Edward Snowden - O Alertador (por Zapiro) |
É como se o que Edward Snowden revelou nunca tivesse sido revelado, ou como se os EUA não tivessem cometido aqueles crimes de espionagem. Pois A.G (Eric) Holder, Advogado-Geral dos EUA, do alto da pompa e majestade do cargo, declarou que a China estaria empenhada em espionagem econômica criminosa contra os Estados Unidos. Ao mesmo tempo, o Departamento de Justiça distribuiu cartazes de “Procurados”, fotos e nomes de cinco oficiais do exército chinês: o Departamento de Justiça quer julgá-los na Pensilvânia por ciberataques contra corporações dos EUA e o Sindicato dos Metalúrgicos.
O que aconteceria se o Tribunal Criminal Internacional distribuísse cartaz de “Procurado!” com a cara de Barak Obama – procurado para ser julgado por crimes de guerra, incluídos aí as intervenções, mudanças brutais de regimes e governos, e os assassinatos? E também a Organização Mundial de Comércio (mas já é vassala rasteira dos Estados Unidos), bem poderia mandar prender BO por exatamente a mesma acusação que Holder faz contra a China. Em termos simétricos, é como se um tribunal de Pequim emitisse intimações, juntamente com cartazes de “Procurados” para cinco membros do OTNS (Obama Team National Security [Equipe de Obama para a Segurança Nacional]), por exemplo: Clapper, Rice, Comey, Brennan e Dempsey... A chance de os EUA concordem com eventual pedido para extraditar essa sua camarilha de cinco é a mesma de a China concordar com a extradição dos cinco acusados pelos EUA, em que pese serem oficiais de menor escalão que os da camarilha dos EUA na elaboração e/ou execução de qualquer política.
Os cinco acusados parecem ter sido selecionados aleatoriamente, a menos que os EUA tenham invadido computadores chineses ou infiltrado informantes (ou ambos) no Exército de Libertação Popular – PLA Unit61398 [Sobre o que supostamente seria, acesse o “link” (NTs)] Pois é aí que está o xis da questão!
Holder, o Advogado-Geral, não pode estar falando sério sobre a possibilidade de a China “obedecer” suas ordens, ao anunciar, conforme reportagem de Spencer Ackerman a Jonathan Kaiman no jornal The Guardian, dia 20/5, que:
(...) o governo dos Estados Unidos, pela primeira vez na história, tentará trazer agentes de um governo estrangeiro ao seu território, para que respondam a acusações de infiltração em redes de computadores norte-americanos com o fim de roubar dados que beneficiariam os competidores comerciais dos EUA.
Nada pode(ria) soar mais ridículo. Imprimir e distribuir cartazes à moda “Velho Oeste”, com “procura-se” e fotos dos chineses, e banners trombeteando acusações tampouco pode ser ação a sério. Mais parece provocação (mal) calibrada contra o governo chinês, como “tática” para administrar o avanço do confronto, tangenciando a estratégia da administração Obama para o Pacífico, sobre o envolvimento de forças militares, neste momento inicial de uma futura guerra total.
No formato apresentado por Holder e pelo Departamento de Justiça dos EUA, a ciberguerra é farsa.
Holder e o Departamento de Justiça dos EUA estão fazendo de tudo para ajudar aos militares norte-americanos que se aproximam cada vez mais de um conflito militar limitado, que pode vir a se tornar nuclear. Obama encorajou o rearmamento do Japão e apoiou pretensões japonesas sobre umas poucas ilhas rochosas, em sua turnê “Pacific Rim” pela Ásia. Combinou manobras conjuntas com as Filipinas. Assim como os cartazes de “Procurados”, todas essas são manobras de provocação, com o fito de atrair a China para a órbita do Poder Militar dos Estados Unidos – como já está sendo feito na Ucrânia, onde os EUA querem atrair a Rússia a um confronto contra as forças somadas de EUA, OTAN e União Europeia. Assistam o vídeo a seguir legendado em inglês:
Obama, pois, está usando o pretexto da ciberespionagem, que pode ser apresentada também por seus objetivos governamentais, militares e econômicos, e assunto no qual o exército e as comunidades de inteligência americanas são mestres consumados, como motivo falso para intervenção armada, ou pelo menos como oportunidade para abalar e tentar enfraquecer a China.
