A melhor idade prefere os menores municípios

Com a realização da Copa do Mundo em 2014 no Brasil, as projeções para o turismo nacional são bastante positivas. De acordo com dados atuais do Ministério do Turismo, estima-se que sejam gerados 2 milhões de empregos formais e informais entre 2010 a 2014.

Estes números são bastante animadores para quem trabalha na área, mas sabe-se que as pequenas cidades, localizadas no interior dos Estados e que vivem do turismo, serão pouco beneficiadas. Algumas delas terão a oportunidade de recepcionar as equipes de outros países para que possam realizar seus treinamentos. Mas a grande maioria não.

Tomando como base essa situação, concluímos que, para manter o desenvolvimento e garantir o crescimento do setor nos pequenos municípios, é preciso aproveitar as oportunidades que o mercado interno oferece. E a atividade que mais vem ganhando destaque é o turismo para a terceira idade, que teve um grande crescimento depois da criação do Programa Viaja Mais – Melhor Idade, do Governo Federal. Esse programa proporciona aos aposentados, pensionistas e pessoas com mais de 60 anos em geral, facilidades, como pacotes de viagens específicos, preços mais baixos que os de mercado e juros menores na hora de parcelar o pagamento.

De acordo com o censo do IBGE de 2000, no Brasil havia 14,5 milhões de pessoas com mais de 60 anos, o que representava 8,6% da população. Já em 2002 este número saltou para 9,3% da população, o que significa 16 milhões de idosos. Para a Organização das Nações Unidas (ONU), em 2050 a terceira idade representará 23% da população brasileira. Calcula-se que cerca de 20% do turismo doméstico é realizado por pessoas com mais de 60 anos. Isso representa cerca de 9 milhões de pessoas.

Estes são números que nós, que trabalhamos com o turismo nos pequenos municípios do país, devemos nos animar. São eles que nos abrem uma grande oportunidade e garantem o desenvolvimento do setor, principalmente na baixa temporada. Os idosos, que até pouco tempo atrás eram menosprezados pelo mercado, hoje aparecem como consumidores potenciais devido à estabilidade econômica e ao tempo livre de que dispõem.

Um público exigente e que preza o conforto e o sossego opta por viagens mais curtas, de um dia. Essas pessoas viajam em grupos e sua preferência é por cidades menores, onde podem fazer caminhadas. Suas atividades, normalmente, são voltadas para a cultura e o lazer. É um público que aprecia as feiras artesanais, museus, manter o contato com a natureza e passear nos bosques e parques, porque estimula a atividade física e os cuidados com a saúde.

O crescimento do turismo para a terceira idade não é resultado de ações de marketing ou de pacotes de viagens formatados para este público. Isso é conseqüência. Também não está relacionado à Copa de 2014. Ocorre que, com o aumento da renda, os idosos no Brasil descobriram, como acontece nos países desenvolvidos, que viajar e se divertir significa qualidade de vida. É isso o que vem fazendo o turismo para a terceira idade ganhar destaque.

(*) Secretária de Turismo de São Pedro, interior de São Paulo.

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