O assunto é outro, mas não dá pra não trazer um pouquinho de história, que ficou tão perdida em meio a tantas plumas e paetês...
A palavra CARNAVAL, na sua religiosidade quer dizer “carne vale”, isto é, “adeus carne” ou “despedida da carne”; indicando que nesse período, o consumo dela seria lícito pela última vez antes dos dias de jejum “quaresmal”.
Visto isso, vamos passar pra o que interessa, tendo em vista que conceitos históricos são pouco apreciados em tempos de folia...
Durante esse período festivo, há um tipo de “enlouquecimento temporário” de alguns que aguardam o ano inteiro para poder transgredir, e nunca entendi o porquê disso.
Afinal, qual é mesmo a graça de fazer sexo sem preservativo em tempos modernos, onde após sucessivas campanhas, temos a certeza que o HIV existe, pega, e pode matar?
E beijar pra fazer número? Qual o prazer escondido nessa prática que até hoje não saco, o de contar vantagem pela quantidade e não pela qualidade da boca?
Beber até cair... Essa nem nas melhores enciclopédias do mundo há motivos. Beber deve ser um ato que nos descontraia nos cause alegria, relaxamento, prazer. Não vômitos, tonteiras, dores de cabeça, e perda da consciência, obrigando amigos ou até os bombeiros a levar o sujeito pro Souza Aguiar...
Xixi na rua é um caso de polícia. Algum folião faria xixi na porta da sua própria casa, ou ainda, na roda do seu próprio carro? Então porque no carnaval se dá esse direito? Porque obrigam a outros, inclusive aos turistas que visitam nossa terra a assistir tamanha falta de educação?
Turistas são embaixadores da opinião que marcamos em seus corações. Levam as experiências que tiveram aqui pro lugar deles e nos divulgam gratuitamente. Cuidemos dos turistas, senão por amor, ainda que seja por interesse, mas cuidemos!!!
Brigas não existem né? Super fora de moda aquele negócio de ficar agressivo vestido de pierrot ou colombina. Já foi o tempo do tacape, onde o cara desce o porrete no outro porque falou com sua mulher, por favor...
Acho que do lixo nem preciso falar, porque alguém ainda acha que quando joga sua latinha ou garrafinha na rua ela se desintegra sozinha? Ou que existe um grande aspirador intergaláctico submerso nos bueiros que a suga para o espaço sideral? Sobre essa parte, ouvi outro dia a melhor de todas, que jogar lixo na rua acelera a economia, porque aquece a contratação de garis e blá, blá, blá... Francamente, foi a pior do século!
Quando chover e a cidade inteirinha alagar por bueiros absolutamente entupidos, vai ficar claro que o que aquece, aliás, ferve, é nosso coração, mas de pena, das vidas que são perdidas com desabamentos, mortes e afogamentos que talvez pudessem ser evitados caso houvesse mais carinho e cuidado com a coisa pública.
Os governos têm sim que fazer sua parte, mas que fique claro, que governo nenhum do mundo será suficiente numa população sem princípios mínimos de boa convivência e paz.
Sejamos felizes no carnaval, mas vamos nos lembrar que esse não será o último, e temos que estar vivos e saudáveis para poder curtir os outros que estão por vir.
Claudia Cataldi é jornalista e presidente do Instituto Responsa Habilidade
Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.