Os Tavares, os Silvas, os Almeidas, os Pratas
e a HISTÓRIA DE MACAÉ.

José Milbs de Lacerda Gama


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A RUA DO MEIO

Sempre, nos primeiros dias de maio ou final de abril, o cheiro vindo do mar esverdeado de Imbetiba, trazia para a cidade as essências do nosso mar em ressaca belamente maravilhosa e virgens

As ruas do Meio, "Rua da Poça", "Sacramento" e "Igualdade" recebiam o final das ondas que se repousavam em frente as nossas casas e quintais. Morriam também as ondas trazendo pedras brancas e conchas nativamente puras que eram como presentes para uma criançada alegre e viril que as buscavam em revoadas matinais.

"Estrelas do Mar" de todos os tamanhos eram apanhadas onde hoje tem algumas casas de Atendimentos Médicos na Rua Dr. Bueno. Tinha conchas em frente da casa onde morou Cláudio Moacyr na Luiz Belegard, no quintal de Otinho, Piry Reis, Paulinho e Costinha na Rua da Igualdade e. em frente a casa onde morava Boca de Bagre e Zé Puleiro na Rua do Sacramento.

Existe quem afirme, como "Zequinha" Andrade e "Juca" irmão de "Braulinho" que as conchas eram encontradas até na Lyra dos conspiradores.

O corre-corre infantilizado pelo sabor das conquistas, tinha a conotação da beleza. Quando se via, ao longo das finalizadas ondas que, moribundas, iam se aconchegar nas Campinas da inexistente calçada destas ruas, As Estrelas do Mar, ainda vivas com seu cheiro de maresia, eram disputadas por toda a criançada. Estas Estrelas, assim como as grandes conchas e as pedras brancas tinham o saboramento do belo achado. Quem corria mais, tinha o privilegia de pegar o tesouro. As crianças menores, usavam a respeitada frase do "È minha que eu vi primeiro" e eram atendidas. Havia um códico entre os adultos de respeito ao "Minha que vi primeiro" e, ai de quem fugisse a este respeitativo junto a uma criança.

Vi muito marjando passar lindas e grandiosas Estrela do Mar para alguns menininhos no grito de "È minha, que eu vi primeiro.

O vento que batia nas nossas faces infantis fazia tremular os encarolados de nossos cabelos que se misturam a areia fina vindas com o frescor da maresia que exalava natureza. As ondas se encontravam com as que voltavam. A onda que vinha, trazia o branco que somente uma tela podia expressar. A onda que voltava, ia meia amarelada porque ia misturada com o lindo amarelo das areias grossas que se renovava com e brilho das que vinham do fundo do mar em ressaca.

As pequeninas monazíticas davam o colorido negro que transformava esta beleza anual na mais linda e pura representação da Praia de Imbetiba de infâncias eternas.

A Renovação da areia era a forma natural que a natureza encontrava para levar ao fundo do mar as que foram pisoteadas e usadas pela população no verão que se ia . Trazia as novas areias brilhantemente acompanhadas por centenas de conchas, estrelas do mar, caracóis e pedras brilhantes. Os raios de sol que, timidamente rompiam as nuvens negras do mês de maio, formavam filetes que faziam reluzir a mais pura representação do mar na linda e sonhadora Praia de Imbetiba.

Neste de 2006 não se renova mais as areias de Imbetiba. Elas estão reprimidas por recifes artificiais que deram ao local um cartão postal diferenciado do divino. Suas belezas foram pisoteadas pela internacionalização do local e sufocadas pelo tambores oleosos que a rodeiam.

Apenas o morro do forte e sua laje ainda recebem o beijo natural das ondas vindas das ilhas.

A espuma branca e o som harmonioso que saia dos encontros das idas e voltas nas correntezas só pode ser sentido e visto na Praia Campista e Cavaleiros. São locais mini-entocados pela destruição na busca do Petróleo

O borbulhar sonoro que nos fazia recordar as Pororocas da rua da Praia ainda repicam nas ondas bravias dos Cavaleiros e Campista. Até quando não sei. No inicio do milênio ainda eram ouvidas e sentidas por quem, como o autor, foi ver a manifestação natural do mar em sua renovação no início de Maio do ano 2006. As areias dos Cavaleiros e Campista ainda podem ser levadas e trazidas para a renovação anual. A de Imbetiba morreu, virou entulho, apodrecida e sem brilho nas cercanias iluminadas por barcos, fluorescentes e gente de língua enrolada . Nhasinha não viu a destruição de Imbetiba nem Emilio seu pai. Que meus filhos e netos não vejam mais praias serem destruidas pela busca de algo que se sabe irá acbar em breve.


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