Os Tavares, os Silvas, os Almeidas, os Pratas
e a HISTÓRIA DE MACAÉ.

José Milbs de Lacerda Gama


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CAPELINHA E PACIÊNCIA

Capelinha bailava nos meus sonhos infantis de uma maneira bela, afetiva , amada. Sabia detalhar até suas frondosas árvores tão deliciosamente descritas pelo meu avô. Emilio era Irmão mais velho de uma grande prole.Tinha ele os irmãos Ló, Leôncio e Bernardo Tavares todos nascidos em Capelinha do Amparo e Paciência no final dos anos l970 e inicio de l800.

Ló teve uma filha de nome Landa que deu origem ao ramo da família de Juquinha Caetano e Bernardo que era pai de Adelina Silva Tavares conhecida na família por tia Santa/. Santa, como Nhasinha filha de Emílio. ficaram marcadas pela sutileza e pela bondade que delas irradiavam.

Santa , nos anos de l913 foi uma das primeiras educadoras de Macaé ali, na região da ponte que vai para a Barra do rio Macaé, bem perto onde dona Maria tinha uma peixaria e dona Honorina lecionava piano. Havia ali, uma escola, única da região. Tia Santa ministrava aulas .

Era um lindo local banhado pelo fresco e límpido rio Macaé onde o mar, a uns 500 metros de distância vinha beijar suas entranhas numa Pororoca bravia e livre.O Ronco da Pororoca, no seu encontro com o Mar, onde hoje temos o Mercado Municpal, fazia tremer os poucos moradores da região da Barra do Rio Macaé e o que é hoje o centro da cidade. Alguns casebres de pau a pica formava este horizonte universalmente belo desta cidade de passado genuinamente macaense e nativo. Ainda não tinha chegado o "segundo time da monarquia" representado por portugueses, espanhóes e grande latifundiários ligados a corte em ruinas...

A PRECATÓRIA DE MOTA COQUEIRO

Ainda foi Ruy Pinto da Silva, filho de Luiz "Lulu" Silva, que relata a Precatória distribuída para prisão de Mota Coqueiro. Passou pelas mãos de seu avó, um dos pilares dos Silvas, quando chegou no sítio deles alguns cavaleiros pedindo água ou alimentos.

Um homem chamou atenção por estar com um pano enrolado na face em forma de contusão ou ferida. Desconfiado o velho Silva pediu que ele retirasse o pano e viu a marca de um chamuscado, era relatado como sinal que tinha o procurado.

Mota foi preso, fugiu da cadeia e foi recapturado no sul do Estado. Segundo Ruy este relato foi feito de pai para filho o que corresponde a fato verídico. O chamusco em Mota era uma verdade crua de sua participação no assassinato que lhe deu a condenação.

Ultimamente Ruy tem andado triste. Me confidenciou sobre a venda da casa que ele e Carmem construíram na rua Francisco Portela. Nos seus 90 anos deixou cair algumas lagrimas. Poucas vezes um Índio Urutu se deixa flagrar no sentimento e nas lágrimas. Ruy estava abrindo seu coração e falava da tristeza de ter que deixar a casa que tem, em cada canto de sua dimensão territorial, o seu dedo de mestre em jardinagem. Talita sua irmã e Edson seu sobrinho me confirmaram as mágoas do velho Ruy. O casamento de Edson com Beth veio trazer a beleza de novos seres que habitam a nossa Praia Campista. Beth é mestre em Reiki e faz de sua existência uma maneira sublime de ajudar o próximo.


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