Portal do Consórcio Cruesp coloca à disposição de 250 mil usuários das três unversidades paulistas obras de referência em todas as áreas do conhecimento.
A biblioteca do futuro está prestes a se tornar uma realidade nas três universidades estaduais paulistas. O consórcio formado pelos três sistemas de bibliotecas da USP, Unesp e Unicamp (leia texto na página 7) passa a contar com um acervo de 188 mil livros eletrônicos. Os títulos, a maioria voltada para a pós-graduação, abrangem todas as áreas do conhecimento. Pelo menos 250 mil usuários, entre docentes, pesquisadores e alunos, terão acesso a essa massa de e-books.
O projeto, idealizado pelo Consórcio
Cruesp (Conselho de Reitores das Universidades Estaduais Paulistas) Bibliotecas,
foi viabilizado a partir de recursos da Fapesp no âmbito do programa FAP-Livros.
Foram investidos US$ 2 milhões na aquisição de bancos de dados de livros
eletrônicos. A cerimônia de inauguração do portal de e-books ocorrerá no próximo
dia 22 de agosto, às 10h00, no auditório da Biblioteca Central da
Unicamp.
"Trata-se do maior e mais atualizado acervo de e-books da
América Latina", informa o presidente do Cruesp e reitor da Unicamp, José Tadeu
Jorge. "Com essa conquista as universidades estaduais paulistas, que concentram
metade da produção científica no país, colocam-se à frente do processo de
disponibilização bibliográfica eletrônica no país". O reitor ressalta que, no
caso específico da Unicamp, esse processo já vem de vários anos, uma vez que
detém a mais ampla biblioteca digital brasileira.
Uma diferença marcante
em relação ao acervo tradicional, que continua indispensável, é que os livros
eletrônicos podem ser acessados 24 horas por dia, conforme lembra o coordenador
do Sistema de Bibliotecas da Unicamp (SBU), Luiz Atílio Vicentini. "Embora
tenham sido adquiridas para as pesquisas na área de pós-graduação, as bases de
dados poderão ser usadas da mesma forma por alunos de graduação e por
interessados que se inscreverem no sistema".
Vicentini destaca outras
vantagens da consulta virtual, entre as quais a busca integrada, o fato de o
livro poder ser acessado de qualquer máquina instalada nas instituições e a
ausência de fila de espera para o empréstimo. Ademais, explica o coordenador do
SBU, a racionalização de recursos é expressiva. "Um único e-book está disponível
para as três universidades, sem a necessidade de compra de exemplares",
exemplifica.
A qualidade das coleções é outro ponto enfatizado pelo
bibliotecário. Segundo Vicentini, os livros foram escolhidos com base em ampla
pesquisa feita pelos integrantes do consórcio. Foram dois anos de trabalho, do
planejamento à liberação dos recursos. "Adquirimos as principais obras em todas
áreas. Os livros integram catálogos das melhores editoras internacionais. Foram
agregadas também coleções de obras raras, como é o caso dos livros do século 18
da Biblioteca Britânica".
Segundo o especialista, pelo acordo assinado
entre o Cruesp e a Fapesp, o consórcio terá como contrapartida a manutenção,
durante cinco anos, do portal de e-books. Depois desse período, o convênio será
reavaliado. Vicentini calcula que cada uma das três universidades vai investir
anualmente cerca de US$ 50 mil. Segundo ele, o custo não é alto. "Só para a
assinatura de periódicos internacionais impressos, por exemplo, a Unicamp
investe US$ 5 milhões/ano".
A relação custo-benefício, segundo o
especialista, é uma das grandes vantagens das bibliotecas virtuais. Vicentini
lembra que não seria possível a implantação, em seis meses, como foi o caso do
portal de e-books, de uma biblioteca convencional com 188 mil volumes impressos.
"Só para efeito de comparação, a biblioteca do Instituto de Filosofia e Ciências
Humanas [IFCH], que é a maior da Unicamp, inaugurada há mais de 30 anos, conta
hoje com um acervo de 160 mil livros".
USP – Adriana Ferrari, diretora
técnica do Sistema Integrado de Bibliotecas da USP, que é formado por 42
unidades, pondera que sua opinião pode estar "contaminada" pelo fato de ser uma
das idealizadoras do projeto. A diretora acredita que o consórcio "deu um passo
decisivo" na área de formação e desenvolvimento de acervos dos sistemas de
bibliotecas. O formato digital, afirma a especialista, impulsionará outras
iniciativas conjuntas.
