A educação e a cibernética social

A partir do aperfeiçoamento da comunicação a humanidade já não era a mesma. A linguagem do poder econômico mudou definitivamente a comunicação global. George Orwell (1903-1950), Arthur Blair - seu nome verdadeiro, descreveu em A Filha do Reverendo, todas as suas vivências como guarda na Birmânia e como professor. Ao escrever o livro 1984, criou a distopia (utopia negativa), quando previu um mundo controlado através da tecnologia; a novilíngua e o duplipensar - que ele preconizou, estariam presentes em toda a comunicação. Novilíngua seria uma adaptação calculada do idioma britânico. Cada um destes códigos pode ser interpretado em sentido oposto, dependendo do uso: "guerra é paz, liberdade é escravidão, ignorância é força. Crimideia não acarreta a morte, crimideia é a morte". A teletela, apregoada por Orwell é muito mais do que uma televisão ou um computador; é um aparelho que envia e capta voz e imagem, facilitando o controle dos cidadãos.

O historiador Eric Hobsbawn que nasceu no dia 9 de junho de 1917, em Alexandria, no Egito, contribuiu com sua análise sobre este mundo cibernético e adverte: "Os desatentos devem abrir os olhos. Urgente. Porque, pelo menos quatro revoluções silenciosas estão em curso. Sem estrondos, abalos ou explosões espetaculares. Este quarteto de revoluções - na comunicação, na informação, nos transportes e na biologia - afetará a vida de cada um dos habitantes do planeta".
Werner Heisenberg (1901-1976), afirmou que "Depois da descoberta da física quântica, os átomos não são objetos, são tendências. Tudo é possibilidade subconscientemente", abrindo espaço para estudo do princípio das incertezas. Segundo ele "Os fenômenos não podem ser previstos exatamente; só é possível estabelecer a probabilidade de que algo aconteça".
James Lovelock - 1919, químico, doutor em medicina e biofísica, foi um dos ambientalistas a falar, acentuadamente, do aquecimento global, num relatório elaborado em 1989, para o gabinete da primeira-ministra inglesa Margaret Thatcher. Ele diz que "O planeta Terra seria um complexo sistema orgânico autorregulável, um ser vivo". Lovelock tem mais de 50 inventos patenteados. O mais importante deles é o Electron Capture Detector, uma caixinha capaz de medir o nível de poluição.
O físico alemão W.O. Schumann constatou, em 1952, que a Terra é cercada por um campo eletromagnético poderoso que se forma entre o solo e a parte inferior da ionosfera, cerca de 100km acima de nós. Esse campo possui uma ressonância (dai chamar-se ressonância Schumann), mais ou menos constante, da ordem de 7,83 pulsações por segundo. A partir de 1980, a frequência passou de 7,83 para 11 e para 13 hertz. O Universo é infinito, indecifrável: está em expansão. Schumann acalma dizendo que a Terra é autorrenovável, autorregulável, autogovernável. Plutão não é mais planeta; o dia encurtou; o eixo da Terra mudou e ela tenta se reorganizar, porque além de outros fenômenos, profeticamente anunciados, suas "batidas cardíacas" estão aceleradas. Os mapas geográficos podem ser alterados a cada tsunami, terremoto, ou eleições.
Diz-se que hoje é também a Era da nanotecnologia. A nanotecnologia não é coisa nova como muita gente imagina. Cientistas franceses descobriram, que há uns três mil anos, egípcios, gregos e romanos usavam nanocristais de sulfeto de chumbo para tingir os cabelos com cristais que mediam cinco nanômetros. Um nano (anão metro), é 1 milionésimo de milímetro. Para atingir a grossura de um cabelo são necessários 100 mil deles.
A Escola virtual está definitiva e transitoriamente consagrada. Ela não veio para educar, como todas as escolas do universo, ela veio para confundir, desarrumar, esculhambar e sacudir, e por isto é escola, porque é capaz de sacudir. O aluno digital, desorientado e visível se instalou para desinstalar-se. Exatamente ou equivocadamente como foi anunciado, a Era ultra pós-moderna desatualiza-se, de segundo em segundo. Nada do que é científico é confiável, visto que a ciência nunca foi normal: ela surta a cada descoberta. O cérebro global tem convulsões por excesso de informações, mas, principalmente por excesso de barulho. Tudo ficou barulhento, acima da capacidade humana: a mídia, a escola, os mercados, as igrejas... Encurtou-se o espaço para reflexões.
O mundo evoluiu. Evoluiu? A ferocidade da expansão da tecnologia, tão audaz e sedutora, não produziu, de imediato, efeitos colaterais sociais visíveis. O homem, em ritmo de tartaruga foi se deixando levar pela máquina, em aceleração máxima, para onde ela quisesse. Poucos tinham acesso à modernidade, todavia, a ciência deu um salto significativo e induziu o homem a uma profunda revolução de consciência. A noção de eternidade ficou muito clara. A Era on line vai empurrando todas as eras para um kit de sobrevivência onde se armazena tudo o que já era. O educador deve estar "ligado", informado, atualizado - atualizado? Porque senão, ele também já era.
Quando um menino hoje senta no banco de uma escola, ele não quer saber quem descobriu o Brasil - até porque ninguém sabe. Ele quer saber quem vai ajudá-lo a descobrir-se. Ele não quer saber somente o valor de X, ele tem a maior ansiedade de descobrir o valor dele mesmo. Ele quer aprender a viver e a conviver. Ele precisa aprender sobre o valor do ser humano e assim amar a Deus e todo o Universo. O menino implora para aprender a ler a e i o u na cartilha da preservação do Planeta. É tão simples e tão complexo. Ele quer aprender a comunicar-se, porque conectado já está.
A menor distância entre duas pessoas não é a senha, é a percepção plena de si mesmo, continuação do outro. "É o riso e a lágrima e, às vezes, há determinados momentos onde o riso e a lágrima transcorrem ao mesmo tempo". Carl Gustav Jung (1875-1961), chamaria de "momentos luminosos que constelam a luz e a sombra".
Vive-se na Era da luz e dos apagões. O educador ensina a acender a luz, melhor se ele for luz, como Jesus se apresenta: "Eu sou a luz do mundo..." quem o segue (twiter) não ficará em trevas, sem conexão.

Ivone Boechat

 

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