Tudo começou por causa de certa curiosidade e diversão descompromissada... Sim, não havia nela nenhuma intenção de nada sério, apenas brincadeira picante... Ela gostava desses momentos, provocar sem tocar, usar as palavras para fazer sentir... Algumas vezes, uma imagem ou outra, mas sempre a imaginação, a mente...
Eles se encontraram num local engraçado, Foursquare, improvável, rápido, mas foi assim que ele chamou sua atenção. Ela gostou da foto que ele usava no perfil. Tinha um quê de selvagem, poderoso, indomável. Seria ele assim? Ela sabia que a foto não era dele... ou talvez fosse.. riu... Ele puxou conversa com ela num check in que ela fez, escreveu em turco, ela respondeu em inglês... disse que não conseguia aprender aquele idioma... Ele disse que estava disposto a ensiná-la... Por isso ela passou a chamá-lo de professor...
Ela tentou aproximação, ele recuou, ela percebeu um relacionamento entre ele e outra mulher. Ficou quieta. De tempos em tempos ele curtia um de sues check ins. Ela raramente curtia os dele. Seguia-os, mas não tomava nenhuma atitude. Ele tinha algo estranho, ela não sabia o que... intimidatório, era isso... ele a intimidava apenas com as poucas palavras que haviam trocado.
Num dos check ins, ela ousou brincar com ele... ele aceitou por um pouco, mas depois disse que era melhor parar ali. De repente ele surge no Whatsapp dela... Eles começam uma confusa conversa. Ela descobre que ele não fala inglês, ou diz que não fala, fica aquela comunicação truncada de tradutor...
Ele a provoca, ela aceita, e o jogo do sexo virtual começa... As palavras que ela escreve sempre provocam sensações, emoções, ereções... ela sabe disso e escreve com toda sua imaginação... Ele aceita, e vão navegando nesse confuso e divertido mundo do faz de conta...
Isso se repete outro dia, ele a procura, outras vezes, mas ela estava indisponível... Até que, finalmente, na quarta-feira algo acontece... Ele começa a falar com ela como se fosse um inquisidor, policial, sabe-se lá.. Ele pergunta, questiona, passa a analisá-la. Fala do ego dela, da necessidade de chamar atenção, das provocações que faz com seus check ins estranhos: no chuveiro, na cama... o que ela pretende com isso, ele pergunta? Ela vai ouvindo, respondendo, argumentando... explicando que a opinião dos outros não interessa, que ela apenas quer ser livre, acha essa coisa de sexo uma hipocrisia.. mas ele fala, fala, longas frases e parágrafos, pouco a pouco ela sente algo estranho acontecer... A energia dela está sendo sugada, ele parece ser alguém mau, com maldade na alma... Em dado momento ela responde a uma de suas perguntas e ele diz que se ela estivesse ali ele bateria nela, só para ela aprender. Ela diz que se ele batesse nela ela o mataria..
A coisa vai ficando de uma intensidade impossível, acentuada pelo problema de idiomas. Eles falam, argumentam, brigam. Ele a ofende constantemente, ela não sabe por que continua a responder. A conversa começara às 22h32... Era quase 6 horas da manhã e ela continuava.., Ele a impediu de dormir à noite toda, ela estava doente, muito... a febre alta a consumia agora... Ele continuava a insistir... ele a puxava... Ele queria acabar com aquilo e não sabia como... Ele o fez por ela...
O resto do dia ela se sentiu doente... A febre chegou aos 40 graus de novo, o corpo doía, a mente doía, os olhos mal conseguiam ficar aberto... ela flutuava... Deitou por volta das 2 da tarde e dormiu até o dia seguinte às sete da manhã... Acordou diferente... sentia a presença dele ali.. Isso a assustava.. Os olhos avermelhados que na foto do Whatsapp a perseguiam... Ele era um homem mau.. realmente mau...
(Diário de Uma Mulher)
