Brasil sob pressão da CIA (Central Intelligence Agency)

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A CIA quer eleger o TUCANO

Mais de 200 (mais de 800 já assinaram até a hora desta postagem[Nrc]) ativistas políticos, intelectuais, artistas gente de arte e cultura assinaram um manifesto sobre o dia 26 de outubro de 2014 (votação do 2ºturno das eleições no Brasil [Nrc]), chamando atenção para as ações hostis de Washington, com o objetivo de impedir a reeleição da presidenta Dilma Rousseff. O documento está postado em redes sociais. Diz que uma possível chegada ao poder de Aécio Neves do PSDB (Partido da Social Democracia Brasileira), que representa os interesses dos magnatas, provocará dano irreparável ao país e removerá quaisquer impedimentos que haja hoje ante a interferência direta nos assuntos internos do país. Neves ficará no papel de instrumento obediente nas mãos do governo dos EUA. Washington está fazendo de tudo, para conseguir que Neves seja eleito – algumas coisas são feitas só discretamente; outras são ações completamente clandestinas.

Todos os recursos de propaganda e de informação da CIA estão mobilizados para apoiar Neves. Cerca de 80 milhões de brasileiros têm acesso à internet, 150 milhões são usuários de telefones celulares. Os serviços especiais dos EUA conhecem muito bem inúmeras técnicas para desestabilizar países. Recentemente, o país foi cenário para “protestos” contra a Copa do Mundo, mostrando que já há forças implantadas no Brasil, prontas para serem acionados em cenário de “revolução colorida” a qualquer momento.

No Brasil não há qualquer tipo de restrição à operação de organizações não governamentais (ONGs), e muitas das ONGs que operam no Brasil têm ligações diretas com pessoal da embaixada e de consulados dos EUA, como com operadores da United States Agency for International Development, USAID. Essa “inteligência” é usada para desacreditar as políticas do governo de Dilma Rousseff. Espalham-se mentiras e desinformação, que pintam o governo como inefetivo e ineficaz, por todos os meios disponíveis. “Especialistas”  de televisão preveem o colapso nacional, no caso de a atual presidenta ser reeleita. Distribuem resultados duvidosos de “pesquisas de intenção de voto” que só fazem confundir e complicar ainda mais qualquer visão objetiva da realidade.

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Jornais usados como veículo de propaganda dedicados a distribuir “informação” de pesquisas que as próprias empresas jornalísticas fazem ou encomendam a outras empresas, repetem incansavelmente a expressão “empate técnico”, que oferece muitos espaços para manipulação, falsificação e distorção de fatos, de que a CIA serve-se para empurrar para a “liderança” nas pesquisas o candidato cuja eleição mais interessa aos EUA.

Há alguns anos, viu-se idêntico fenômeno no México. Enrique Peña Nieto, candidato apoiado pelos EUA, concorreu contra Lopez Obrador, candidato das classes populares e apoiador de Hugo Chávez. A manipulação e falcatruas para dar a vitória a Peña foram amplas e disseminadas, e muito mexicanos ainda duvidam de sua vitória nas urnas, mas Washington declarou que as eleições teriam sido transparentes e honestas.

Rubens Antônio Barbosa, principal conselheiro de Aécio Neves para assuntos internacionais é candidato virtual ao posto de Ministro das Relações Exteriores. Muitos apoiadores de Rousseff o têm como principal agente da CIA no Brasil, para influenciar o resultado das eleições. Barbosa foi Embaixador do Brasil em Washington, [é autor publicado pelo Instituto Milênio] e presidente do Conselho Superior de Comércio Exterior da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo. Em harmonia com sua orientação pró-EUA, fala de “despolitizar a política externa” e de o Brasil “reconsiderar suas prioridades estratégicas em relação aos EUA e à China”.

Depois do auge do escândalo da espionagem, quando se soube que os telefones da presidenta Rousseff, de membros do gabinete, comandantes militares e de serviços especiais estavam sendo espionados pela NSA-CIA, e depois que o presidente Obama recusou-se a pedir desculpas formais, o Brasil passou a estreitar suas relações com a China – seu principal parceiro comercial desde o governo do ex-presidente Lula da Silva. Agora, Barbosa diz que, no caso de Neves vir a ser eleito, os EUA voltarão a ocupar posição correta (quer dizer, dominante) nas prioridades da política exterior do Brasil.

