Ao somar-se à ambrósia, a temporada de
alergias começa em princípios de março e pode se estender até outubro. "As
temperaturas mais altas aumentaram o período de floração de todas estas plantas,
piorando as afecções alérgicas de milhões de pessoas", disse Duemmel. A
proliferação da ambrósia é preocupante "porque uma única árvore pode produzir
até um bilhão de partículas de pólen que, com a ajuda do vento, chegam a se
espalhar por centenas de quilômetros", acrescentou.
"Temos de frear isto,
porque a planta produz um dos polens mais alérgicos que se conhece", afirmou à
IPS o biólogo Stefan Nawrath, especialista em ambrósia do Instituto para a
Ecologia, a Evolução e a Diversidade, da Universidade de Frankfurt, 450
quilômetros ao sul de Berlim. "Dez grãos de pólen de ambrósia por metro cúbico
de ar são suficientes para causar dores de cabeça, rinite e inclusive asma",
acrescentou. O estatal Instituto Julius Kühn para a pesquisa em botânica
informou que a ambrósia é "a planta da América do Norte que mais causa
alergia";.
Em uma pesquisa, o Instituto afirma que, "devido ao seu
florescimento tardio, é infértil em regiões mais frias do mundo, e, portanto não
pode proliferar". Devido às altas temperaturas associadas à mudança climática,
"é importante pesquisar quais condições climáticas tornam possível a
fertilização das sementes de ambrósia", acrescenta. Estas preocupações
sanitárias são tão sérias que várias agências de salubridade da Alemanha
aprovaram um plano para exterminar a ambrósia. Em algumas regiões da França e da
Itália, pelo menos 12% da população são alérgicos ao pólen da ambrósia. Além
disso, "pode ser uma praga para a agricultura, porque reduzi a produtividade dos
campos", explicou Nawrath à IPS. Na Alemanha, a incidência de alergias causadas
pela mudança climática aumentou acentuadamente desde o
pós-guerra.
Informes oficiais indicam que a porcentagem da população do
ocidente da Alemanha que sofre da febre do feno ou de outras formas de polinosis
passou de 20% entre os nascidos no período de 1942 a 1951, para 27% entre os
nascidos de 1962 a 1971. a Sociedade Alemã de Alergologia e Imunologia vai mais
além, pois estima que atualmente um terço da população do país sofre alguma
forma de alergia. Em seu "Livro branco sobre alergias na Alemanha", a entidade
afirma que estas enfermidades "aumentaram drasticamente nos últimos anos. Agora,
as mortes causadas por asma alérgica são mais numerosas do que as causadas por
acidentes de trânsito".
O aumento está necessariamente vinculado às
mudanças no meio ambiente, disse Heidrun Behrendt, diretora de pesquisas sobre
alergia e imunologia na Universidade Técnica de Munique, 500 quilômetros a
sudeste de Berlim. "A predisposição genética às alergias não pode crescer
substancialmente dentro de uma determinada população. Portanto, temos que buscar
explicações para o aumento das doenças alérgicas nas mudanças ambientais", disse
Behrendt em uma entrevista.
A especialista e sua equipe de pesquisadores
descobriram que os sinalizadores celulares lipido-dependentes do pólen
(conhecidos pela sigla alemã Palms) desencadeiam a doença ao provocar a
interação entre o pólen alérgico e partículas químicas contaminantes presentes
no ar, como as emitidas pelos meios de transporte. "Pudemos demonstrar que os
grãos de pólen e os contaminantes do ar liberam Palms, e isso explica o aumento
das alergias", disse Behrendt. Segundo o estudo, os Palms ativam as células
infectadas e eliminam as células que permitem a imunização do organismo humano,
abrindo caminho para as alergias. Isto explicaria o motivo de muitas pessoas
sofrerem mais alergias em zonas de muita contaminação do ar, sejam aéreas com um
intenso trânsito de veículos ou próximas de indústrias químicas.
(IPS/Envolverde)
(Envolverde/IPS)
- Por Julio Godoy, da IPS