Na opinião de Adriana, a aquisição de e-books, por
exemplo, complementa uma etapa iniciada com a compra conjunta de bases de dados
bibliográficas e textuais de periódicos de forma consorciada, tanto para a
obtenção de melhores preços como também para atender o núcleo comum das três
universidades. "Havia um gap. Não tínhamos nada relacionado a livro eletrônico.
Conseguimos, com o projeto, tornar disponíveis obras de todas as áreas do
conhecimento, 365 dias por ano, transcendendo as barreiras físicas",
afirma.
Adriana destaca ainda que o portal de busca, o Unibibliweb,
adicionará as coleções de livros eletrônicos às várias bases de dados e recursos
existentes. "Será possível, inclusive, entrar diretamente nos sites dos
editores, a partir dos computadores instalados em quaisquer locais das
universidades ou remotamente, utilizando o serviço de vpn".
Na opinião da
Adriana, a biblioteca está cada vez mais se transformando num espaço diferente,
e o portal de e-books se insere nessa nova configuração. "Caminhamos em direção
às facilidades domundo digital. A biblioteca deve ser um espaço agradável de
pesquisa, no qual o pesquisador encontrará novidades, além de poder interagir
com outras pessoas. Será um espaço de vivência", prevê.
Segundo a
bibliotecária, o projeto só concretizado em razão de investimentos feitos pelo
Cruesp, os quais garantem a infra-estrutura necessária às bibliotecas. "Esses
investimentos são regulares, o que dá a sustentação ao projeto. Sem o aporte de
recursos, inclusive para a capacitação de profissionais, não estaríamos nesse
patamar a que chegamos".
Unesp – Margaret Antunes, coordenadora da
Coordenadoria Geral de Bibliotecas da Unesp, cujo sistema congrega 30 unidades,
ressalta a possibilidade de o e-book poder ser consultado simultaneamente.
"Trata-se de material atualizado e que está disponível para o usuário de forma
imediata. Ao contrário do material impresso, que demanda um maior tempo de
aquisição e posterior catalogação até ser colocado nas estantes das
bibliotecas".
Segundo Margaret, no caso da Unesp, o portal compartilhado
ganha mais importância em razão da descentralização dos campi da universidade,
que conta atualmente com 30 bibliotecas, em 23 cidades do Estado de São Paulo.
"Temos, por exemplo, três faculdades de engenharia em cidades muito distantes
entre si – Bauru, Ilha Solteira e Guaratinguetá. Para atender um sistema com
essas características, seria necessária a aquisição de pelo menos três
exemplares do mesmo título".
Produtos e serviços do Consórcio
Cruesp
Foi criado em 1994 um grupo de trabalho para discutir ações
integradas entre os sistemas de bibliotecas das três universidades estaduais
paulistas. Dez anos depois, em janeiro de 2004, foi firmado o convênio
instituindo o Consórcio Cruesp Bibliotecas, cujas premissas são a cooperação, o
compartilhamento e a racionalização de recursos.
O consórcio é composto
por 93 bibliotecas, contando com um acervo de mais de 8 milhões de itens
bibliográficos e uma freqüência anual de 7 milhões de usuários. O Portal
Cruesp/Bibliotecas [http://www.cruesp.sp.gov.br/bibliotecas] está disponível desde
2002, possibilitando o acesso da comunidade aos seguintes produtos e serviços:
- Unibibliweb – Proporciona o acesso simultâneo, via internet, com
interface de busca unificada, aos bancos de dados bibliográficos Dedalus/USP,
Acervus/Unicamp e Athena/Unesp, além de contar com lista unificada de títulos de
periódicos eletrônicos e acesso a outros recursos.
- Bases de dados
referenciais – Adquiridas pelo Consórcio, permitem o acesso a obras de várias
áreas do conhecimento, na web, a partir dos equipamentos conectados à USP,
Unicamp e Unesp.
- Biblioteca Eletrônica do Cruesp – Formada pelo
arquivamento de conteúdos digitais provenientes de parcerias com editores
comerciais e institucionais.
- Livros eletrônicos – Títulos de todas as
áreas do conhecimento, voltados para o ensino e pesquisa nas três
universidades.