O problema é que os EUA montaram virados para os fundos do cavalo, não para a cabeça: é truque estúpido de qualquer perspectiva que se olhe, é desastroso, é temerário, é imbecil.
As acusações de guerra cibernética contra a China feitas por Holder: “a gama de segredos comerciais (...) roubados é grande e exige resposta agressiva”, só pode ser compreendida em um contexto que leve em consideração a geopolítica dos EUA em base global –, e na qual a China substitui a Rússia como inimigo de primeira grandeza. Por isso “exige-se” resposta intensa, sintetizada em elementos econômicos e militares, que possibilite/ possibilitaria isolar, conter e limitar drasticamente o poder da China. O pivoteamento de Obama para a Ásia, talvez hoje o único movimento visível-transparente em todo o governo dos EUA, é estratégia multifacetada, para antagonizar deliberadamente a China, levando em seu bojo movimentos para um reajuste estrutural global que garantiria que os EUA retomassem a supremacia inconteste do mundo.
Eu sou especial! Sim, nós sabemos |
É caminho que aparece bem claro, se se observam as alianças militares firmadas no recente tour do presidente Obama à Ásia, e também no incentivo para o rearmamento do exército japonês, a estimulação do conflito entre as Coreias do Norte e do Sul. Combinado com esse caminho, temos ainda a Parceria Trans-Pacífico [orig. TPP (TransPacific Partnership)], em que não se trata só de invadir mercados mas, também, de militarizá-los, identificada estreitamente que está às dimensões militares dessa política.
Apesar das acusações inventadas por Holder, os líderes chineses, da mesma forma que Putin na Ucrânia, parecem manter a calma, atitude que parece confirmar uma maior identificação, no longo prazo, com uma política unificada que atenda aos interesses das duas nações (o que se confirmou com a tão esperada assinatura de um contrato da Gazprom para fornecimento de gás natural para a China por trinta anos, durante a visita de dois dias de Putin a Xangai).
O antagonismo dos EUA contra a China tem facilitado reações em grande escala. É olhar e ver: já provocou a união entre China e Rússia, depois de décadas de conflito político e ideológico entre Stalin e Mao. Assim, se tornou possível uma das coisas que os EUA mais temem, a saber: um bloco eurasiano que torne plausível a criação de um centro de poder independente, em claro desafio à dominação unilateral dos Estados Unidos, e que prepare o terreno para o surgimento do que tenho chamado de “um sistema mundial de poder multipolar”.
É evidente que só os cinco cartazes de “Procurados” não têm o poder de gerar todos os resultados acima descritos; a dinâmica dessa confrontação já era longamente esperada, dada a realidade das fortes mudanças de desempenho e das políticas econômicas, e mais, dada a metamorfose da arquitetura do desenvolvimento econômico e da industrialização do Terceiro Mundo e as dificuldades para identificar o surgimento de poderes significativos no próprio campo (Brasil, Índia, etc.).
Em sua arrogância gigante e pelas próprias ações, os EUA determinaram a hora da mudança. De que outra forma poderia a China, por exemplo, ser tão bem-sucedida na África e na América Latina, no investimento e extração de recursos naturais, e no próprio comércio?
Cartazes distribuídos pelo Depto de Justiça dos EUA via FBI |
Os cartazes de “Procurados” apenas simbolizam a percepção obtusa que os EUA têm do mundo, tão lerdos, sempre, que se deixam repetidamente ultrapassar.
Daí, a vontade de brigar. Putin e Xi Jinping estão cuidando dos próprios negócios (trocadilho infame, mas bem adequado, como se viu no “acordo do gás”) – o que enfureceu e enlouqueceu Obama, o Congresso e os militares, troika de espertalhões acostumados a empregar pressões financeiras e comerciais, intervenções, intimidações, e que ainda têm de reserva presença militar brutalmente atemorizante em todo o mundo.
