"Ó, dizei, a bandeira estrelada ainda tremula
sobre a terra dos livres e o lar dos valentes?"
(trecho do hino nacional dos EUA)
Em novembro último, a Anistia Internacional pediu ao Governo Obama a instauração de processo contra George W. Bush por haver admitido em seu livro de memórias Decision Points que, quando presidente, conhecia e aprovava a tortura conhecida como submarino (afogamento inconcluso, com o detido sendo levado à beira da asfixia) durante o interrogatório de suspeitos de terrorismo.
Num caso concreto em que lhe pediram sinal verde para torturar um prisioneiro, Bush respondeu: "Com certeza!". Face a tal admissão de culpa, não era preciso investigar mais nada, só anunciar a sentença.
"A confissão do presidente Bush é suficiente para desencadear a obrigação internacional que os Estados Unidos têm de investigar esta confissão e de levá-lo à justiça", afirmou então Rob Freer, dirigente da Anistia Internacional.
Agora, a também respeitadíssima ONG Human Rights Watch reforça este pleito, num relatório de 107 páginas que acaba de divulgar: Tortura impune: o governo Bush e os maus tratos aos detidos.
Segundo o HRW, o documento contém "informação substancial que possibilita a investigação criminosa de Bush e de outras autoridades de seu Governo, incluídos o ex-vice-presidente Dick Cheney, o ex-chefe do Pentágono Donald Rumsfeld e o ex-diretor da CIA George Tenet".
Além do submarino, a ONG os responsabiliza pelo uso de prisões secretas da CIA e pela transferência de detidos a países onde foram torturados.
E constata:
"O governo de Obama não cumpriu com as obrigações dos EUA sob a Convenção contra a Tortura, porque não investigou os atos de tortura e outros maus tratos contra os detidos".
Cada vez mais ficamos com a certeza de que o principal motivo da condenação de dirigentes nazistas em Nuremberg foi terem perdido a guerra. Criminosos não derrotados estão livres como passarinhos por aí, defendendo e exaltando as práticas hediondas...
* jornalista e escritor. http://celsolungaretti-orebate.blogspot.com
