Há incontáveis situações, em várias áreas de atuação na vida, profissional ou não, que um subalterno é mais qualificado que o chefe. O que fazer diante dessa situação?
Muitos líderes, ao analisarem o currículo para admissão de um profissional para o seu setor, e constatarem que este é mais experiente e qualificado, simplesmente “engavetam para sempre” o currículo. Preocupados com os próprios cargos, não querem pôr em risco sua estabilidade à chegada do novo contratado...
Outros líderes, que já têm esse profissional atuando no seu setor, ao se depararem com um enfrentamento de conhecimentos criam embaraços e entravam o seu desenvolvimento. Temem, pelos componentes da equipe, serem taxados de incapazes, desqualificados ou ultrapassados. Com isso, e antevendo a possibilidade de perder a força da liderança e o próprio cargo, na primeira oportunidade demitem o “concorrente”...
Mas, essa atitude é boa para os negócios da corporação? Ter profissionais, tão ou mais qualificados que os líderes, é razão para desencadear uma guerra interna, onde perde-se o elemento humano qualificado e a consequente qualidade da sua mão-de-obra?
Um líder seguro, confiante em si, cônscio da sua proficiência e importância para a corporação, jamais deve privar-se da ajuda de mentes geniais. Sejam superiores ou subalternas. Ao contrário, deve ter esses elementos na sua equipe, num diâmetro que não conflite, mais que irradie um saber que possa ser útil a si próprio, aos demais membros e por extensão à própria corporação. Líder assim, perspicaz, que tem “jogo de cintura” para tirar proveito do saber alheio, deve portar-se com humildade e nas entrelinhas aceitar, quando necessário, ser um aluno e aprender com o mais experiente.
Ressalte-se que ter profissionais altamente qualificados nivela-se para cima a média da inteligência da equipe e da qualidade total dos serviços, uma vez que para não se inferiorizar todos os demais funcionários procuram se superar e melhorar em qualidade e desempenho.
Por outro lado, diante de uma situação desse nível, de confronto do saber, cabe ao líder procurar se requalificar e dar novo impulso à sua formação técnica. Sob muitos aspectos, a concorrência pode ser útil e benéfica, e essa é uma delas. Geralmente, por falta desse elemento desafiador, as pessoas se acomodam e acabam sendo superadas e ultrapassadas. Devemos enxergar pela ótica de que a presença de alguém superior qualitativamente serve-nos de estímulo para não nos acomodarmos, nos superarmos e ascendermos também a um plano superior.
Quanto mais profissionais altamente qualificados uma equipe tiver, tanto maior será a excelência dos seus trabalhos. Todo líder só tem a ganhar com profissionais desse quilate, ganhando também a corporação e por consequência a macroeconomia da nação.
Inácio Dantas
(do livro ® “Liderança: conceitos para aprimorar sua performance”)