A REUNIÃO DOS BRICs E JOE BIDEN

Joe Biden, vice-presidente dos Estados Unidos, não veio ao Brasil apenas para tentar uma reaproximação pura e simples entre os dois países. O jornalista Jânio de Freitas, um dos pouco independentes da mídia de mercado, em sua coluna no jornal FOLHA DE SÃO PAULO, edição de terça-feira, 17, fala que retomar o que Biden chamou de “nível de confiança” é um retrocesso de um século.
O retomar o “nível de consciência” significa aceitar a situação anterior, espionagem sobre o governo, a PETROBRAS e cidadãos, um controle efetivo dos EUA sobre o Brasil.
Biden veio ao Brasil preocupado com a reunião dos BRICs marcada para julho em Fortaleza. Biden é um desses escorpiões que se esconde atrás de portas e pica de forma eficaz, mesmo parecendo um vice de circunstâncias, escolhido por Obama para não ter problemas. No duro mesmo é mistura de camaleão com escorpião.
Os EUA temem maior aproximação do Brasil com a Rússia, num momento em que, além do estado pré-falimentar, enfrentam uma situação adversa na Ucrânia, território russo inventado como país e com um governo nazi/sionista. A constatação que destruíram o Iraque, mergulhado numa guerra civil. O possível abandono de posições dóceis de países da União Européia diante da perspectiva de falta de gás no inverno, o que seria uma tragédia.
A criação de novas alternativas ao Banco Mundial e FMI, instrumentos do capitalismo, é o primeiro grande desafio desde o fim da União Soviética e pode vir a significar o fim do sonho de um governo mundial a partir de Washington.
No Brasil, especificamente, onde controlam a mídia de mercado, a imensa maioria das forças armadas, vivem uma cumplicidade podre com as elites políticas e econômicas, participam, a guisa de ajuda, de operações junto com a Polícia Federal e polícias estaduais, sobretudo as militares, onde as portas foram abertas a Israel com o acordo de livre comércio que, na prática, encheu o País de agentes da MOSSAD, vão investir tudo e de todas as formas, as mais baixas e golpistas possíveis, na candidatura de Aécio Neves. Um tresloucado acusado do desvio de 4,3 bilhões de reais da saúde, quando governador de Minas, um estado aonde vai ocasionalmente.
O grande temor norte-americano é que potência regional, o Brasil se torne protagonista do processo político mundial ao lado dos outros países que formam o BRICs, dentre os quais a China (maior credora dos EUA) e a Rússia e isso possa representar o fim de processos que ressurgem na boca de Aécio, a ALCA – Aliança de Livre Comércio das Américas –, algo como a recolonização de toda a América Latina.
É outra dor de cabeça de Washington. O Brasil é o fiel da balança para governos independentes como o da Venezuela, da Bolívia, do Equador, da Nicarágua, do Uruguai, da própria Argentina e de Cuba, razão pela qual é cercado por 53 bases militares norte-americanas.
E por baixo dos panos a futura guerra das águas, já que somos um imenso reservatório do que hoje começa a valer mais que ouro.
Os sorrisos traiçoeiros e peçonhentos de Biden passam por aí, entre outras coisas.
Se Dilma vai cair na armadilha ou não é outra história. Sua política externa é vaga e cautelosa, ao contrário da de Lula com Celso Amorim.
É claro que nessa fase eleitoral o confronto prejudica a presidente e sua intenção de reeleger-se, mas é claro também que o debate eleitoral deve passar pela importância de assumirmos um papel de nação líder da América Latina.
O anúncio feito por Biden que os EUA liberarão os documentos que seu país possui sobre a ditadura e suas ligações com a tortura, os assassinatos e os estupros é a cereja que o vice-presidente quer colocar na boca de Dilma, pois a legislação nos Estados Unidos obriga a que tais documentos sejam liberados após um determinado prazo de sigilo.
A crise e a as derrotas militares e políticas dos EUA no Oriente Médio, o fracasso da operação Ucrânia, da tentativa de derrubar o presidente Bashar Al Assad, na Síria, o início de reações de países da União Européia, inclusive a presença de tropas da OTAN em nações do leste europeu, tudo isso somado ao despertar da Rússia, tornam os BRICs, em todo o contexto mundial, em alvo direto da sanha colonialista dos EUA.
É por aí que Joe Biden, o camaleão escorpião, mutação genética da barbárie capitalista, chegou ao Brasil com um vidrinho de cerejas.


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