NEM LULA, NEM DILMA: É O CABRAL QUEM QUER ETERNIZAR OS MILITARES NOS MORROS

Em política, quando um personagem relata, em primeira mão, à imprensa os detalhes de uma reunião da qual participou com outros personagens importantes, há três hipóteses:

  • seu relato ser fidedigno;
  • seu relato ser apenas um balão de ensaio para os envolvidos aquilatarem qual seria a repercussão da medida cogitada (neste sentido, é sempre o personagem menos importante quem  vaza o que teria sido decidido);
  • seu relato ser lobbista (ou seja, ser uma tentativa de tanger os acontecimentos para a direção que ele está apontando).

Então, quando O Estado de S. Paulo publicou a versão do vice-governador do RJ, Luiz Fernando Pezão, a respeito do que teria sido tratado num encontro mantido na última 2ª feira (29) pela presidente eleita Dilma Rousseff e o futuro chefe da Casa Civil Antonio Palocci com ele e o governador Sérgio Cabral, não só rechacei firmemente (meu artigo A Presidente Dilma vai incubar o ovo da serpente?) a alegada intenção de se manter indefinidamente as Forças Armadas exercendo funções policiais no Rio de Janeiro e outras cidades brasileiras, como fiz uma providencial ressalva:

"O século passado nos deixou e lição de que é bem mais fácil tirarmos os militares dos quartéis do que fazê-los voltar para eles.

Fico pasmo com a possibilidade de a companheira Dilma ter esquecido tal obviedade -- isto, repito, se o relato do Pezão, no qual o Estadão se baseou, for algo além da reiteração lobbista do desejo várias vezes expresso pelo patético governador Sérgio Cabral".

Seja porque se tratasse mesmo de lobbismo, seja pela péssima repercussão desse eventual balão de ensaio, o certo é que a colunista Eliane Cantanhêde, na edição deste sábado (4) da Folha de S. Paulo, desmentiu cabalmente tal possibilidade, a partir do acesso privilegiado que tem ao ministro da Defesa Nelson Jobim.

Como ela frequentemente informa qual o posicionamento de Jobim em questões candentes -- e sempre acerta --, tudo leva a crer que tenhamos, agora, a verdadeira definição a este respeito -- tanto do governo Lula quanto do Governo Dilma, já que o ministro da Defesa continuará sendo ele mesmo, Jobim:

"O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro Nelson Jobim (Defesa) não acataram o pedido do governador Sérgio Cabral (PMDB) para ampliar o emprego das Forças Armadas por mais sete meses no combate à criminalidade no Rio de Janeiro.

Lula telefonou anteontem para Jobim, que estava na Polônia, perguntando sobre a proposta de ampliação.

Presidente e ministro acertaram que o governo federal aceita manter as tropas no Rio, mas sem estabelecer prazos - muito menos longos, como quer Cabral.

Como a Folha revelou no início da semana, há um temor do Comando do Exército com o risco de 'contaminação' dos militares por marginais e traficantes caso a permanência no local fosse ampliada por tanto tempo.

Lula publicou ontem no Diário Oficial da União a autorização para que o ministro emita uma nova diretriz oficial sobre as Forças Armadas no Rio. A diretriz estabelece a continuação da operação militar, mas sem datas preestabelecidas.

'É preciso ter flexibilidade para avaliar de tempo em tempo', disse Jobim à Folha. Hoje, ele vai para o Rio, onde terá encontro com Cabral para detalhar a continuação do trabalho militar no Estado.

O ministro pretende dizer claramente que o governo federal não aceita a formalização de mais sete meses dos militares na operação.

Segundo Jobim, uma permanência das tropas por um tempo longo iria desvirtuar o objetivo da entrada militar: 'Em nenhum momento se pensou em transformar o Exército em polícia. Isso não vai acontecer', garantiu.

Ele explicou que as Forças Armadas entraram numa ação de emergência extraordinária e que não há sentido em ampliá-la 'sine die', criando um padrão.

Disse que, além de estar em contato direto com Lula, tem discutido todas as questões envolvendo o Rio com os três comandantes: general Enzo Peri (Exército), almirante Julio Soares de Moura Neto (Marinha) e brigadeiro Juniti Saito (Aeronáutica).

Conforme a Folha apurou, Lula, Jobim e a presidente eleita, Dilma Rousseff, acham que Cabral tem falado mais do que devia.

Cabral já criou constrangimento a Dilma, por exemplo, ao anunciar o nome de seu secretário Sérgio Cortês para o Ministério da Saúde. Pressionada pelo PMDB, Dilma teve de desautorizá-lo.

O mesmo se repete agora, ao anunciar prazos sem consultar o governo. Incomodou militares e obrigou o presidente e o ministro a negarem".

Menos mal, prevaleceu o bom senso e não será cometido um erro que poderia ter funestas consequências em médio e longo prazos.

De resto, eu não fui lá muito original ao qualificar de "patético" o governador Sérgio Cabral, pois, segundo a notícia, este é o conceito em que todos o têm...

* Jornalista e escritor. http://naufrago-da-utopia.blogspot.com
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