Só que, hoje, essas bobagens já não bastam para preparar o caminho que levaria ao sucesso do unilateralismo. Em resposta às afirmações e provocações geopolíticas dos EUA pelo mundo a fora, Putin e Xi Jinping agem com calma e ponderadamente e parecem estar conseguindo aprovação para suas ações entre os líderes mundiais. É duro de engolir para os EUA, que não querem aceitar – sequer querem ver o que está acontecendo. Em vez de ver, os EUA tentam aplicar um velho, obscuro, não catalogado princípio psicológico que eles mesmos inventaram: exibir o unilateralismo dos EUA como se fosse “natural”, óbvio; e, sacudindo essa “bandeira”, mostrar a coisa como profecia que se autorrealiza, como se, quanto maior a só ostentação de força e potência fingidas, mais respeito a fantasia geraria...
O problema é que essa psicologia de sofá está apoiada num arsenal nuclear imenso, o que ajuda a entender a arrogância com que os EUA acusam a China de praticarem ciberespionagem (crime, aliás, que já rendeu medalha de ouro à Agência de Segurança Nacional dos EUA, e cujas práticas exigem que se invente novo ramo da matemática só para calcular a escala e o alcance dos crimes. E, tudo, apenas para sabotar, ouvir, distribuir vírus). E tudo, ah!, sim! em nome da segurança nacional dos EUA e do “contraterrorismo” idem.
Supostas "vítimas" da espionagem chinesa... |
Sobre a audácia dos movimentos do Advogado-Geral Holder, o The Guardian pergunta:
(...) mesmo considerando que durante todo este tempo houve suspeitas de que o governo chinês patrocinaria o roubo de dados corporativos, durante anos, jamais, antes, os EUA acusaram formalmente quem quer que fosse, nem na China nem em outro governo. Por que, então, agora?
Suponho que o declínio dos EUA, ainda inconscientemente (não apenas globalmente, em termos de poder, mas também internamente, com a redução da capacidade industrial de base, desmoronamento da infraestrutura, paralisia e impotência para resolver qualquer tipo de problema, causadas por políticas pensadas para criar e manter uma subclasse de subserviência urbana degradada e alienada, definindo assim a fragmentação das relações sociais e do humor nacional) esteja forçando o imperialismo militar a uma ação de tipo “agora ou nunca!”. No caso da China, com o deslocamento da Rússia como principal adversário de uma Guerra Fria recarregada, a mentalidade de Washington é “malhar enquanto o ferro está quente”; nesse caso, o ferro são os grupos de porta-aviões e bombardeiros de longo alcance já posicionados, acompanhados de movimentos de tropas da Austrália, Filipinas, Japão, Malásia e talvez em outros lugares, seja lá onde se possa pensar em aumentar o cerco, para posterior tomada de posse.
A modéstia, bem como a justiça e a imparcialidade, não têm lugar nos cálculos da guerra cibernética, e os EUA estão eles mesmos conduzindo sua própria espionagem econômica. Como escreveram Ackerman e Kaiman:
(...) os documentos revelados por Edward Snowden mostram que a NSA teve como alvo a empresa petrolífera brasileira Petrobras, mesmo que a NSA insista, através de seu Departamento de Defesa, que “nunca esteve engajada em espionagem econômica de qualquer forma, incluso cibernética” – como se lia no Washington Post.
O importante é que já foram vistos a fazer o que dizem que não fazem; não tem importância alguma que Pentágono e Agência de Segurança Nacional contradigam os próprios documentos. O que se vê é o esforço para fazer a espionagem econômica aparecer como se fosse “diferente” de outras espionagens e crimes e, assim sendo, como se isso a legitimasse: crime é a espionagem militar e de inteligência e só no caso de os espionados serem os EUA. Mas se os EUA são os espiões, nesse caso, não há crime!
Nos ciberataques dos Estados Unidos contra as instalações nucleares iranianas, o recrutamento pelo FBI de grupos de hackers para uma vasta soma de atividades ilegais, e com o apoio especial do FBI, aí, não há crime. E ainda nem falamos do oceano de vigilância em que a vítima atacada é o próprio povo dos EUA. Crime, só e sempre quando são os chineses...
A verdade é clara: dado que os EUA repudiam todos os dias todas as liberdades civis, já não têm como acusar os chineses sem, simultaneamente, chamar atenção para os próprios crimes dos EUA. Na conferência para a imprensa, na 2ª-feira, 12/5/2014, Holder caiu no velho clichê: “todas as nações recolhem inteligência”... mas inventa uma exceção para a espionagem econômica, como espécie diferente de espionagem; o que converteria o “caso chinês” em “caso diferente dos outros”.
