaptado às pressas para a fuga, perdurou no tempo como um desastre que poderia ter sido evitado, não fosse o clima de revanche que embalava os soviéticos.
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