Todo gestor escolar dedica-se, quase mecanicamente, a pensar dia após dia nos diferenciais de suas instituições de ensino e a procurar formas de torná-los mais claros e evidentes, tanto para as famílias já fidelizadas como para o público potencial. Tudo bem, nada a acrescentar, a não ser o alerta sobre um engano comum a que muitas vezes leva a ânsia de encontrar soluções que atendam às variáveis demandas do mercado, como tempo integral, esportes e inglês, entre outras.
Além de todos os serviços e complementos oferecidos pelas escolas aos alunos e suas famílias, há uma lição de casa a ser feita. Em síntese, trata-se da qualidade do ensino.
Em um contexto que se mostra cada vez mais complexo para os educadores – afinal, educar hoje passa pelo desenvolvimento de habilidades e competências e pela formação de valores, entre outras dimensões –, torna-se fundamental manter o foco na missão fundamental da escola. Isto é: formar cidadãos competentes para ler, escrever e falar nos diferentes registros da língua, além de pensar matematicamente e compreender os fenômenos científicos que afetam nossa vida. Enfim, construir um alicerce sólido de conhecimentos.
Não se trata de um desafio simples para o gestor, pressionado em tantas frentes. Mas é preciso manter o centro de gravidade na qualidade pedagógica, acima de tudo. Sem isso, é muito pouco provável que qualquer malabarismo de marketing funcione, por mais criativa que seja a sua equipe.
Em um contexto social (e global) cada vez mais competitivo, as famílias se voltam para a escola como a instituição que será capaz de garantir às novas gerações as melhores chances de realização, em todos os níveis. A cobrança por desempenho deixa de ser uma motivação interna das famílias ou dos colégios para ser, sobretudo, uma condição de inserção na economia globalizada, cuja principal moeda é o conhecimento.
É, portanto, em torno dessa coluna vertebral que todas as demais atividades da escola devem se orientar. Isso vale para a contratação e a formação de professores e demais colaboradores, a aquisição de novos materiais pedagógicos, a criação de infraestrutura, a definição do discurso interno e a divulgação pública da instituição.
Ao adotarem a qualidade de ensino como ponto de partida e de chegada, os gestores acabam por perceber que essa âncora na missão principal da escola traz muitos benefícios. Oferece um centro estável, reconhecido por todos e valorizado pelas famílias. Agrega confiança e, aí, sim, confere a estabilidade necessária para que a escola se lance em novos voos.
(*) Cristiana Prado é Gerente de Marketing do Ético Sistema de Ensino (www.sejaetico.com.br), da Editora Saraiva