Chang Wanquan, Ministro da Defesa da China |
E tantas fez, o Advogado-Geral dos EUA, que o governo chinês, por seu Ministro da Defesa, jogou as acusações, de volta, na cara dos EUA, já na 3ª-feira, 13/5/2014:
A China exige que os Estados Unidos deem explicação clara sobre os roubos que têm cometido pela internet (mediante escutas e monitoramento ilegal de vários tipos de atividades) e que ponha fim imediatamente a suas práticas criminosas.
Outras nações atacadas não são tão diretas. As relações sino-americanas estão evidentemente despencando ladeira abaixo. (Os Estados Unidos sentem-se feridos no próprio sentimento? Improvável. Os EUA são impermeáveis ao insulto, e ainda mais a pedidos para que interrompam qualquer “atividade” – seja bombardeio maciço em áreas de selva, ou demonstrações de “choque e terror” em áreas urbanas).
A visita de Putin à China nos dois últimos dias, aplacando as tensões entre aquelas duas potências, tornou ainda mais íngreme e escorregadia a ladeira pela qual despencam as relações sino-americanas. Simultaneamente, torna ainda mais perigoso o sempre potencialmente mortífero staff militar dos EUA e suas reações.
Artigo de Jane Perlez no NYT “China e Rússia firmam acordo de gás para 30 anos”, de 21/5/2014, resume na sentença de abertura a imagem da mudança da paisagem política mundial.
China e Rússia assinaram acordo de 400 bilhões de dólares nesta quarta feira, o que dá a Moscou um megamercado para seu principal produto de exportação, reunindo e aproximando as duas poderosas nações, apesar de sua acidentada história de alianças e rivalidades, para tentar deter a grande influência mundial dos EUA e da União Europeia.
Para o Times, foi desenvolvimento infeliz... Mas para o resto do mundo, fora da órbita dos EUA, foi bem-vinda lufada de ar respirável.
China e Rússia fazem acordos comerciais com exclusão do US$ dos contratos |
O que deve ser dito, além das óbvias consequências da reaproximação, tanto para o incremento da capacidade industrial da China quanto para que se satisfaçam pelo menos parte de suas necessidades energéticas, é que afinal se pôs um chão sólido sobre o qual pode agora pisar o eventual bloco comercial da Eurásia. Ainda mais importante que isso, a Rússia tornou-se menos dependente da Europa como mercado para o seu principal produto, energia. Jogo de ganha-ganha para que se configure um mundo de poder multipolar.
Perlez observa acuradamente que o episódio da Ucrânia levou a Rússia e a China e se aproximarem e a se unirem.
O impulso que faltava para que se concluísse o acordo da venda do gás entre Rússia e China, cujas conversações já duravam uma década, foi o fato de que a Europa, principal mercado de energia de Moscou, impôs sanções à Rússia e buscava formas de reduzir sua dependência da energia russa. Nessas circunstâncias, o presidente Putin teve de buscar com urgência meios que lhe permitissem reduzir a dependência da Rússia, do mercado europeu, como principal consumidor de seu principal produto.
Muda o jogo também em relação ao tamanho e estímulo ao projeto que exige
(...) a construção de oleogasodutos e outras infraestruturas que custarão dezenas de bilhões de dólares em investimento.
Aqui da minha casa, posso até ouvir o ranger de dentes de elites/espertalhões da política americana, como Strobe Talbott, presidente da Brookings e presidente do Conselho Consultivo para Política Externa de Kerry, dizendo:
(...) a cunha sino-soviética que havia entre os dois países e que os levou à beira de um conflito nuclear nos anos 60 foi dramaticamente sanada.
Fato é que nos EUA os dois lados já lamentaram o unilateralismo exagerado dos Estados Unidos, suas ações no Iraque, etc.. Agora, Xi Jinping já sabe também sobre o pivoteamento para o Pacífico como principal estratégica de Obama, com planos para “enviar recursos” militares para a região, contexto no qual a China visualizou o rearmamento japonês. Agora, como escreve Perlez,
(...) o golpe de linha dura no dito “roubo cibernético” fez com que China e Rússia se juntassem, tornando a própria união plausível e real.
