Movimento Negro Socialista (MNS) realiza Encontro Nacional

Um entusiasmado Encontro do MNS faz um balanço de atividades e organiza a continuidade da luta contra o racismo e o pretenso Estatuto da Igualdade Racial

O capitalismo traz o racismo como a nuvem traz a tempestade
Mano não Mate! Mano não Morra!
Paz entre nós! Guerra aos Senhores!

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Reunidos em São Paulo , na Terceira Reunião Nacional, convocada pelo Movimento Negro Socialista, 104 militantes anti- racismo vindo de 10 estados brasileiros constamos que nos últimos três anos a luta do MNS de combate ao racismo e à implantação das leis raciais deu enormes passos a frente. E foi um importante elemento para impedir até agora a aprovação destas leis que podem desgraçar a nação e provocar uma catástrofe racista no Brasil.

Iniciadas no governo Fernando Henrique Cardoso e aceleradas no governo Lula, sob o impulso do imperialismo EUA e da socialdemocracia internacional, através da ONU e da Conferencia de Durbhan, a implantação das ditas políticas afirmativas (Cotas para negros) encontra seu auge no projeto de lei chamado “Estatuto da Igualdade Racial”, que pretende dividir o povo brasileiro em “etnias” e implantar documentos de identidade raciais cujo único paralelo conhecido são os “passaportes” negros da África do Sul (Azânia) do Apartheid, do “Congo Belga” (atual Ruanda) com as conseqüências horrorosas que conhecemos ou a monstruosidade do “passaporte” judeu imposto pelos nazistas.

 

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Nós, que combatemos pela igualdade e pelo socialismo, não podemos aceitar isso. Declaramos nossa oposição irredutível a todas às políticas que pretendem dividir e enfrentar entre si a classe trabalhadora e os oprimidos com o objetivo de esconder a política de exploração e opressão aplicada pelos governos a serviço dos capitalistas.

Falam em cotas para negros em nome da igualdade, mas entregam bilhões de dólares aos banqueiros, especuladores e multinacionais e se recusam a implantar Educação e Saúde Públicas e de qualidade para toda a população. O governo acaba de anunciar brutais cortes de gastos nas áreas sociais ao mesmo tempo em que anuncia a desoneração fiscal e financiamento subsidiado de mais de 30 bilhões de reais para os empresários. Bilhões para os capitalistas, privatização e sucateamento dos serviços públicos para o povo trabalhador e, portanto para os negros pobres.
Mel para os especuladores com os juros mais altos do mundo e esmolas e leis divisionistas para os trabalhadores e os negros.

Nosso ideal não é de criar uma pequena camada social de negros “bem de vida” integrados ao sistema capitalista, mas a luta para realizar a verdadeira igualdade e a felicidade para milhões e milhões de homens e mulheres, qualquer que seja a cor de sua pele, e que hoje são lançados uns contra os outros e de sofrimento a outro em nome da “ordem e do progresso” para os capitalistas e seus serviçais. Combatemos a falsa idéia de “raças humanas” criada pelos fascistas e pretensos cientistas.

Nosso ideal é a igualdade entre os seres humanos, que só pode ser conquistada verdadeiramente com o fim do regime da propriedade privada dos meios de produção e o controle efetivo e democrático da sociedade pelas maiorias trabalhadoras.

Só a luta dos oprimidos faz recuar os opressores. Como negros e combatentes contra o racismo somos conscientes de que a importante conquista da Abolição foi fruto de duras lutas, mortes e insurreições escravas, do esforço dos republicanos abolicionistas e mesmo uma necessidade para o desenvolvimento do capitalismo. Demos um passo. Mas, fomos atirados nas ruas porque se impediu a Reforma Agrária e o capitalismo vive da exploração de nossa força de trabalho nas cidades e no campo.

Nada temos a ver com as ONGs, que financiadas por governos e empresas, estão a seu serviço para fazer a felicidade de seus dirigentes mesmo arriscando mergulhar o país numa catástrofe. Nada temos a ver com intelectuais, religiosos, políticos e instituições financiados pela Fundação Ford, dos EUA, que estão a serviço das políticas racialistas para esconder e desviar a atenção da falta de vagas, de saúde arrasada, de emprego, de direitos e de criminalização dos movimentos sociais ocasionada pela política capitalista do governo.

Somos um movimento independente dos burgueses e dos governos e nos orgulhamos de recolher nosso financiamento entre os trabalhadores e jovens que se reconhecem em nossa luta. Nosso compromisso é com o fim de toda opressão e exploração e com o futuro da humanidade.

Dirigimos-nos a todos os que reivindicam representar o povo brasileiro, a todos os que reivindicam a democracia e a igualdade, a todos os que reivindicam o socialismo, e lhes dizemos:

Está em suas mãos evitar o pior. Está em suas mãos recusar este pretenso “Estatuto da Igualdade Racial”, que vai lançar nossos filhos e netos uns contra os outros, enquanto cresce a miséria causadora de todos os males.

Dirigimos-nos à juventude negra, aos trabalhadores e trabalhadoras, aos negros e negras tão sofridos, para que se organizem e se mobilizem para impedir as leis racialistas e para combater o racismo em todas as suas formas. Convocamos nossos companheiros para denunciar o massacre e o extermínio racista praticado pela polícia nos bairros pobres, onde os principais “suspeitos” e vítimas são negros e jovens. Convocamos nossos irmãos de dor e de luta para denunciar a ação dos narcotraficantes que dizimam nossa juventude com suas drogas e suas armas.

Os governantes organizadores do “Caveirão”, no RJ, e os bandos criminosos armados, são duas faces da mesma moeda, assim como são gêmeos o racismo e capitalismo, como disse o negro socialista Steve Biko.

Convocamos todos nossos irmãos de luta na juventude e na classe trabalhadora, do campo e da cidade, convocamos todos aqueles que se organizam e se reconhecem na luta do Movimento Negro Socialista a gritar bem alto em todo o Brasil:

- Mano não Mate! Mano não Morra!

- Paz entre nós! Guerra aos Senhores!

São Paulo, 10 de maio de 2008

José Carlos Miranda
Coordenador Nacional do MNS
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