Você e ninguém é o centro da razão, por mais razão que possa ter.
Há, sempre, mesmo que considere pequena, a possibilidade de estar errado ou a solução do problema ter dupla interpretação. Qualquer coisa, olhada por várias pessoas em ângulos diferentes, terá obrigatoriamente uma definição diferente. Ao medir a extensão de uma peça, uma polegada é o mesmo que dois centímetros e cinquenta e quatro decímetros. Todos, portanto, cada um a seu modo, pode estar a falar da mesma coisa. Logo, ao decidir um trabalho baseado numa intuição, dúvida, interpretação equivocada, ou mesmo num erro involuntário, permitirá erguerem-se estruturas sólidas sob alicerces frágeis. E aí pode nascer o risco de insucesso.
Em decisões vitais para os negócios da sua empresa, jamais se considere o "infalível", o "dono da razão". É basilar refutar a prepotência. Dê lugar à humildade e aceite que as mãos da ajuda se estendam para você. E essa ajuda se traduz em sugestões, opiniões, correções, palpites fundamentados, ideias propositivas. Lembra-se do aforismo "duas cabeças pensam mais que uma"? Ele é um alerta, um ensinamento antigo, mas que vale muito no nosso cotidiano.
Embora você tenha poder para decidir sozinho, e seja um profissional responsável e experiente, há variáveis internas e externas que, após bem avaliadas, podem influir na sua decisão. Por exemplo: quando decidir?, quanto será o custo?, quais os riscos de erros e falhas? De posse dessa avaliação, a certeza que a princípio era indubitável de repente pode ser posta em cheque e você alterar o curso da sua decisão. Lembre-se, erros de decisões ocorrem. Com frequência. Basta ver às margens nas avenidas da cidade, quantas grandes obras fracassadas tiveram como líderes profissionais "donos da razão", que se consideravam "infalíveis".
Em verdade, todos nós temos nosso limite de capacidade, por mais capazes que sejamos. Reconhecer a divisa desse limite, e não ultrapassá-lo desarrazoadamente, pode nos conduzir a excelentes resultados.
Confie piamente na sua capacidade e no seu tino para os negócios, mas vez por outra desconfie de um súbito lapso de memória, um átimo de distração, um apagão repentino, enfim, o surgimento de um fator estranho que possa desviar sua atenção e influenciar sua decisão.
Quando você perceber que as perguntas já não encontram respostas e que está prestes a falhar, vista o jaleco da humildade, acione sua equipe e ouça vozes graduadas. Não se furte a um pedido de ajuda. O que lhe alertarem vai servir como parâmetro, ou para uma retomada de curso e mudar o que for preciso, ou até para corroborar o que decidir. Uma pequena ajuda que venha somar, e fortalecer sua razão, é sempre de grande valia, para você, sua equipe e sua empresa.
Inácio Dantas
Do livro © "Como se tornar um líder de Alto Impacto"