Deu na BBC Brasil: Israel pune oficiais por uso de fósforo branco durante ofensiva em Gaza .
Como tardia e insuficiente satisfação à opinião pública internacional, o Exército de Israel comunicou à Organização das Nações Unidas haver aplicado punição disciplinar a um general de brigada e um comandente de divisão por terem "arriscado vidas humanas" ao autorizarem a utilização de armamentos com fósforo branco no bombardeio do bairro de Tel El Hawa.
O episódio se deu em 15/01/2009, durante os massacres israelenses na
Faixa de Gaza -- aquela campanha singular na história militar,
que terminou com 1.434 palestinos mortos e apenas 13 baixas do lado dos agressores...
Eis os trechos mais significativos do despacho da agência noticiosa britânica:
"É a primeira vez que Israel admite a utilização
de fósforo branco, armamento proibido pelas leis internacionais, contra
civis na Faixa de Gaza.
"É a primeira vez que o Exército israelense anuncia a punição
de comandantes militares por atos cometidos durante a ofensiva.
"Antes do envio do documento à ONU, a versão do Exército
israelense era de que o fósforo branco teria sido utilizado apenas para
fins de 'dificultar a visibilidade das tropas pelo inimigo' e não diretamente
contra civis.
"O armamento, que cria uma especie de 'cortina de fumaça', é altamente
perigoso quando atinge pessoas pois gera queimaduras profundas.
"No caso mencionado no relatório do Exército israelense, projéteis
com fósforo branco atingiram a sede da Agencia de Refugiados da ONU (UNRWA)
na cidade de Gaza, deixando vários civis feridos e provocando um incêndio
no local".
Salta aos olhos que punições disciplinares são simplesmente
risíveis face à gravidade do crime cometido pelos militares israelenses,
além de deixarem a impressão (para não dizermos certeza )
de que tudo não passa da velha artimanha de tapar o sol com a peneira,
produzindo dois bodes expiatórios para levarem a culpa de decisões
que envolveram toda a cadeia de comando.
Alguma resposta Israel tinha de dar à acusação frontal
do Relatório Goldstone. Deu essa. E seus porta-vozes militares correram
a trombetear que "o documento enviado à ONU demonstra que o Exército
israelense não tem o que esconder".
Para os leitores entenderem ainda melhor o tema em pauta, eis alguns trechos
do artigo que escrevi no final de setembro, quando a lebre foi levantada: Investigadores
da ONU concluem: Israel massacrou civis em Gaza :
"Os genocídios e atrocidades perpetrados por Israel durante sua
campanha de intimidação dos palestinos em dezembro/2008 e janeiro/2009
foram veementemente condenados pelo Conselho de Direitos Humanos da ONU, em
relatório [recém] divulgado.
"Segundo o documento, a ofensiva de Israel foi direcionada contra 'o povo
de Gaza em conjunto', configurando 'uma política de castigo'.
"Mais: 'Israel não adotou as precauções requeridas
pelo direito internacional para limitar o número de civis mortos ou feridos
nem os danos materiais'.
"Portanto, o estado judeu 'cometeu crimes de guerra e, possivelmente, contra
a humanidade'.
"A missão recomendou à Assembleia Geral da ONU que promova
uma discussão urgente sobre o emprego do fósforo branco, que foi
usado indiscriminadamente pelos israelenses contra a população
civil de Gaza. A utilização militar do fósforo branco é proibida
tanto pela Convenção de Genebra quanto pela Convenção
de Armas Químicas".
Aliás, seria educativo indagarmos ao Exército israelense se o general de brigada e o comandante de divisão, únicos culpados , fabricaram pessoalmente os armamentos com fósforo branco, que jamais deveriam estar disponíveis no arsenal de uma nação civilizada.
* Jornalista eescritor, mantém os blogues
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