CAMISA CANARINHA EM FARRAPOS: NÃO FOI POR FALTA DE AVISO!

Faz pouco mais de um ano. Em 02/07/2013, logo após o Brasil ter conquistado a Copa das Confederações com um sonoro 3x0 sobre a Espanha, escrevi:
"[os ciclotímicos brasileiros] já dão nossa seleção como franca favorita para o Mundial e descobrem insuspeitadas virtudes no técnico que até ontem todos reconheciam estar ultrapassado.
Estavam certos antes e erram agora: O FELIPÃO ESTÁ MESMO ULTRAPASSADO!
...Desta vez o Felipão copiou a marcação que o Bayern adotara contra o Barcelona e a Itália repetira dias antes no Castelão. Deu certo porque o técnico Vicente del Bosque também não é nenhum gênio da estratégia, caso contrário teria buscado uma linha de ação para responder ao desafio com o qual, era facílimo prever, se defrontaria novamente.
Mas, e quando não houver ninguém indicar o caminho das pedras?

 ...Na Copa do Mundo, a falta de um estrategista no banco tende a ser fatal. Numa competição que todos querem ganhar, não bastará ficar parando o adversário com uma falta atrás da outra, como ele fez contra a Espanha".
O artigo completo pode ser acessado aqui
Outro que se revelou profético em muitos aspectos é este aqui. Confiram, p. ex., a advertência final:
"Quanto ao Brasil, está na bom caminho, mas tem de começar desde já a preocupar-se com o melhor futebol da atualidade: o alemão. Não voltou a ser o nº 1 do mundo por haver suplantado, três anos depois, o vencedor do último Mundial. Longe disto".
Mais explícito ainda eu fui na minha Crônica do maracanazo anunciado (clique aqui), de 03/08/2013:
""Felipão e Parreira, somados, hoje não dão meio Muricy (ou um terço do Tite). Se nada de diferente acontecer até o Mundial, a  dupla já-vi-dias-melhores  conduzirá nosso Titanic para o desfecho indesejado, mas pra lá de previsível. Quem viver, verá"

A falta de um estrategista no banco acabou sendo mesmo fatal, pois o Felipão deixou de reforçar o meio de campo ao enfrentar uma seleção que goleara por 4x0 o último incauto a cometer tal tolice. Resultado: levou uma goleada mais acachapante ainda.

Aparentemente, o Brasil não se preocupou com o futebol alemão, ou nossa comissão técnica foi bisonhamente incapaz de fazer uma leitura correta dos seus pontos fortes e fracos. Pois, se um gênio desse a Joachim Löw o direito a fazer um pedido antes da semifinal, ele decerto desejaria que o Brasil atuasse exatamente como atuou. Nunca foi tão fácil para um campeão do mundo triturar outro.

E quem viveu, viu o Titanic brasileiro ser mesmo conduzido por Felipão e Parreira para o fundo do mar. Afundou tanto (tratou-se do maior vexame de um selecionado canarinho em todos os tempos!) que será difícil trazê-lo de volta à superfície e rebocá-lo para o estaleiro. 

Como não sou nenhuma pitonisa, deixei de emplacar 100% nas minhas previsões: subestimei Júlio César, acreditando que a sua dificuldade em arrumar time melhor na Europa se devesse a uma definitiva decadência. Dou a mão à palmatória: ele foi um dos poucos que agora se salvaram do naufrágio.

Em compensação, acertei em cheio quanto ao erro cometido por Felipão ao não dar outras chances a Lucas ("um jogador muito mais promissor do que o tão esforçado quanto limitado Hulk") e ao qualificar de temerária a "a aposta em Fred, o anacrônico artilheiro que passa 90 minutos à espera de uma chance para colocar a bola nas redes".

Mas, apesar deste realismo me angariar muita antipatia e de eu não haver conseguido, com meus prognósticos corretos, alterar em sequer um milímetro o rumo dos acontecimentos (ver um desastre se desenhando e não ter como evitá-lo dá uma terrível sensação de impotência!), consolo-me com a constatação de que a minha parte, pelo menos, eu fiz. 

Ao contrário de alguns famosos comentaristas esportivos de ofício que esqueceram suas críticas ao Scolari a partir do triunfo na Copa das Confederações e consequente euforia ingênua dos desinformados, tive a coragem de afirmar que não passava de ouro de tolo - tanto que, antes dos fiascos de 2006 e 2010, nós também a conquistamos.

Eu consigo dormir muito bem à noite. Os fazedores de média do jornalismo, ou já se habituaram a conviver com o próprio cinismo, ou devem estar com olheiras profundas... 

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