Há uma expressão usada por Barbosa que oferece uma pista para o que seria a política externa brasileira num eventual governo do qual ele participe. Barbosa disse que a proteção dos interesses nacional não mais será passiva. A Bolívia nacionalizou duas refinarias da Petrobras, e o governo brasileiro nada fez para proteger os interesses do Brasil. Neves e Barbosa prometem dar acesso a empresas norte-americanas de petróleo para que extraiam petróleo da bacia continental. A equipe de Neves diz que a política será “mais pragmática” e absolutamente diferente da abordagem ideológica típica do Partido dos Trabalhadores. E que serão “corrigidas” as posições do Brasil em questões como o relacionamento com o MERCOSUL (Mercado Comum do Sul, bloco sub-regional), com os BRICS e com outros grupos internacionais.

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Liliana Ayalde, atual embaixadora dos EUA no Brasil, foi a organizadora e patrocinadora do GOLPE DE ESTADO que derrubou Fernando Lugo da presidência do Paraguai
Washington empenhou muitos esforços na preparação das eleições no Brasil; agora, chega ao estágio final. O Departamento de Estado e os Serviços Especiais enviaram para lá dúzias de agentes experientes, que já trabalharam em várias operações desse tipo, em todo o mundo.

Por exemplo, Liliana Ayalde, atual embaixadora dos EUA no Brasil, fez bom serviço no Paraguai, para conter a expansão da “ideologia populista”. Agora, chegou a hora do Brasil.

Os principais agentes da conspiração contra a presidenta Dilma são funcionários da embaixada e de consulados dos EUA no Brasil: Alexis Ludwig (conselheiro político), Paloma Gonzalez (funcionária da seção econômica), Samantha Carl-Yoder (Chefe da Seção Econ/Pol.), Kathryn Hoffman (secretária política, Consulado Geral dos EUA em São Paulo) e Amy Radetsky (Cônsul Chefe para Assuntos Políticos e Econômicos, Consulado Geral dos EUA no Rio de Janeiro).

Basta olhar o currículo de Radetsky para compreender que Washington preparou-se para “situação não padrão” no Brasil. No Departamento de Estado, ela foi responsável por monitorar os eventos no Brasil, para avaliar como afetavam as relações bilaterais e delinear as políticas para esse país. Era quem supervisionava todas as mensagens que saíam da embaixada dos EUA em Brasília. Pouco depois, chefiou uma equipe especial do Departamento de Estado para monitorar a emergência e o desenvolvimento de situações de crise na região e preparar relatórios de situação para o secretário de Estado John Kerry. Agora, foi mandada para o Rio!

Que crise terá trazido Radetsky ao Brasil?

O intelectual e político venezuelano, Eleazar Díaz Rangel diz que uma possível derrota de Dilma seria “um desastre”. Os governos de Lula da Silva e de Dilma Rousseff melhoraram a vida de dúzias de milhões no Brasil, que, antes, viviam até sem eletricidade. O Partido dos Trabalhadores iniciou mudanças drásticas positivas no continente sul-americano. Segundo Rangel, o governo Obama mobilizou todas as forças da oposição no Brasil e em outros países latino-americanos, todo o potencial das empresas-imprensa e de agências de informação no Brasil para impedir a re-eleição da presidenta Dilma Rousseff. Há fundos alocados para garantir apoio ao candidato Neves na corrida presidencial. Círculos financeiros e econômicos norte-americanos influentes estão envolvidos, para ajudar Neves a ser eleito.

Conseguirão os brasileiros mobilizar-se, eles mesmos, e evitar o desastre, como o chamou Eleazar Díaz Rangel? Saberemos em uma semana.

21/10/2014, Nil NikandrovStrategic Culture
Brazil under CIA Pressure
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu

[*] Nil Nikandrov é um jornalista sediado em Moscou cobrindo a política da América Latina e suas relações com os EUA; crítico ferrenho das administrações neoliberais sobre as economias nacionais latino-americanas. Especializou-se em desmascarar os esforços feitos pela CIA e outros serviços de inteligência ocidentais para minar governos progressistas na América Latina. Autor de vários livros - tanto de ficção e estudos documentais - dedicados a temas latino-americanos, incluindo a primeira biografia em língua russa de Hugo Chávez.

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