A saúde do Brasil e a contribuição de São Paulo

Metade dos transplantes de órgãos do país é feita em hospitais paulistas, que recebem, a cada 30 minutos, pacientes de outros Estados

O mecânico Willian Marques da Silva, morador de Extrema (MG), ficou internado no Instituto do Coração (InCor) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP por cinco meses. Passou por um bem-sucedido transplante de coração. Casou-se na UTI e recebeu alta.
As irmãs siamesas Ana Clara e Anne Vitória viajaram 3.000 quilômetros de Alto do Rodrigues (RN) para, aos sete meses de vida, serem separadas durante cirurgia complexa realizada em abril no Instituto da Criança do mesmo hospital.
Essas duas histórias são emblemas da contribuição inequívoca do Sistema Único de Saúde (SUS) de São Paulo para a saúde pública de todo o Brasil.
A cada 30 minutos, em média, um paciente de outro Estado é internado em hospitais públicos paulistas.
O programa nacional de combate à Aids, referência para a OMS (Organização Mundial de Saúde), nasceu em São Paulo.
Quase metade dos transplantes de órgãos de todo o país é feita em hospitais paulistas.
Os índices paulistas de mortalidade infantil e gravidez na adolescência, entre os menores do Brasil, ajudam a puxar para baixo os indicadores nacionais.
Como médico, professor da FMUSP e técnico da área, habitando o quadrilátero do complexo do HC há 40 anos, aceitei com entusiasmo a missão confiada pelo governador Geraldo Alckmin de comandar a saúde do Estado de São Paulo. Posso afirmar que avançamos de forma consistente.
Além da entrega de três novos hospitais estaduais e 14 AMEs (Ambulatórios Médicos de Especialidades), implantamos um modelo inovador de PPPs (parcerias público-privadas) para a construção de novos serviços hospitalares, logística e distribuição de medicamentos.
Promovemos a política de regionalização da saúde. Atacamos a questão da dependência química. Desenvolvemos uma política de investimentos e modernização dos hospitais universitários.
Estendemos os investimentos aos hospitais da administração direta com aporte de recursos que superam R$ 600 milhões. Iniciamos a implantação da Rede Hebe Camargo de Combate ao Câncer.
Obtivemos a aprovação da carreira médica, beneficiando milhares de profissionais da rede estadual com uma política de remuneração mais justa e compatível com o mercado.
Desenvolvemos um modelo inovador de informatização, incluindo um prontuário eletrônico unificado inédito, que permitirá acesso imediato ao histórico de atendimentos dos pacientes de qualquer unidade.
No Instituto Butantan, erguemos um prédio de coleções com sistema de segurança máxima contra incêndios. Finalizamos o processo de transferência de tecnologia da vacina contra a gripe. Demos o pontapé para a produção da vacina contra o HPV em projeto desenvolvido com o Ministério da Saúde. E obtivemos autorização para a segunda fase da pesquisa da vacina contra a dengue.
As necessidades do SUS são dinâmicas e sempre urgentes. Desafios persistem, em particular o subfinanciamento, a situação pré-falimentar das Santas Casas e entidades filantrópicas e a judicialização que desvia recursos dos mais carentes para a camada mais rica da população.
Caminhamos até aqui convictos da missão cumprida. A Faculdade de Medicina da USP continuará, como sempre esteve, à disposição para contribuir com a saúde pública de São Paulo e de todo o Brasil.

GIOVANNI GUIDO CERRI, 59, é diretor da Faculdade de Medicina da USP e presidente dos conselhos deliberativos do Hospital das Clínicas e do Instituto do Câncer Octavio Frias de Oliveira. Deixa o cargo de secretário de Estado da Saúde de São Paulo no dia 4
Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo. Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.

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