Steven Gerrard é um fora de série. Pode atuar como volante pela
direita, pela esquerda ou pelo meio. Tem jogado mais adiantado, mais
perto da área, como um 10. Gerrard tem um bom passe, ótimo chute de
longa e média distância. Drible ele não arrisca muito e utiliza apenas
como recurso. O fundamento cabeceio é pouco usado, entretanto, o número
de gols de cabeça tem aumentado muito.
Ele não pára por aí. A maior característica dele é a liderança. A história dele com o Liverpool, atual líder do campeonato inglês, tem traços fortes escritos com muito suor, lágrimas, alegrias e até tragédias. Com ele o Liverpool conquistou a Liga dos Campeões de 2005, contra o Milan. Ele também esteve na final do Mundial de Clubes no Japão, contra o São Paulo. Bateu diversas vezes para o gol e não conseguiu bater Rogério Ceni. Ao final da partida chorou no centro do campo. O momento mais forte de Gerrard com a história Red foi quando a família recebeu a notícia de que o primo dele estava entre os 96 torcedores mortos esmagados e pisoteados em uma final da Liga Inglesa. Uma briga em um bar manchou a história do capitão. Se Gerrard foi culpado ou se foi envolvido no episódio o tempo vai tentar explicar, o tempo só não vai apagar a imagem do astro preso por quase um dia. Quando Steve G (apelido carinhoso dado a ele) saiu da cadeia, o Liverpool manifestou todo apoio a ele e o técnico Rafa Benitez afirmou que ele seria o capitão da equipe no confronto do fim de semana. Ele foi a campo. O adversário era o modesto Preston. Seria a grande chance de virar a página, apagar a imagem arranhada e devolver a Gerrard a imagem de herói com a possibilidade de marcar gols e mais gols. Bola rolando e ficou muito claro que todos os jogadores continuavam apoiando e incentivando o capitão. No finzinho da partida aconteceu o lance que poderia “reconsagrar” o dono da camisa 8. Gerrard, esbanjando preparo físico, saiu em alta velocidade em um contra ataque aos 45 do segundo tempo. Correu do meio campo até a entrada da pequena área. Era só bater para o gol e sair como herói. Herói? Ele preferiu ser líder! Ao perceber que o companheiro Fernando Torres, que voltava de contusão, estava bem posicionado, Gerrard apenas rolou para que o artilheiro se consagrasse e marcasse o segundo gol da vitória. Gerrard não saiu como herói. Saiu como líder. A opção de rolar a bola para o companheiro apenas mostrou que mais vale o conteúdo, mais vale a história. Todos no grupo sabem que podem contar com o líder. Aquele que pensa mais no todo. Aquele que pensa menos na glória pessoal. Steven Gerrard é um fora de série.