Digitalização de teses revela tendência
Na opinião
de Vicentini, as mudanças tecnológicas vieram para ficar. Segundo o
especialista, a adoção de softwares livres e arquivos abertos acompanha a
tendência da comunidade científica na criação de repositórios de conhecimento
acessíveis a qualquer cidadão do mundo, por meio de mecanismos de divulgação
dinâmicos, flexíveis e com custos bem mais baixos que os convencionais. Prova
disso é marca recém-alcançada pela Biblioteca Digital da Unicamp: 50% das 27 mil
teses defendidas até 2006 na Universidade já estão
digitalizadas.
Traduzindo em números: estão disponibilizadas na web
13.620 dissertações e teses, de acordo com números aferidos no mês de maio.
Segundo Vicentini, trata-se do maior conteúdo de acesso livre da América Latina.
Não falta demanda: em maio, de acordo com o coordenador, foram registradas
447.701 visitas, com uma média diária de 14.441 acessos.
A quantidade de
downloads registrados até 31 de maio também é um indicativo dessa demanda por
novos formatos: foram 63.860, com um acumulado de 1,6 milhões desde 2002. Com
esses números, chega-se à média de 122 downloads por tese, feitos por mais de
270 mil usuários de diversos países cadastrados na Biblioteca Digital, que
integra nacionalmente o projeto da Biblioteca Digital de Teses e Dissertações –
BDTD, de responsabilidade do Instituto Brasileiro de Informação em C&T
(IBICT do Ministério de Ciência e Tecnologia). Do volume de teses publicadas no
Banco Digital do IBICT (44.367), as 13.620 teses da Unicamp representam 31% do
conteúdo total, coletado entre as 59 instituições participantes.
A meta
da equipe coordenada por Vicentini é publicar 20 mil trabalhos até o final deste
ano, ou seja, 80% das teses defendidas na Universidade. "Queremos completar a
coleção da Biblioteca Digital com 100% das teses defendidas em 2008", revela.
Para tanto, o coordenador do Sistema de Bibliotecas da Unicamp (SBU) conta com
uma equipe composta por bolsistas, estagiários, bibliotecários, analistas de
sistemas e programadores.
Como acessar
- Unesp - http://www.bibliotecas.unesp.br
- USP - http://www.usp.br/sibi
-
Unicamp - http://www.sbu.unicamp.br
- Portal Cruesp - http://www.cruesp.sp.gov.br/bibliotecas
Algumas das
coleções adquiridas
- CRC Referex – Títulos nas áreas de Engenharia
Mecânica e Materiais, Química, Petroquímica e Processos, Eletrônica e
Elétrica
- CRC Press Package – Obras nas áreas de Farmácia, Ciências
Ambientais, Matemática, Medicina, Engenharia de Alimentos, Ciência da
Computação, Administração e Negócios, Engenharia Civil, Engenharia Biomédica,
Engenharia Química, Engenharia Elétrica, Biologia, Agricultura e
Botânica
- OVID – Livros na área de Medicina
- OCLC-Netlibrary –
Títulos de diversas áreas do conhecimento, tais como Agricultura, Física,
Biologia, Educação, entre outras. Nesta base de dados é possível selecionar
títulos específicos
- SAFARI – Obras nas áreas de Administração, Ciências
da Computação e Inteligência Artificial
- E-Livro e EBrary– Livros de
diversas áreas, tais como Administração, Economia, Educação, Artes,
Antropologia, Filosofia, Ciência Política, Ciências Sociais, História,
Lingüística, Ciência da Informação, Música, Direito e Literatura, entre
outros.
- ECCO – Coleção de títulos da British Library do século XVIII,
incluindo mapas e manuscritos, entre outros. Importante fonte de pesquisa para
diversas áreas, sobretudo para a de Humanidades.
O SBU em
números
O Sistema de Bibliotecas da Unicamp (SBU) é composto por 24
bibliotecas. Conta com um banco de dados, o Acervus, que possibilita a
localização de livros, teses, periódicos e outros materiais disponíveis no
Sistema. Nas bibliotecas, estão armazenados para uso da comunidade mais de 700
mil livros, além de outros tipos de materiais, entre os quais teses,
dissertações, partituras, CD-ROM, vídeos, microfilmes e microfichas. Abaixo,
alguns números do SBU, de acordo com dados de 2006.
- 24
bibliotecas
- Acervo de monografias (livros e teses) – 760 mil
-
Acervo de periódicos (títulos) – 16.287
- Outros materiais – 300
mil
- Circulação do acervo (empréstimo+consulta) – 1.441.727
-
Periódicos eletrônicos – mais de 19 mil títulos
Crédito da imagem:
Antoninho Perri / Antônio Scarpinetti
(Envolverde/Jornal da Unicamp)