Quem educa os filhos?

É importante cuidar da alimentação e da saúde dos filhos, mas é relevante também observar as motivações, as frustrações e o desenvolvimento das suas emoções, por exemplo, a fim de obter informações que, se analisadas devidamente, geram idéias sobre como educar de forma mais direta e mais acertada. Assim, as chances de errar diminuem consideravelmente. Porém, impõe-se um obstáculo colossal frente a esta situação: muitos pais não estão suficientemente próximos dos filhos. E agora?
Não há truque que dê jeito na educação. Ela é uma responsabilidade intransferível – as escolas não conseguem realizar o trabalho tipicamente familiar, que requer proximidade, apego, carinho, confiança, tempo e autoridade. Mas muitos pais justificam a sua ausência através da falta de tempo frente aos compromissos profissionais. Decerto que o sustento não pode ser comprometido. Todavia, o que não se leva em conta ao apontar o dedo da culpa para o cruel relógio das impossibilidades é que, justamente pelo deficiente convívio, a criança torna-se mal educada e nem os pais a suportam com o passar do tempo, além de não aprenderem como educar por manterem-se distantes e não colocarem a mão na massa. A situação fica cada vez mais intolerável e distante do desejável. É como se pais e filhos jogassem um jogo no escuro cujas regras não estão definidas e tampouco se tem prática a seu respeito. Em pouco tempo impera a chatice, o cansaço e a frustração. O que fazer?

Para aquele que deseja modificar a dramática situação, é recomendado que se autoavalie (o autoengano causa-nos a sensação de que fazemos o que podemos), além de ter em mente que a luta não dura um dia somente; ela continuará por tempo indeterminado, e o conhecimento e a persistência serão os elementos que podem assegurar melhor resultado. Então, deve-se estabelecer um acordo entre aqueles que cuidam da criança, definindo as regras que deverão ser respeitadas mutuamente, pois ao dividir as tarefas educacionais, além de dar atenção e carinho (legítimos), deve-se, ainda, ser firme e sério na hora de falar (sem grito), cobrar (hora do banho, lição escolar, comer, dormir) e deixar sem alguns prazeres pessoais (televisão ou jogos) por determinado tempo, quando necessário. Deve-se ainda explicar as razões que motivaram cada intervenção. Atender às birras, jamais; somente aos pedidos razoáveis, e não se deixar levar pelo manhoso lamento, pois ele seduz e engana. Com o tempo, os próprios pais perceberão que eles também se modificam. Para alcançar novo estágio requer-se de si mesmo nova consciência.

Não obstante, é natural que os pais se sintam frustrados mesmo diante do esforço empregado, haja vista a criança não ceder tão facilmente depois de tanto tempo sem o adequado limite. Você cederia? Mas é a aproximação do convívio, a firmeza de propósito, a dedicação, o aproveitamento qualitativo de cada minuto e a persistência que podem colaborar na fundamental mudança que se almeja. Lembre-se que o árduo e enraizado trabalho educacional dá frutos à criança e a quem dela cuida também. Entretanto, educar empenhadamente demanda decisão e atitude.


*Armando Correa de Siqueira Neto é psicólogo (CRP 06/69637), diretor da Self Consultoria em Gestão de Pessoas, professor e mestre em Liderança pela Unisa Business School. Coautor dos livros Gigantes da Liderança, Gigantes da Motivação e Educação 2006. E-mail: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.
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