É reação esperável, em momento em que o poder hegemônico dá sinais de que a tática de dividir-para-conquistar não mais funciona; o unilateralismo norte-americano foi exposto, nu, quer dizer, sozinho no seu mister de dominação. Só. Cada vez mais magoado. Com normas já obsoletas, como se uma espécie de determinismo lógico definisse suas construções mentais, e o bipartidarismo no exterior fosse “igualzinho” ao da política doméstica nos EUA!
Os cartazes de “Procurados” são profundamente ofensivos para a China. São, portanto, mais uma palha no fogo de provocação de uma possível guerra global. Não interessa aos EUA, é contraproducente, não é inteligente e não é recomendável. Bradsher novamente, e já com medo da retaliação que talvez venha, depois dos ataques dos EUA contra a China:
Se a China começar a retaliar contra as empresas que se esforçam para seguir as regras de livre comércio [escreve um think-tank que existe para defender empresas norte-americanas em Hong Kong], como a acusação sugere que estaria fazendo, essa ação permitiria à China criar um sistema de comércio no qual a China teria mais liberdade para empreender suas próprias políticas.
Ah! É exatamente o que o paradigma norte-americano proíbe para o resto do mundo!
Assim, aparece aí o primeiro momento de um (mais um!) impasse histórico: a guerra cibernética tornando-se um joguete nas mãos das forças em ação. Como responderiam os EUA, a nação que os ultrapassasse em investimento e produção industrial, deixando-os para trás?
Sob o governo Obama, e para os candidatos dos dois maiores partidos, a resposta não é boa, nem para aquelas nações, nem para a humanidade, para o mundo, nem, sequer, para nós mesmos, o povo dos EUA.
Meu comentário ao New York Times sobre o artigo de Keith Bradsher, na mesma data:
Como resposta, é absurda. Os EUA não fazem outra coisa além de espionar massivamente até os próprios cidadãos, plantaram aparelhos de escuta contra líderes estrangeiros, e, como revelou recentemente o NYT, os EUA se servem do FBI para recrutar informantes que tenham capacidade para ciberataques. WAAL! É pior que o sujo falando do mal lavado! Os EUA merecem o lugar de honra, o mais alto do pódio, na corrida pela hipocrisia, no que tenha a ver com ciberespionagem. Depois do desplante de inventar uma diferença muito safada para “justificar” as próprias atividades criminosas, os EUA assumem a posição de que só teriam espionado o mundo inteiro à caça de informações militares, políticas e econômicas... O que seria “fundamentalmente diferente” e “menos ofensivo” que espionar contra as liberdades civis e para ganhar vantagem comercial
Os EUA são medalha de ouro da hipocrisia universal!.
Espionagem é espionagem. Ponto. Só nos Estados Unidos alguém se atreveria a escrever que “vantagem comercial” seria crime pior que “reunir” (e continua a reunir!) informações militares, políticas e de inteligência econômica.
Disso tudo se depreende com certeza o seguinte: os EUA já percebem claramente o próprio DECLÍNIO com potência política-econômica-ideológica. Assim sendo, tenta voltar-se para o aumento de ações MILITARES, tentando desesperadamente manter – e é causa perdida nesse novo mundo multipolar – sua velha hegemonia global unilateral.
Por que, em vez de se envolver em guerras, intervenções, mudanças violentas de regime e golpes (Ucrânia), etc., os EUA não podem viver simplesmente, calmamente, como cidadão global?
Será efeito de uma histórica tendência – inserida no DNA da nação – para a xenofobia, para a conquista violenta, para o racismo, tudo combinado com certo fetichismo para a tecnologia?
Edward Snowden merece um lugar no alto do Monte Rushmore, entre os heróis fundadores dos EUA. Obama, Holder, Clapper, Brennan, não merecem confiança nem para montar um acampamento na base.
22/5/2014, Norman Pollack, Information Clearing House
“Wanted! Obama: The Arrogance Of Charging China With Cyberspying”
Traduzido por mberublue
[*] Norman Pollack é o autor de “The Populist Response to Industrial America” (Harvard) e “The Just Polity” (Illinois), Guggenheim Fellow e professor emérito de história na Michigan State University. Seu novo livro, Eichmann on the Potomac, foi publicado por CounterPunch/AK Press, no outono de 2013.
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